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Situada no extremo noroeste do país, numa região de clima rigoroso, aparentemente longe de tudo, a cidade de Seattle poderia até ser um daqueles lugares que ficou para trás, que perdeu o bonde do desenvolvimento e não tem atrativos turísticos, interesses comerciais ou vida cultura. Ha há! Seattle é uma cidade surpreendentemente dinâmica, repleta de atrações, sedia gigantescas empresas multinacionais e oferece aos turistas programas variados, em qualquer época do ano. Por isso, logo que chegamos lá percebemos que três dias seriam muito pouco para conhecer melhor a capital grunge, também conhecida como Cidade das Esmeraldas. 

   

A principal atração turística de Seattle domina todas as fotografias panorâmicas da cidade. É a Space Needle, torre construída em 1962 para a feira mundial que a cidade sediou naquele ano. Com 184 metros de altura (equivalentes a um prédio de 61 andares), ela está situada ao norte do centro, e oferece aos visitantes um terraço panorâmico e restaurante.

A foto acima e ao lado mostram diferentes ângulos da Space Needle. Em seu interior, um rápido elevador com paredes de vidro nos leva à plataforma superior em somente 41 segundos, durante os quais o ascensorista faz um relato sucinto e rigorosamente cronometrado da história da construção da torre e das suas atrações. Depois que a pressão do ouvido volta ao normal temos a nossa frente uma vista deslumbrante. Tão popular é esta torre em Seattle, que já foi escolhida como local para inúmeras cerimônias de casamento e até mesmo para saltos com pára-quedas.

 

Imagem feita a partir do mirante de observação da Space Needle. A torre tem um mirante fechado com vidros, ideal para dias muito ventosos, e outro ao ar livre, dotado de lunetas voltadas para a cidade. De lá se pode ver Elliot Bay, a oeste; o centro da cidade e seus grandes prédios, ao sul; colinas cobertas de residências, ao norte; e a movimentada auto-estrada I5 e mais além Capitol Hill e Madrona Park à leste.

Do alto da torre também podemos ter uma boa idéia da forma como Seattle de espalha entre colinas, lagos e a disposição dos bairros. Entre os mais agradáveis e que merecem uma visita mais de perto estão Queen Anne, Fremont e Greenlake. Outra atraente região é International District, com forte influência oriental, e por isso ideal para quem aprecia a culinária asiática. Entre os pontos nobres da cidade destaca-se Capitol Hill, famoso pelas belas residências.

Foto do centro de Seattle, também clicada da Space Needle. A distância entre a base da torre e o centro é de cerca de dois quilômetros, e a melhor forma de vencer esta distância é embarcando no Monorail, o trenzinho que faz a ligação expressa entre os dois pontos da cidade. Reparou na foto ao lado a linha reta que segue na direção do centro? São os trilhos elevados do monorail. A partida é a cada cinco minutos e o trajeto entre os dois extremos leva somente cinco minutos.

A estação de chegada no centro é no terceiro andar de uma das melhores galerias da cidade, com excelente variedade de lojas comerciais, cafés e restaurantes. Ao sair deste prédio, esquina das avenidas Olive e 5th, você está no coração de Seattle. A impressão inicial que a cidade causa aos novos visitantes costuma ser boa, graças às largas avenidas, áreas arborizadas e imponentes prédios comerciais de arquitetura arrojada.

Quem tiver pouco tempo para percorrer a região central, pode optar pelos passeios a bordo do Explore Seattle, um ônibus turístico que faz um looping de 50 km pelas principais atrações centrais, incluindo Pike Place Market, Fisherman's Terminal, Queen Anne Hill, Waterfront, Old Seattle e Chinatown.

 

Vista da cidade feita a partir da cabine do condutor do Monorail, quando se dirigia ao centro. O coração de Seattle situa-se entre o cais, a 5th Ave, as avenidas Madison e Olive, onde estão as grandes lojas de departamento e o melhor do comércio. Praticamente todas as atrações centrais podem ser atingidas a pé. Comece pelo Pacific Science Center (200 Second Avenue North), um conjunto de cinco prédios onde sempre estão ótimas exposições científicas, e que ainda conta com planetário, dois cinemas IMAX e um inédito viveiro de borboletas tropicais.

Depois vá até o cais de Elliot Bay, na região conhecida como Waterfront, que compõe um eclético ambiente onde podem ser encontrados desde rebocadores e ferries até bares e lojas de curiosidades. Este é o local ideal para embarcar num dos passeios que cruzam os lagos próximos a Seattle, ou então no bondinho que segue em marcha lenta desde o Pier 70 até o aquário da cidade. Ou então simplesmente siga a pé pelo calçadão, parando na simpática lojinha Ye Olde Curiosity Shop e depois Chinatown, o bairro chinês.

 

Ao lado, esquina da Union com 4th, onde paramos aqui para fazer um lanche no McDonalds. Eis que de repente apareceu um brasileiro feliz da vida por encontrar alguém que também falasse português. Ele nos contou que estava morando em Seattle há três meses, e durante todo esse tempo não tinha encontrado ninguém para matar a saudade da nossa língua. Contou também que seu filho trabalha com informática e foi contratado pela Microsoft para trabalhar na sede da empresa. Você sabia que a sede da poderosa Microsoft fica aqui em Seattle? A empresa fundada por Bill Gates tem como política recrutar os melhores profissionais que encontra, em diversos países do mundo, para trabalhar no desenvolvimento de novos softwares.

 

Outra empresa famosa que você certamente já ouvir falar é a Boeing. A sede e fábrica desta gigante da aeronáutica ficam em Seattle, e lá visitantes podem conhecer o prédio de maior cobertura do mundo, que serve como hangar para os modelos 777, 767 e 747. A visita à fábrica da Boeing permite ainda conhecer a gigantesca linha de montagem destes aviões. Quem gosta do assunto pode conhecer ainda o Museum of Flight, um dos melhores museus aeronáuticos do país, onde estão 28 aviões de combates de diferentes épocas, um avião espião Blackbird SR-71 e um autêntico Concorde.

Tudo bem, você não liga para aviões? Neste caso percorra uma dos trechos mais agradáveis e bucólicos de Seattle, o trecho sul da 4th St. (acima), entre num Starbucks e peça um café quentinho acompanhado de um donut recheado de chocolate. O café americano tem melhorado muito ultimamente, e hoje já é possível encontrar coisas bem melhores do que aqueles cafés servidos nas tradicionais bolhas de vidro sempre requentadas.

Quem se aproxima de Seattle pela estrada I5 não precisa nem ser apresentado à cidade, pois esta rodovia passa exatamente pelo coração da cidade, praticamente por baixo de alguns dos maiores prédios do centro. No entanto, não é recomendável passar por aqui na hora do rush, como descobrimos ao chegar. O trânsito próximo ao centro é tão intenso que a gente passava mais tempo parado que andando. Esta foto foi tirada por volta de 10 horas da manhã, quando o movimento já tinha diminuído bastante.

 

Outro local muito visitado no centro da cidade é Pike Place Market (ao lado), o antigo mercado da cidade. Ao longo de seus corredores estão dezenas de bancas, oferecendo frutas, pescados, camarões, polvos, imensos salmões, legumes, verduras, doces, conservas, artesanato, queijos, carnes, roupas e curiosidades, geralmente acompanhadas por música ao vivo. Construído em 1907, o Pike Place Market é um dos mais antigos mercados ainda em operação no país, recebendo mais de nove milhões de visitantes por ano e é quase impossível desfilar por seus corredores, ver tantas gostosuras e resistir a comprar alguma coisa para comer ou levar para o hotel. Nos chamou especial atenção as patas de caranguejos gigantes, trazidas do Alasca.

 

Mais um recanto obrigatório para quem passeia pela cidade é Pioneer Square. Este conjunto de quinze quadras corresponde ao mais antigo bairro da cidade, construído em 1856. Pioneer Square foi totalmente destruída por um grande incêndio em 1889, mas, graças a sua importância histórica foi reconstruída de acordo com os projetos originais. As construções em estilo Vitoriano, características do século 19, agora abrigam galerias de arte, cafés, pequenas lojas, e uma animada vida noturna. Destacam-se ainda em Pioneer Square, Klondike Gold Rush Historical Park e o Underground Tour, passeio ao longo das galerias subterrâneas do antigo centro de Seattle.

Para conhecer um pouco sobre as comunidades indígenas que habitavam a região de Seattle, vale conhecer Tillicum Indian Village, situada no Blake Island Marine State Park, a cerca de doze quilômetros do centro. Conta-se que foi lá que viveu o cacique Sealth, o qual se tornou famoso pela sabedoria e que acabou dando nome a esta cidade.

 

Vale também lembrar que quem visita Seattle e aprecia rock, não poderia nunca deixar de reverenciar sua importância no cenário grunge. Foi aqui que surgiram bandas que iriam se tornar famosas em todo o mundo, como Alice in Chains, Candlebox, Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden, Temple of the Dog, Mudhoney e Melvins, para citar somente algumas. Embora o grunge já esteja algo datado, a cidade continua fervendo como pólo cultural no campo da música jovem.

Seattle tem verões agradáveis e invernos gelados. Tem fama (seus moradores dizem que é mentira) de ter um tempo muito chuvoso, e tem fama também (seus moradores garantem que é verdade) de ter um padrão de vida muito melhor que outras cidade mais conhecidas. Não teríamos condições de dizer o que é verdade ou mentira, mas ao menos durante nossa visita o céu estava sempre azul com um friozinho gostoso. E quanto ao padrão de vida, o brasileiro que conhecemos no Mcdonalds garantiu que é tudo verdade. Seja como for, Seattle é acima de tudo um lugar bonito, e que merece o título de Cidade das Esmeraldas.