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Albuquerque
é um nome sonoro, típico da região sudoeste dos Estados Unidos e já
estivemos lá duas vezes. Da primeira vez que chegamos à cidade
estávamos com boas expectativas sobre aquele lugar, embora sem saber o
motivo desta sensação. Talvez a razão fosse o nome hispânico,
semelhante à nossa própria língua, o que já nos fazia prenunciar um
lugar acolhedor. Ou talvez mesmo porque já estivéssemos cansados de
atravessar intermináveis estradas pelo deserto, tão comuns no sudoeste
americano, ansiosos para chegar a qualquer lugar, e qualquer nome
soaria bem, desde que fosse um local de chegada acolhedora. |
Mas
na verdade nossas expectativas foram correspondidas e Albuquerque
revelou-se uma cidade gostosa. A primeira visão que se tem da cidade,
para quem chega do sul, pela Interstate 25, são os dois prédios com
topo em forma de ponta de lápis (como dizia a netinha Olivia), os mesmo
que aparecem nesta foto. No fundo, Albuquerque não é exceção às típicas
cidades médias americanas, e também tem um prédio em destaque no
centro, imponente e inteligente, como sempre rodeado por um mar de
subúrbios onde tudo parece ter sido construído usando a mesma forma
utilizada no resto do país. Mas isto não é uma crítica, é apenas uma
constatação. O fato é que a semelhança com culturas latinas começa e
termina no nome.
De resto a cidade é tipicamente
americana, com poucas pessoas nas calçadas e trânsito organizado. O
detalhe que faz mais diferença por aqui é a quantidade de descendentes
indígenas, todos com pele cor de cobre e rostos arredondados. Mas isto
não é de estranhar, afinal Albuquerque, antes de pertencer aos
espanhóis e americanos, era toda um imenso território indígena. |
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Vídeo:
Centro de Albuquerque
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A principal atração da cidade é a região conhecida como Old Town, mas também vale a pena visitar
Indian Pueblo Cultural Center.
Os Pueblos eram as moradias dos habitantes indígenas, e este centro
cultural fornece uma boa visão de sua história e artesanato. Outro bom
lugar para conhecer as tradições locais é o Albuquerque Museum of Art and History, situado na Mountain Road. Já o
National Hispanic Cultural Center of New Mexico
apresenta o legado deixado pela colonização hispânica. E quem quiser
tentar esquecer o calor que faz por aqui e ver muita água, pode ir ao Albuquerque Aquarium
and Rio Grande Botanic Garden, onde há desde túneis de vidro no meio de
imenso aquários repletos de peixes e tubarões, até estufas e jardins
representando a flora típica da região. |
Um
programa que nenhum visitante da cidade pode dispensar é até Sandia
Peak. Esta montanha pedregosa fornece a melhor vista da cidade, e muito
além, até muitos quilômetros em volta. Durante o inverno a
Montanha de Sandia é o mais badalado point para os esquiadores de
Albuquerque e redondezas.
Mas neve não é a única razão
para ir ao Sandia Peak. Mesmo que sua visita não aconteça em temporadas
de esqui, o programa vale a pena, e a razão é seu imenso teleférico. O Sandia Peak Tramway
é o mais extenso teleférico do mundo, e desde a base até a parte de
cima da montanha percorre-se uma jornada de quase 5 km até o cume de
3.090 metros de altitude, raspando pelas rochas e sobrevoando grupos de
animais selvagens. A estação de embarque situa-se na Tramway Road,
situada a nordeste da cidade (junção da I-25 com 556), a vinte
quilômetros do centro.
Video: Sandia Peak Tramway |
Sandia Tramway |
Reprodução de Big Boy, a bomba de Hiroshima |
Que
tal tirar uma foto ao lado de uma bomba atômica? Ao lado está uma
reprodução da Little Boy, a bomba que foi jogada em Hiroshima, em 6 de
agosto de 1945, dando fim à 2a guerra mundial. Estas e outras peças do
gênero, como a bomba Fat Man (a jogada em Nagasaqui), bombardeiros
B-52, B-29, jatos F-105, e uma grande variedade de artefatos do
tempo da guerra fria estão no Museum of Nuclear Science and History para deleite de uns e horror de outros. Felizmente, todos desativados.
Vídeo:
Museum
of Nuclear Science & History |
A
famosa e histórica Route 66 passava exatamente no centro de
Albuquerque, e diversos de seus bares procuram recriar aquela atmosfera
dos anos 50, como o famoso Route 66 Dinner. Os dinners eram
restaurantes, geralmente de arquitetura típica, freqüentemente
art-deco, com longo balcão e banquinhos redondos, muitos tinham
máquinas automáticas para tocar discos operada por moedinhas, e
neles a garotada se reunia para pedir imensos milkshakes e ouvir Bill
Haley and his Comets e outros astros da época. Os dinners agora viraram
lugares Cult e o Route 66 Dinner até colocou no salão a parte da frente
de um autêntico Plymouth dos anos 50. Fazer um lanche no 66 Dinner é super divertido e dá até a sensação de uma viagem de volta no tempo. |
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Albuquerque
é a mais importante cidade do país em termos de balonismo. A razão é
seu clima constante, a altitude da cidade de 1500 metros, tornando o ar
menos denso, e também devido aos grandes espaços abertos e muito sol
desta parte do país. Tudo isso fornece as condições ideais para a
prática do balonismo. Durante o Albuquerque International Balloon Fiesta,
evento com duração de diversos dias, é comum se ver os céus tomados por
centenas de balões de diversas formas e tamanhos, desde as 5 da manhã
até o por do sol. E mesmo durante o resto do ano é comum ver balões
coloridos no céu de Albuquerque, embora em menor quantidade, sendo que
diversos balonistas oferecem vôos turísticos, uma forma diferente
e emocionante de ver Albuquerque de cima. O local de embarque fica no
Fiesta Field, a cinco quilômetros de distância do centro. |
Old
Town é a principal atração turística e histórica de Albuquerque. Aqui a
cidade foi fundada, em 1706. Naquela época ela era somente uma vila
poeirenta situada fim do mundo, que servia de abrigo para colonos e
aventureiros, os quais viviam sempre com um olho nos índios em volta. A
localidade recebeu este nome em homenagem ao Duque de Albuquerque, Vice
Rei da Espanha. Em 1880 os americanos já tinham anexado o território do
New Mexico, e fizeram chegar até aqui o progresso, representado pela
primeira linha de trem, que seguia a caminho do oeste. Daí para a
frente, cada vez mais homens brancos iriam chegar à cidade.
Old Town
conserva as principias características daquela primeira vila, e seu
ponto central, em frente à praça, é a igreja de San Felipe de Neri. Old
Town tem ainda diversas construções típicas, agora quase todas ocupadas
por restaurantes ou lojinhas. O lugar é indicado não somente para
conhecer as origens da cidade, mas também para conhecer a gastronomia
local, de forte influência Mexicana, e encontrar boas peças de
artesanato, onde o destaque são as magníficas tapeçarias indígenas. |
Catedral de Old Town |
Igrejinha em Pueblo próximo à Albuquerque |
Outro
passeio recomendados nos arredores de Albuquerque é visitar os Pueblos.
Estes eram a moradia dos indígenas que habitavam o Novo Mexico, e ainda
existem cerca de vinte no estado. A foto ao lado é de uma igrejinha de Santo Domingo Pueblo,
comunidade situada a cerca de uma hora de Albuquerque. Na verdade, nem
todos os Pueblos são bons de visitar. Alguns já perderam suas
caractersticas arquitetônicas originais e na prática foram
transformados em conjuntos habitacionais totalmente descaracterizados.
Entre os que valem a pena ser visitados destacam-se os Pueblos de Jemez (próximo ao Domingo Pueblo), Acoma (situado num platô de rocha, dispõe de guias e museu) e o mais famoso, o
Taos Pueblo, ao norte de Santa Fé, cerca de noventa minutos de carro de Albuquerque.
Quem dispuser de tempo extra para conhecer as redondezas de Albuquerque deve visitar também
Petroglyph National Monument,
onde foram encontrados diversos objetos pré-históricos. E quem gosta de
caminhadas ao ar livre e não tem medo de enfrentar sol e calor pode
encarar uma das trilhas que percorrem a área, sendo que a mais
acidentada delas, a Mesa Point Trail, conduz ao topo de rochas formada por lava petrificada de onde se tem uma boa vista das inscrições pré-históricas |
Todo
estado do New Mexico era povoado por Apaches e Navajos, e até hoje seus
descendentes moram no estado. Depois, quando os conquistadores
espanhóis chegaram, em 1598, formou-se uma sólida cultura hispânica,
que iria prevalecer até 1846, quando o território foi anexado aos
Estados Unidos. Hoje, o lugar é uma mistura de indígenas, latinos e
americanos. O nome Albuquerque foi dado pelos espanhóis, quando ainda
mandavam no lugar, e permaneceu. Ao lado, imagem de La Placita, mais um dos recantos hispânicos de Old Town que reproduzem a Albuquerque de antes da chegada dos americanos. |
La Placita |
Civic Plaza |
O
centro de Albuquerque situa-se principalmente ao longo da Central
Avenue, a qual, por sua vez, ocupa o mesmo lugar da histórica Route
66. A foto ao lado foi feita da janela de um prédio comercial, e
mostra a Civic Plaza, coração da cidade. Ao redor estão a prefeitura,
delegacia de polícia, palácio de justiça e outros prédios públicos
importantes. O lago que aparece na foto, em baixo à direita, tem
cascatas artificiais e é um bom ponto para fotos. O melhores shoppings
para compras em Albuquerque são o Coronado Center (Menaul Boulevard),
Cottonwood Mall (Coors Boulevard). |
Mais
uma foto tirada em Old Town, ao lado de uma construção em estilo
hispânico. Se tiver um tempinho extra, você ainda pode visitar o American International Rattlesnake Museum,
museu dedicado a algo muito freqüente nos desertos do New Mexico:
Cobras. Mas caso isto não lhe interesse muito, fique por aqui
mesmo e aproveite para zanzar por estas lojinhas e procurar por colares
e pulseiras indígenas, feitas com coloridas pedras semi-preciosas, e
que costumam fazer o maior sucesso como lembranças ou presentes. |
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Vista noturna de Albuquerque |
Lembramos
de Albuquerque com carinho, e as duas visitas que fizemos à cidade nos
deixaram boas lembranças. O clima muito quente (era setembro), de certa
forma, também contribuia para nos fazia sentir em casa. Fora isso a
verdade é que, estando situada numa região inóspita do país, onde as
distâncias são longas e os desertos muitos, ela não é um dos principais
pólos turísticos dos Estados Unidos, e destaca-se neste cenário
principalmente em função de sua Ballon Fiesta, em convenções, a
serviço, ou entre aqueles que durante o inverno procuram lugares mais
quentes para as férias. Mesmo assim, se você está de carro, como era
nosso caso nas duas ocasiões, percorrendo o sudoeste americano, e
pretende atravessar o estado de New Mexico, seria uma injustiça não
permanecer em Albuquerque ao menos um ou dois dias. Com certeza você
vai gostar. |
Ilustração Indígena
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