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O estado de Georgia traz a mente diversas imagens, todas elas relacionadas ao sul americano. Grandes fazendas, agricultura, campos cobertos de plantações de algodão, a forte cultura trazida pelos escravos vindos da África, suas músicas, histórias e culinária, as grandes embarcações com roda de pás na popa, que cruzavam os rios levando de porto em porto aventureiros, jogadores e dançarinas de nome francês,e que traziam diversão e confusão a cada cidade onde chegavam.

Mas Georgia faz a gente lembrar também de momentos dramáticos da história americana, como a Guerra Civil que dividiu o país e famílias, guerra que no estado da Georgia teve um de seus momentos mais traumáticos e decisivos, como na tomada da capital Atlanta e sua destruição pelo fogo. Parte dessa história está contada no clássico do cinema O Vento Levou, outra parte persiste apenas na lembrança de avós que aprenderam essas histórias com seus avós, e uma outra parte permanece registrada em muitos e muitos livros de história. 

Hoje Atlanta está reconstruída e é uma das cidades mais bonitas e importantes do país. Ao mesmo tempo, as antigas embarcações com rodas de pás, como a ”Georgia Queen – Rainha da Georgia”, da foto acima, ainda percorrem seus rios, não mais para levar jogadores ou dançarinas, mas sim para conduzir turistas, ávidos por descobrir as histórias e atrações do mais importante estado do sul americano, aquela terra com nome de mulher, a sempre fascinante Georgia.

Uma visita a Georgia não poderia deixar de incluir a cidade de Savannah, situada no litoral e primeira cidade do estado. Foi o nobre inglês James Oglethorpe quem decidiu, em 1733, que esta seria a décima terceira e última das colônias inglesas estabelecidas em território americano. O que torna Savannah especial é justamente o fato dela ser completamente diferente de qualquer outro lugar dos Estados Unidos. É uma cidade tipicamente sulista. Todo centro foi preservado ou reconstruído segundo os padrões originais de 1800, e ela ostenta ruas arborizadas, ladeadas por amplos casarões e mansões de madeira, com varandas generosas, escadarias e balcões.

Em termos urbanísticos Savannah também tem uma personalidade muito especial, pois no lugar das tradicionais vias expressas e avenidas com trânsito intenso, o que se vê no centro da cidade é um conjunto de ruas pacatas, intercaladas a cada três ou quatro quadras com praças cobertas por generosas árvores, que além de impedir o trânsito em alta velocidade são um convite para às pessoas percorrerem suas ruas sem pressa, apreciando seus casarões, e de preferência a bordo das conhecidas charretes turísticas. Uma caminhada por Savannah é quase uma volta ao passado, no que ele tem de melhor e mais prazeroso

Entre as principais atrações de Savannah está  a região conhecida como Historic District, que tem cerca de quatro quilômetros quadrados de área, e  onde as construções históricas foram todas preservadas. O efeito é tão bonito que se transformou num dos locais preferidos para cerimônias de casamentos, geralmente realizados nas praças, sob frondosos carvalhos. Outro ponto bom da cidade é para ser percorrido é River Street, rua onde estão situados diversos bares, simpáticos restaurantes e lojas de artigos típicos. E ao caminhar por aqui não deixe de visitar também o Victorian Historic District, onde estão as grandes e ricas mansões de prédios construídas durante o período Vitoriano, que durou de 1865 a 1901. 

Por outro lado, se alguém sentir falta do lado moderno da cidade poderá ir até o Oglethorpe Mall ou Savannah Mall, ambos enormes e situados ao longo da rodovia 20, que conduz até o centro histórico da cidade de Savannah.

Ao lado, uma imagem feita em Tybee Island, ilha a uma curta distância de Savannah. Os faróis, ao longo dos séculos, tem sido de ajuda fundamental à navegação, e num país de litoral tão extenso como os Estados Unidos, eles podem ser encontrados às dezenas, em ambas as costas.

O farol mostrado nesta foto é conhecido como Tybee Island Light Station, e foi construído no início do século XIX. É o terceiro maior farol de Georgia e ainda está em funcionamento. Recuperado há alguns anos, ele agora tem também um museu, loja de souvenir e, para quem tiver disposição de subir seus 178 degraus, uma das vistas mais deslumbrantes do litoral desta região.

Além do litoral cênico, um passeio pelo interior do estado revela também paisagens bucólicas, com matas tranqüilas e riachos cristalinos quase escondidos pelas árvores. Quem gosta de verde e estiver visitando a capital Atlanta basta seguir na direção sul pela estrada I-75, e em cerca de meia hora estará chegando na região da Oconee National Forest, onde estão belas paisagens, trilhas em meio a natureza e muito ar puro. Já quem estiver viajando na direção norte pode visitar a Chattahoochee National Forest, quase na divisa com o estado do Tennessee. Esta é uma região com terrenos montanhosos, e ali está situado o ponto mais alto do estado, o monte Brasstown Bald. O parque conta com  diversas trilhas, lagos e locais para camping. 

 

Old Fort Jackson é um dos locais históricos mais conhecidos de Georgia. É o mais antigo forte de tijolos existente no estado e foi aqui que, após a declaração de independência dos Estados Unidos, o presidente Thomas Jefferson autorizou a construção de um sistema de defesa nacional, como forma de prevenção contra eventuais ataques ingleses. O local escolhido para sua construção foi a entrada do rio Savannah, já que este era um importante ponto estratégico para controlar as embarcações que subiam o rio com destino ao interior da Georgia. 

O nome do forte foi dado em homenagem a James Jackson, nascido na Inglaterra mas que serviu à causa americana de independência, tendo se alistado no exército americano, onde chegou ao posto de coronel, e mais tarde, como civil, ocupou os cargos de senador e governador do estado. Old Fort Jackson não tem mais funções militares e agora funciona somente como atração histórica e turística, onde podem ser vistos uniformes, equipamentos usados pelas tropas e diversos canhões antigos. 

O litoral do estado de Georgia é muito extenso, tem cerca de trezentos quilômetros de extensão, e, como seria de se esperar, conta com muitas localidades turísticas que merecem ser visitadas. Algumas delas são  St. Marys (ao sul), Brunswick (centro) e a própria Savannah (ao norte, quase divisa com o estado de South Carolina).

Embora o tempo nesta região não permita freqüentar a praia o ano inteiro, durante os meses de verão as areias são muito disputadas por turistas locais e de estados vizinhos.

Mas quem curte praias desertas também irá encontrar muitas opções ao longo do litoral, já que a parte central do litoral é em grande parte povoada por pequenas localidades ou áreas ambientais onde a natureza é preservada, como Blackbeard, Wassaw Island e a famosa Cumberland Island National Seashore. 

 

A ponte mostrada na foto ao lado, batizada de Savannah Bridge, é uma das mais famosas do estado, e integra a  auto-estrada 17-25, ligando o norte de Georgia ao estado de South Carolina. For por ali que passamos quando prosseguimos nossa viagem rumo norte. Nesta região o movimento de grandes navios é intenso, muitos deles carregados de containeres,  e que dão um amostra da importância comercial deste porto. 

À esquerda da ponte (não mostrado na foto) situava-se o antigo porto de Savannah, que já foi desativado por não comportar mais os grande cargueiros modernos. A região portuária da cidade foi reformada e agora, abriga diversos bares e simpáticos restaurantes, que nas tardes de fins de semana costumam apresentar música ao vivo. Também aqui pode-se embarcar em passeios fluviais naqueles antigos navios com rodas de pás na popa, ao estilo do mostrado na primeira foto desta página.

O tempo no estado de Georgia varia bastante, desde o forte calor durante o mês de julho até o frio intenso acompanhado de neve, durante os meses de dezembro e janeiro. Uma das épocas mais bonitas nesta região acontece quando a vegetação começa a mudar suas cores, na chegada do outono, e quando elas parecem convidar a gente a fazer fotos de todos lugares que encontra pela frente. As principais cidades do estado são Atlanta, Augusta, Columbus, Savannah, Athens e Macon, e embora Georgia seja mais conhecido como estado agricultural, na parte norte do estado existem muitas indústrias.

 

Assim como em outros estados americanos, percorrer Georgia por uma estrada secundária, é a melhor forma de conhecer intimamente o lugar, e nos permite encontrar pelo caminho algumas curiosidades, coisas divertidas e esquisitices, bem ao estilo americano de ser. Alguns exemplos: o Maior amendoim do mundo (em Ashburn), Estátua de amendoim do ex-presidente Jimmy Carter (em Plains), o maior pêssego do mundo, conhecido como Peachoid (em Gaffney) ou a estátua da vaca gigante Kadie the Cow (Columbus). Pequenas localidades de vida rotineira e metódica, mas que usam da imaginação para se destacar num país onde às vezes tudo parece ser igual.  

 

Outra foto de Savannah, desta vez do prédio do Cotton Exchange Building. Esta construção de tijolos vermelhos foi construída em 1887, e era o ponto mais importante da cidade, na época em que Savannah era o principal porto dos Estados Unidos, graças à exportação de algodão, plantado em suas inúmeras fazendas com a mão de obra dos escravos. A agricultura era a principal atividade econômica desta região e o estado dependia imensamente da mão de obra fornecida pelos escravos. Acabar com a escravidão seria acabar com a economia de Georgia, razão pela qual o estado se opunha ferrenhamente à abolição, o que vinha sendo proposto pelos estados do norte do país.  

Atualmente, o prédio histórico do Cotton Exchange Building é um dos pontos turísticos mais importantes da cidade, e continua a ser lembrado com reverência e orgulho pelos sulistas. A importância da Georgia no plantio do algodão e sua dependência da mão de obra dos escravos foram decisivas na decisão tomada pelos sulistas de separar-se do resto do país no momento em que a abolição foi decretada pelo presidente Lincoln.

Georgia foi um dos estados mais atingidos pela guerra civil americana entre os estado do sul e norte. A principal razão para esta luta foi o inconformismo dos estados sulistas com a abolição da escravidão, decretada pelo presidente Lincoln. O fim da mão de obra dos escravos significava a ruína econômica do estado. No entanto, alguns historiadores dizem que esta foi apenas a gota d'água para dar início à revolução, lembrando que os estados do sul eram há anos oprimidos pelo governo federal com altas taxas e impostos excessivos, enquanto recebiam um tratamento diferenciado dos ricos estados do norte. A união de todos estes fatores teria levado os estados sulistas e decidir pela separação do resto do país, criando a chamada "Confederação dos Estados Americanos".

Decidida a separação, todos os bens da União nos estados do sul foram expropriados, as guarnições militares tomadas, eleito um novo presidente e escolhida nova cidade como capital da nação. Estava deflagrada a guerra entre irmãos. No entanto, hoje é sabido que os estados do sul não teriam condições econômicas de ganhar a guerra. Sem indústrias desenvolvidas como as existentes no norte, as tropas sulistas não tinham munição suficiente, os soldados não tinham roupas adequadas, nem o exército confederado tinha armamentos necessários para garantir sua independência. Nestas condições a derrota do sul foi inevitável. Após quatro anos de guerra (1861 a 1865) Georgia e todos estados do sul foram derrotados e a escravidão foi abolida em todo país, inclusive no sul, levando à completa destruição da economia nesta região.

Como golpe de misericórdia, as tropas do norte destruíram ainda diversas cidades importantes de Georgia, como Atlanta, que foi incendiada. Completamente arrasados, a recuperação dos estados do sul seria lenta e gradual, demorando quase um século para ser efetivada.

Hoje, as areias brancas das praias de Georgia são calmas, sem demonstrar nem uma parcela da agitação e dos combates que varreram o estado durante os quatro anos da guerra civil. Mas, ao contrário de outros estados sulistas, que ainda hoje não conseguiram se recuperar totalmente dos efeitos da guerra, Georgia, pode-se dizer, renasceu e deu a volta por cima. Após ser quase completamente destruído, o estado reinventou-se e foi reconstruído, investindo maciçamente na indústria. Atualmente o estado de Georgia destaca-se como uma das principais economias do país e também como um de seus mais importantes pólos turísticos.

 

Atlanta é a principal cidade do estado, e uma das maiores do país, e seria impossível percorrer o estado sem conhecer sua principal cidade, tão famosa e prestigiada que até os jogos olímpicos já sediou (1996). A capital do histórico sul americano é orgulhosa, dinâmica e sabe com impressionar aos visitantes. Mas por aqui, falar em Sul ainda tem uma conotação não apenas geográfica, mas também política, já que Atlanta foi a capital dos Estados Confederados durante a guerra de secessão de 1861-1865. Ao final do conflito a cidade estava totalmente arrasada, mas fiel ao estilo americano de ser, a Atlanta arrasada pelos incêndios pertence somente aos livros de história. A Atlanta de hoje é grande, agitada, com altos prédios, moderna, com belas residências e cercada  por uma grande malha de auto estradas. E foi aqui que passamos mais tempo ao visitar o estado de Georgia.

 

Leia mais sobre esta cidade na página Atlanta.

 


Bandeira da Georgia