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O palácio de Charlottenburg hoje está situado dentro dos limites da zona urbana de Berlin, envolvido por modernos prédios e movimentadas avenidas, mas quando foi iniciada sua construção, em 1695, as redondezas eram bem diferentes e mais tranqüilas. Sua construção foi ordenada por Frederico III, Eleitor de Brandenburg, uma das regiões que mais tarde iria formar a Alemanha unificada. Na época o título Eleitor referia-se a um príncipe ou bispo que tomava parte na eleição do imperador, e por isso dispunha de grande prestígio e influência políticos.

   

Frederik III desejava presentear sua esposa Charlotte com uma residência de verão nos arredores da cidade e para tanto incumbiu o arquiteto Arnold Nering de desenvolver o projeto. Nering idealizou um palácio de estilo barroco italiano, de muito bom gosto, mas que ainda não apresentava a grandeza que viria a ostentar com o tempo. Até seu nome era diferente e na época: Schloss (castelo) Lietzenburg.

Em 1701 o próprio Frederico foi eleito por seus pares como Frederico I, rei da Prússia (outra das regiões que mais tarde iriam formar a Alemanha) e sua esposa Charlotte passaram a ser rainha. De um dia para o outro, o palácio de verão Lietzenburg, que servia perfeitamente como residência de verão para a mulher do Eleitor, não era mais suficiente para a rainha da Prússia. Foi decidida então a ampliação de suas instalações, para que ficassem mais à altura do novo status de seus proprietários. Desta vez o arquiteto encarregado do projeto foi Eosander von Göthe, responsável pela transformação do imóvel num belo palácio.

Após a morte de sua esposa Charlotte, em 1705, Frederico decidiu renomear o castelo em sua homenagem, e a partir de então a propriedade ganhou o nome de Charlottenburg. Também decidiu que o castelo deveria ser aumentado ainda mais, com a inclusão de novas torres e grandes e bem tratados jardins. É deste período ainda a construção da nova ala leste. Um dos ambientes internos que mais chamam a atenção dos turistas é a sala Bersteinzimmer, que tem todas as paredes revestidas com madeira de Berstein trabalhada, exemplo raro de carpintaria artesanal da época.

 

Em 1713 morre o rei Frederik I, e o castelo que ele havia mandado construir em homenagem à sua amada entra numa nova fase. Seu sucessor é o rei Frederik II, que mesmo não morrendo de amores pelo palácio autoriza novos acréscimos à construção original. Foi sob seu reinado que foi erguida a ala oeste e o teatro do palácio, sob o comando do arquiteto Georg Wenzelaus. Surgem ainda novos jardins, ornados com monumentos e estátuas diversas. Com o passar dos anos, outros acréscimos seriam feitos à propriedade, como o Belvedere (1788), um novo pavilhão em estilo de vila napolitana (1824) e um mausoléu para a rainha Louise (1810).

 

Com a segunda guerra mundial os bombardeios aliados e a artilharia russa destruíram praticamente toda cidade de Berlin, e Charlottenburg não foi poupado. Em 1945 somente ruínas restavam da antiga residência de verão da rainha Charlotte. Felizmente, devido à sua importância histórica, e também à sorte de estar situado no lado ocidental de Berlin, administrado pelos americanos, o palácio recebeu verbas generosas para sua reconstrução e conseguiu, após anos de trabalho, voltar a ostentar sua grandeza original. Charlottenburg hoje é o maior palácio de Berlin, e agora funcionando como museu, abriga valiosas coleções de arte européias e orientais.