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Texas: Logotipo da Route 66

Muitas pessoas se transformam em mito e mesmo depois de não estarem mais entre nós continuam sendo lembradas, veneradas e seguidas, seja por motivos religiosos, filosóficos ou humanitários. Todo mundo sabe disso. Mas e as estradas, podem também se transformar em mitos? Se isto é possível, existe uma, nos Estados Unidos, que conseguiu realizar esta façanha. Mais de oitenta anos após o início de sua construção, semi-abandonada, quase esquecida, substituída por modernas e eficientes auto-estradas com oito pistas, ela sobrevive, tem admiradores e fãs, quase uma seita que continua a cultuá-la e segui-la. Ela é cantada em prosa e verso, celebrada em livros, filmes e seriado de televisão. Ela é amada e nunca esquecida. Ela é a Route 66.

   

A construção da Route 66 aconteceu entre 1933 e 1938 e logo ela se tornou a mais famosa e importante estrada americana. As obras deram trabalho para milhares de trabalhadores de todos os cantos do país e ela foi uma das primeiras estradas do país totalmente pavimentadas. Começava em Chicago e terminava em Los Angeles, cobrindo um percurso de 3.945 quilômetros e o apelido que ganhou já deixava claro sua importância: ´Mother Road´, ou seja, a  ´Estrada Mãe´. Seu traçado visava permitir a interligação de centenas de municípios rurais no interior, lugares que até então viviam isolados, e que a partir de então teriam como se desenvolver. A Route 66 iria interligar o país, unir locais distantes, trazer progresso para a região oeste, servir para escoar a produção rural do interior e abrir caminho para todos que quisessem escapar dos lugares frios do norte e tentar a vida na ensolarada California.


Trajeto da Route 66: Chicago a Los Angeles

 


New Mexico: Logotipo da 66 na pista

Mas porque as pessoas ainda amam a Route 66, se ela é apenas uma antiga e mal conservada faixa de concreto atravessando o país? A verdade é que as pessoas não amam propriamente a estrada, mas sim o que ela representa, o espírito empreendedor da América, a própria alma americana. Ela escancara, para quem a atravessar, o coração deste imenso país, com todas suas belezas, tradições, peculiaridades, manias, curiosidades, bizarrices e facetas. Sem maquiagens nem cenários fake. A Route 66 não tem a ingenuidade da Disney, nem as compras de Miami nem o charme de Hollywood. Ela é a América nua e crua. E ao contrário das modernas auto-estradas onde as milhas se sucedem sempre iguais, frias e impessoais, a Route 66 tem vida própria. Percorrê-la não é um programa para amadores. Esta é uma aventura para turistas profissionais, para aqueles que querem mergulhar fundo na América, e descobrir a mais íntima essência deste país.

 

Mas é bom saber que percorrer a Route 66 é, além de uma aventura marcante, um exercício de paciência e investigação. As vezes a estrada some sem deixar traços. Diversos trechos já foram tomados pela mata, fazendo desaparecer qualquer vestígio da estrada, outros foram sobrepostos pelas pistas das modernas highways com seis ou oito pistas, outros foram incorporador por cidades que cresceram à volta da estrada, e viraram ruas e avenidas, enquanto outros foram abandonados e estão completamente intransitáveis. Mesmo assim o que restou é suficiente para atrair centenas de viajantes dos Estados Unidos e de muitos outros países, que. de carro ou moto, vem até aqui especialmente para percorrer a estrada e mergulhar fundo na cultura americana.


Illinnois: Litchfield Cafe

 


Oklahoma: Metro Diner

Percorrer a 66 é curtir, a cada curva, seus monumentos, cenários, restaurantes, lojinhas, curiosidades e principalmente dezenas de localidades ao longo do caminho. Em quase todo país, principalmente no meio oeste, são encontrados restaurantes ao estilo Diner. Este termo é usado para designar restaurantes pré-fabricados, lembrando um vagão, e que em seu interior geralmente tem um grande balcão de ponta a ponta, com banquinhos redondos em frente e mesas alinhadas ao longo das janelas. Por serem construções simples e baratas, sua instalação se disseminou rápido em todo país, principalmente ao longo de estradas e em cidades do interior.

O Diners se tornaram ícones americanos, famosos por servirem os pratos típicos do dia a dia, o que todos apreciavam, por terem um ambiente informal, quase familiar e por operarem até tarde da noite. Pratos típicos de um Diner são ovos mexidos com salsichas ou bacon, panquecas com syrup, sanduíches com batatas frias e café servido em bolhas de vidro.

Existem Diners grandes e pequenos, famosos e esquecidos, e entre as grandes cadeias de restaurantes fast food de nossos dias, os Diners lutam para continuar a existir e tentam preservar um estilo não somente de "comer fora" mas também um estilo de ser, de uma época em que a América era mais simples e ingênua. Um típico Diner daquele período é mostrado no filme American Grafitti (Loucuras de Verão, em português) de 1973, de George Lucas.Ao lado, o Metro Diner

 

Além de Mother Road, a Route 66 também é conhecida como Will Rogers Highway ou informalmente, como Main Street of America (Avenida Principal dos Estados Unidos). Ainda hoje permanecem como ícones sempre associados à estrada a canção 'Get Your Kicks on Route 66', gravada inicialmente em 1946 por Nat King Cole, e depois por muitos outros artistas, como Chuck Berry, Depeche Mode, Rolling Stones. A canção cita diversas localidades situadas ao longo da estrada e incentiva o viajante a se divertir pelo trajeto da 66 ('get kicks' é uma expressão que significa curtir alguma coisa). Veja a letra da canção na base desta página.


Arizona: Yellow Horse

 


Arizona: Grand Canyon Caverns

 

Na foto acima, uma réplica de forte Apache e acampamento índio, que há mais de cem anos eram muito comuns nesta parte do país.

Ao lado, entrada da Grand Canyon Caverns, em Peach Springs, Arizona. A construção mostrada na foto é o ponto de partida para uma excursão subterrânea por cavernas situadas a sessenta metros abaixo da superfície. A descida é por elevador e o roteiro, feito em cerca de uma hora, é super interessante. Nesta região foram encontrados no passado diversos esqueletos de dinossauros, o que talvez tenha inspirado a decoração incomum colocada bem em frente à entrada das cavernas.

Um dos seriados de televisão mais populares nos anos 60 chamava-se Route 66. Na série, uma dupla de amigos percorria a America sempre através da, claro, US 66. Foi exibido pela rede CBS, estrelado por Martin Milner e George Maharis e a cada semana eles e seu Corvette conversível chegavam a uma cidade diferente, conheciam pessoas diferentes e se metiam em aventuras diferentes. Mais ou menos como todos nós gostaríamos de fazer... A série está disponível em DVD.

 

Não percorremos a Route 66 de ponta a ponta, e para falar a verdade, percorrer a Route 66 não era nem o nosso objetivo principal. Mas em nossas viagens pelos Estados Unidos acabamos cruzando com ela em diversos lugares, em anos, em estados e cidades diferentes, e nestas ocasiões acabamos deixando de lado o roteiro original que tinhamos feito e decidimos simplesmente ser levados pela estrada, e descobrir o que vinha pela frente.

E o que descobrimos foi que a Route 66 vive. Embora a estrada tenha sido oficialmente descartada pelo governo (decommissioned, de acordo com o termo oficial) em junho de 1985, na prática o que se constata é que ninguém fez muito caso deste descarte. Restaurantes, bares, diners, lojas, depósitos, postos de gasolina, hotéis e uma imensa variedade de estabelecimentos ao longo da estrada exibem orgulhosos, em suas fachadas, o logotipo da estrada. É como um atestado de qualidade, um selo de autenticidade, e ao mesmo tempo, um chamariz para turistas ou viajantes. Muitos estão abandonados, muitos estão bombando. Muitos são do período de auge da estrada, muitos são relativamente recentes, mas todos estão na 66. E todos orgulhosos por estar ali.


Oklahoma: Placa em poste de rua

 


New Mexico: Route 66 Diner, em Albuquerque

Fachada do Route 66 Diner, em Albuquerque, New Mexico, um típico restaurante no estilo 'diner' dos anos 50. O menu aqui é ótimo, há desde sanduíches com fritas e super milk shakes até pratos completos. As garçonetes usam roupas tipo anos 50, estão sempre mascando chiclete e cada uma tem um nome de personagens de cinema ou de quadrinhos (Betty Boop, Olivia Palito, etc). Ponha uma moedinha na Juke Box (aquelas antigas máquinas de tocar discos) e escute sua canção preferida: A seleção inclui Only You, Smoke Gets in Your Eyes, e outros hits da época. Evite pedir de sobremesa a torta de maçã, pois a massa parece pedra de tão dura. Fora isto o lugar vale uma visita.

 

Durante a década de 30 e 40, automóveis eram produzidos em série no país, e a indústria automobilística tinha interesse na construção de estradas, para que mais pessoas tivessem facilidades para viajar e conhecer seu país. Carros eram relativamente baratos e quanto mais eram produzidos, mais seu preço caia. Começava a tomar forma o estilo americano de vida sobre rodas. Ao mesmo tempo, os militares americanos também consideravam essencial a construção de estradas para o oeste, como forma de aumentar a mobilidade das tropas em caso de necessidade, pois a segunda guerra já se aproximava. Como o oeste era uma região com grandes extensões desertas, esta parte do país era ideal para a construção de campos de treinamento e manobras. Este pensamento também foi importante para construção de uma estrada tão longa e cara, mesmo para os padrões da época.

Com o surgimento das primeiras estradas atravessando o país, a arquitetura também foi influenciada. Como a maior parte dos motoristas não queria sair da estrada e procurar hotéis nas cidades grandes, começaram a surgir os primeiros motéis e restaurantes à beira de estrada, com seus estilos característicos.


Texas: Placa à beira da estrada

 


Texas: Caddilac Ranch, em Amarillo

Ao lado, imagem de um dos pontos mais surrealistas da Route 66, conhecido como Cadillac Ranch.

Stanley Marsh II, milionário texano amante das artes, certa vez disse: "Para mim, o sonho americano é uma viagem de Cadillac, com uma loira, até as praias da California", e pediu ao grupo de arquitetos experimentalistas The Ant Farm, que criassem uma obra de arte representando este sonho americano.

O resultado foi a obra de arte conhecida como Cadillac Ranch, constituída por 10 Cadillacs diferentes, produzidos entre 1948 e 1964, enterrados no deserto Texano. Eles estão lá há muito tempo, totalmente grafitados e já foram motivos de reportagens diversas em programas de televisão. Situam-se a cerca de cem metros  da Route 66, isolados no meio de um árido terreno sem mais nada em volta.

 

Graças à construção da rota 66 muitas pessoas decidiram abandonar as cidades do norte e começar vida nova nos ensolarados estados do oeste. O turismo na América também começava a crescer. Tudo isso só fazia aumentar o movimento na rota 66. Diversos comerciantes viram no aumento de movimento da estrada uma forma de ganhar dinheiro. Armazéns, postos de gasolina, motéis, mecânicas e pequenas lojinhas começaram a surgir em todo lugar ao longo da rota 66, e foram o núcleo inicial de diversas cidades. Muitos destes prédio ainda podem ser vistos hoje em dia. É bem verdade que alguns estão em ruínas, mas outros foram reformados e sobrevivem muito bem de finanças, graças principalmente ao turismo.


Texas: Posto de gasolina abandonado em Shamrock

 


Texas: Ponto central da 66, em Adrian

Existem diversas associações que visam preservar a Route 66, e sua importância histórica. sendo que a primeira foi fundada no Arizona, em 1987. Em 1990, o estado de Missouri concedeu à 66 o título de 'State Historic Route' (rodovia estadual histórica) e mandou construir um marco comemorativo na cidade de Springfield. Outros marcos surgiram com o tempo, em diversas localidades, assim como marcas pintadas no asfalto com o símbolo da 66, feitas por particulares. Em 1999, o presidente Presidente Bill Clinton assinou um termo autorizando o repasse de 10 milhões de dólares destinados à preservação de monumentos históricos situados ao longo da estrada.

Ao lado, o painel ao lado da estrada indicando que este é exatamente o ponto central da 66, situado na localidade de Adrian, Texas. No local existe um restaurante, batizado como Mid Point Cafe.

 

A maior parte dos comerciantes que montaram seus negócios ao longo da 66 foi bem sucedida, se beneficiando com intenso trânsito da estrada. No entanto, em 1985, após a 66 ter sido removida do sistema nacional de rodovias, perdido suas placas e suprimida dos mapas, a situação financeira de diversas empresas situadas ao longo da estrada mudou drasticamente. Naquele ano ela já havia sido completamente substituída pelo sistema de sistema interestadual de auto-estradas (Interstate Highway System). Após a mudança, o movimento comercial caiu vertiginosamente na estrada e muitos estabelecimentos começaram a ter prejuízo, terminando por fechar. Muitos deles podem ser vistos ainda hoje, muitos anos após terem sido abandonados, como fantasmas de uma época passada.

Enquanto isso, diversos outros estabelecimentos embarcaram na onda de revival da 66, souberam tirar lucro do interesse histórico pela estrada, se modernizaram e ao mesmo tempo mantiveram características arquitetônicas básicas, e agora fazem sucesso entre moradores e turistas, mantendo vivo o espírito daqueles anos. O posto de gasolina mostrado na foto ao lado é um exemplo deste último caso. Localizado em Shamrock, Texas, ficou abandonado durante muito tempo, mas nunca chegou a ser demolido. Felizmente, a empresa de petróleo Conoco o comprou, fez um retrofit no prédio, e atualmente  o Shamrock Gas Sation é uma das construções mais bonitas e famosas da minúscula cidade do interior texano, tendo servido até como inspiração para um dos cenários do filme 'Cars', dos estúdios Disney. 

 



Texas: Shamrock gas station

 

 


New Mexico: Lojinha em Gallup

Com a transformação da Route 66, deixando de ser somente uma estrada e transformando-se em monumento histórico nacional, as placas voltaram, não mais como parte do sistema viário nacional, mas agora geralmente com a expressão "Historic Route" (estrada histórica) estampada junto ao logotipo da 66. Alguns de seus trechos mais conservados e ainda transitáveis já são novamente mostrados nos principais mapas e atlas rodoviários do país.

Contribuiu, na época de seu auge, para o intenso tráfego da 66, o fato da rodovia ser quase totalmente plana, o que a tornou uma rota preferencial de caminhões. Durante a grande depressão econômica que atingiu os Estados Unidos, nos anos 30, diversas famílias de agricultores em dificuldades financeiras, principalmente dos estados de Oklahoma, Arkansas, Kansas e Texas, pegaram a 66 rumo à ensolarada California, para tentar reiniciar suas vidas. Somente em 1938 a rodovia ficou completamente asfaltada, fazendo dela a primeira do país a  estar pavimentada de ponta a ponta. Mesmo assim, em certos trechos, como no setor próximo às Black Mountains (região montanhosa próxima à Oatman, Arizona), as curvas eram muitas e os diversos acidentes acabaram dando à 66 o apelido de Bloody 66 (sangrenta 66). 

Ao lado, uma loja de venda de artigos indígenas na cidade de Gallup.

 

A partir dos anos 60, foi pela Route 66 que milhares de turistas em férias passariam a cruzar o país, rumo às praias da California. Diversos pontos ao longo do caminho, como Painted Desert,  Grand Canyon, Meramec Caverns e Meteor Crater foram beneficiados com um incrível aumento do número de visitantes. O comércio também lucrou muito com a 66, para abastecer esta imensa legião de viajantes que percorriam a estrada, e foi no ponto final da Route 66 que surgiu o primeiro restaurante McDonald's, na localidade de San Bernardino, California


Oklahoma: Rua de Oklahoma City

 


Oklahoma: Ann' s Chicken Fry House

A Ann' s Chicken Fry House, onde fizemos a foto ao lado, é um restaurante super agradável, cujo prato principal é, como se pode supor pelo nome, frango frito. Na verdade, frango frito é um prato de imenso sucesso nos Estados Unidos, e redes de restaurantes especializadas são diversas, sendo a mais famosa a KFC (Kentucky Fried Chicken). A decoração do Ann' s Chicken Fry House é toda inspirada na Route 66, e faz a gente se sentir como se tivesse voltado no tempo até os anos 50. Os pratos são enormes e os milkshakes são servidos naqueles copões imensos, como se vê nos filmes da época. Bem em frente, a proprietária colocou um Cadilac rosa e uma antiga bomba de gasolina

 

Esta casa não está levitando, embora pareça. Na verdade ela está sobre rodas. Na cidade de Albuquerque, New Mexico a 66 corta a cidade, e chama-se Central Avenue. Grande parte é ocupada por firmas que vendem casas pré fabricadas, com tudo pronto para morar, inclusive instalações elétricas, hidráulicas e móveis. É só colocar no seu terreno e entrar para morar. Você decide o tipo de casa que quer e eles entregam em qualquer lugar do país. Diversas vezes passamos por caminhões enormes carregando estas casas pela estrada, uma cena bastante surrealista. O vendedor desta empresa que nos atendeu foi super gentil e fez questão de nos mostrar uma delas por dentro em detalhes, mas informou que infelizmente ainda não fazem entregas no Brasil... 


New Mexico: Casas pré-fabricadas em Albuquerque

 


New Mexico: De Anza Motor Lodge, em Albuquerque

A imagem ao lado foi feita no De Anza Motor Lodge, hotel que ficamos na cidade, da primeira vez que visitamos Albuquerque. Havia uma convenção naquela semana fazendo com que nossas primeiras opções de hospedagem estivessem todas lotadas. Por sorte encontramos vaga neste antigo motel, situado numa rua de Albuquerque, por onde passava a Route 66. Era um quarto simples, a torneira do banheiro não funcionava direito, mas na final deu tudo certo.

Em Albuquerque, a 66 atravessa a cidade de ponta a ponta, no sentilo leste-oeste, e é uma de suas mais movimentadas avenidas.

 

Conta-se que Eisenhower, antes de ser presidente dos Estados Unidos, ao servir o exército, passou por uma experiência inesquecível durante manobras no estado de Kansas: Ficou preso com seu batalhão nos pântanos sem ter como avançar. Desde então não esqueceu a importância de boas estradas para a união e segurança de um país. Durante a segunda guerra o governo americano investiu cerca de 70 bilhões de dólares em projetos militares na California, e todas estas indústrias necessitavam de uma via de acesso. A rota 66 passou a ser a principal ligação entre os dois lados do país. 

Ao lado, um dos trechos considerados mais perigosos na estrada, atravessando região montanhosa do Arizona.


Arizona: Trecho entre Oatman e Kingman.

 


New Mexico: Monumento em Tucumcari. 

Monumento à beira da estrada em Tucumcari, New Mexico. Esta é uma daquelas cidades que você entra, percorre algumas ruas, algumas construções e de repente percebe que já está saindo pelo outro lado da cidade. O calor neste dia em Tucumcari era tão grande que nem nos animamos a sair do carro, nossa única parada aqui foi para fazer a foto ao lado.

Estradas como a 66 permitiram o aparecimento dos primeiros campings, para atender às pessoas que viajavam com trailers e procuravam locais confortáveis para passar a noite. Nestes campings os motoristas encontravam banheiros limpos, gasolina, e lavanderias. Um estilo de vida americano sobre rodas surgiu e cresceu graças a estradas como a rota 66.

 

Com o passar do tempo, os trailers e um número cada vez maior de automóveis faziam aumentar ainda mais o movimento nas estradas, e como conseqüência, o turismo, a economia e a produção de automóveis. Era um ciclo que se auto-alimentava. O tráfego constante de pesados caminhões somado ao aumento do número de automóveis começou a sinalizar o saturamento da rota 66. As estradas existentes eram estreitas, com pavimentações cada vez mais deterioradas, e principalmente, não comportavam mais o volume de tráfego. Ao final da 2a guerra o governo americano estava impressionado com as Autobahn, as auto-estradas alemãs. Elas eram um prodígio, e constatou-se que, para ter um sistema rodoviário eficiente nos Estados Unidos, seria preciso fazer algo semelhante. Era o prenúncio do fim da 66.


New Mexico: Rua central de Gallup

 


Oklahoma: Fachada de restaurante

Enquanto a Route 66 ficava cada vez mais deteriorada, um novo conceito de auto-estrada surgia. Deveria unir conforto, velocidade e segurança. Era uma nova revolução em termos de transporte e que traria profundas mudanças na economia e grande desenvolvimento ao país. Isto condenava à morte a rota 66. Na década de 70 praticamente todos os trechos da rota 66 haviam sido substituídos por modernas e largas auto-estradas de 4 ou 6 pistas. Ninguém queria mais viajar por ela se agora podia ir de um lugar a outro com mais velocidade e conforto. Lojas, motéis, postos de gasolina, restaurantes e restaurantes tipo Diner à beira da estrada ficaram sem qualquer movimento e foram obrigados a fechar. Cidades foram abandonadas porque as pessoas não tinham mais trabalho nestes lugares. A América crescia, mas ironicamente, o custo desse crescimento era o abandono de algo que tinha sido essencial ao seu desenvolvimento.

Foi a partir da década de 50, com o início da construção das modernas auto-estradas, que a 66 começou seu período de declínio. Em alguns casos, o trânsito de veículos pesados foi proibido em estradas antigas, como a 66, e até mesmo as placas com o número da estrada foram transferidas para as novas vias. A partir de então tornava-se, em alguns casos, não só proibido transitar pela 66, como também difícil encontrá-la. Isto condenou à morte diversos estabelecimentos construídos à beira da estrada e até mesmo algumas pequenas cidades foram praticamente abandonadas, como Oatman, no Arizona.

No final dos anos 60, a maior parte da 66 já tinha sido substituída pela moderna I-40. Em alguns casos a nova highway corria paralela à antiga 66, mas uma técnica usual na época também era aproveitar as duas pistas da 66 e transformá-las nas pistas de ida da nova highway, construindo então duas novas pistas anexas, para servirem como pistas para o outro sentido. Após o fim oficial da route 66, nenhuma outra estrada assumiu exclusivamente seu lugar. Ao invés disso, foram construídas várias estradas para cumprir este trajeto, como as  Interstate 55 (Chicago a St. Louis), Interstate 44 (até Oklahoma City), Interstate 40 (até Barstow, California) e também as Interstates 15, 210 e 10. Cada uma cobrindo uma região do país e todas iguais. Embora sejam todas excelentes, o que é inegável, as modernas highways também tem seus críticos. E a principal reclamação destas pessoas é que todas estas estradas são iguais. Em todas se anda com segurança, alta velocidade e conforto. Em todas se encontram conveniências, postos de gasolinas, áreas de repouso, atendimento e segurança. E em todas não se vê praticamente nada dos lugares por onde se passa. Elas são estradas construídas para chegar ao destino. Rapidamente. Eficientemente. Não foram construídas para se curtir o caminho.

Como disse certa vez Charles Kuralt, com bom humor: "Graças ao sistema nacional de auto-estradas, agora é possível atravessar os Estados Unidos de ponta a ponta sem ver nada. Vistos de uma auto-estrada, todos os lugares são iguais". E nós acrescentamos: Se você quer conhecer de verdade o interior deste país, esqueça as Highways. Faça todas suas viagens por outras estradas.

Hoje pode-se dizer que a rota 66 ligou a América do passado à América de nossos dias, desenvolvida, industrializada e com um sistema de transportes e malha rodoviária sem igual em nenhum outro país. Mas o que descobrimos de mais importante é que a Route 66 ainda vive. Seja em trechos abandonados ou nos mais movimentados, seja em cafés à beira da estrada ou em inúmeros motéis ou diners, a verdade é que ela é Dura na Queda e continua a fascinar e atrair pessoas de todo o mundo, gente que vem até aqui para reencontrar a magia e o fascínio que esta antiga faixa de concreto continua a exercer na cabeça de meio mundo.


Arizona: Trecho ao norte de Seligman

Letra da canção 'Route 66', clássico gravado por Nat King Cole.  

If you ever plan to motor west,
Travel my way,
Take the highway that is best
Get your kicks on Route 66.

It winds from Chicago to LA,
More than two thousand miles all the way.
Get your kicks on Route 66.

Now you go through Saint Looey
Joplin, Missouri,
and Oklahoma City is mighty pretty.
You see Amarillo,

Gallup, New Mexico,
Flagstaff, Arizona.
Don't forget Winona,
Kingman, Barstow, San Bernandino

Won't you get hip to this timely tip:
When you make that California trip
Get your kicks on Route 66.

Won't you get hip to this timely tip:
When you make that California trip
Get your kicks on Route 66.
Come on in, get your kicks on Route 66.
Get your kicks on Route 66.