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Ele é um dos lugares mais misteriosos do mundo, não por sua aparência, mas principalmente por seu suposto habitante. Quem nunca ouviu falar no Monstro de Loch Ness? O primeiro registro sobre uma estranha criatura habitando este lago é muito antigo, datando do ano 565. Naquela ocasião, conta-se que um missionário irlandês estaria atravessando o lago num barco quando foi surpreendido por uma criatura monstruosa. Ao fazer o sinal da cruz, a criatura recuou e mergulhou novamente no lago, sem atacar o missionário. O episódio foi suficiente para criar, daquele dia em diante, todo tipo de contos e superstições sobre Loch Ness e seu misterioso habitante, e ainda hoje, 1500 anos depois, este mistério permanece sem uma boa explicação.

   

Naquele ano voltávamos de uma visita à Inverness, situada no norte da Escócia, e no caminho de volta a estrada margeava Loch Ness, criando um convite totalmente irresistível. Será que nós veríamos o famoso monstro? Melhor ainda, às margens do lago situavam-se as ruínas de um castelo medieval, e mesmo que o monstro não aparecesse, o cenário deslumbrante e a visita ao castelo já seriam bons motivos para uma parada no caminho. Impossível não ver o lago à medida que chegávamos, pois, ao contrário do que imaginávamos, Loch Ness não é um simples laguinho, mas sim um grande volume de água, que pode até mesmo dar aos desavisados a impressão de ser um rio ou uma baía.


 

Foi um escocês que falava um inglês quase impossível de compreender que nos explicou que a palavra Loch é de origem celta e significa o mesmo que Lake, em inglês, ou seja Loch Ness significa simplesmente Lago Ness. Este grande volume de águas escuras e pouca visibilidade é formado por mais de quarenta rios que aqui deságuam, e é somente um dentre as dezenas de lagos existentes nesta região montanhosa.

À primeira vista Loch Nesse parece um lago como qualquer outro, olhando com mais atenção, no entanto, notamos que ele é mesmo, um lago igual a qualquer outro. Suas únicas particularidades consistem em ser o maior volume de água doce da Escócia e estar situado 16 metros acima do nível do mar. Ao lado, foto do gaiteiro escocês que se apresentava na entrada do estacionamento de Loch Ness.

 

Um dos melhores pontos de observação para procurar por Nessie (o nome carinhos dado ao mostro de Loch Ness) é a partir das ruínas do castelo Urquhart, que aparece na imagem ao lado. Aproveite a vista, procure pelo monstro à vontade, mas nem pense em tomar um banho nestas águas, porque elas são incrivelmente geladas. Apesar de muitas histórias e algumas fotos verdadeiramente incríveis, o fato é que a existência de um mostro habitando o lago nunca foi documentada de forma incontestável. Talvez devido ao lago ter quarenta quilômetros de comprimento, quase dois de largura, e em alguns locais chegar a trezentos metros de profundidade, o que não facilita em nada sua observação. 

 

O interesse por Loch Ness e seu monstro tomou um grande impulso em 1934, quando Robert Kenneth Wilson, um respeitável cidadão britânico, divulgou a foto incrível de uma criatura saindo das águas (reprodução ao lado). Essa imagem correu o mundo e chegou a ser considerada a prova definitiva sobre a existência de um animal gigantesco e desconhecido habitando o lago. No entanto, a empolgação durou pouco, pois logo se descobriu que a foto era uma fraude. O monstro havia sido construído com madeira, e instalado em cima de um mini submarino. Mas a descoberta, no lugar de enterrar em definitivo a história do monstro de Loch Ness, acabou encorajando muitas outras pessoas a sair do anonimato e dar testemunhos sobre outras aparições de Nessie. Desde então centenas de pessoas já relataram ter visto em algum momento, um estranho e imenso animal fazer aparições nas águas de Loch Ness.

 

É claro que uma história como essa se presta a diversas interpretações e interesses, desde os comerciais até àqueles que desejam simplesmente aparecer. Neste meio tempo a lenda sobrevive e continua atraindo milhares de turistas ao local. As ruínas do castelo de Urquhart fornecem um dos melhores pontos de observação de Loch Ness. Equipes de jornalistas, fotógrafos, cineastas, cientistas, amadores e profissionais já acamparam aqui por semanas sem conseguir o que seria a prova definitiva de Nessie. Em 1996, Alastair Boyd, pesquisador que afirma já ter visto Nessie com seus próprios olhos, acampou aqui por três semanas, mas não conseguiu nenhuma prova fotográfica. Para seu desespero, no entanto, durante o mesmo período, 16 turistas hospedados no hotel Craigdarroch relataram ter visto alguma coisa muito grande mexendo-se no lago.

 

Uma das teorias consideradas é que o monstro de Loch Ness, se existe, seria um primo distante dos Plessiosauros. Por outro lado cientistas afirmam que seria impossível um remanescente daqueles animais pré-históricos estar vivo até hoje, e morar em Loch Ness. Tim Dinsdale, engenheiro aeronáutico e paranormal, membro do Loch Ness Investigation Bureau, órgão criado especialmente para apurar a verdade sobre o assunto, afirmava já ter visto Nessie, e dizia que o monstro era de fato, de origem pré-histórica e tinha grande semelhança com uma serpente gigante. Mas nunca conseguiu imagens que servissem como evidências de sua teoria.

 

Para os turistas que chegam às ruínas do Urquhart Castle (imagem ao lado), esperando ter a sorte de fotografar, ver ou filmar Nessie, é recomendável muita paciência. Ao lado do castelo existe uma lojinha de souvenires vendendo desde camisas com desenhos de Nessie, até miniaturas, canetas, chaveiros, pratinhos e biscoitos amanteigados na forma do monstro. Mas a verdadeira Nessie (sim, o monstro é do sexo feminino, embora ninguém saiba explicar como isto foi constatado), não gosta muito de aparecer. Chega-se à conclusão que o monstro pode até ser uma lenda, mas o lucro que essa história traz para todos os comerciantes da região é muito real.

 

Ao lado, uma das dezenas de ilustrações existentes sobre Nessie, com sua suposta aparência. Outros afirmam que ela teria na verdade um longo pescoço, mas que a parte de trás do corpo seria formada por uma espécie de casco de tartaruga. Por mais paradoxal que pareça, a maioria absoluta das aparições relatadas de Nessie não ocorreu em dias escuros ou chuvosos, e sim em plena luz e em dias claros. Dizem alguns estudiosos que isto seria explicado pela variação de pressão barométrica no lago, que faz com que em dias chuvosos, os peixes que servem de alimento à Nessie fiquem no fundo do lago. Assim, ela só precisaria vir à superfície para caçar em dias claros.

 

Loch Ness está situado 50 km ao sul da cidade de Inverness, a capital das Highlands. Quando passamos por lá nossa esperança de ver o Monstro de Loch Ness era pequena, admitimos, mas bem que olhamos em todas as direções e esperamos um pouquinho. Afinal de contas, nunca se sabe, Nessie poderia querer aparecer para dois brasileiros... De qualquer forma, lhe desejamos melhor sorte que a nossa quando você for a Loch Ness. Leve uma boa máquina fotográfica pronta para usar e esteja atento. Talvez você tenha a chance de fazer a foto que vai lhe trazer fama, fortuna, e principalmente acabar com este mistério centenário de uma vez por todas. Boa sorte!