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Villandry é um dos castelos mais visitados do Loire, e antes mesmo de entrar já era possível constatar isto, graças à fila de carros estacionados ao longo da estrada frente à propriedade. Ocupando uma área de destaque na diminuta cidade campestre, tudo aqui parece orbitar em torno deste local histórico. Após pagar a taxa de acesso e cruzar uma área de apoio, onde estão situados o centro de informações turísticas e restaurante tem-se acesso ao terreno não pavimentado que conduz ao castelo e seus jardins.

A entrada principal do chateau é acessada através do pátio interno, o qual é cercado em três lados por elegantes galerias de arcadas, encimadas por grandes janelas ornadas com colunas decoradas, esculturas e uma cobertura de telhas de ardósia de forte inclinação. No centro do pátio uma fonte ornamental arremata o conjunto. Famoso não somente por sua arquitetura, mas também pelos jardins, Villandry foi o último dos grandes castelos do Loire a ser construído durante o período renascentista.

Imagens em alta resolução: Jardins1 - Jardins2 - Fachada

   

Obra de Jean le Breton, um dos ministros das finanças do monarca Francisco I, em 1536 Villandry já estava concluído, após quatro anos de obras. Jean Breton havia dirigido as obras do castelo de Chambord (veja a página sobre este castelo), e conta-se que na ocasião ele mandou erigir na região uma réplica em escala reduzida do que pretendia construir em Villandry, o que lhe serviu de modelo para as obras do verdadeiro chateau.

Originalmente este local chamava-se Colombiers, um nome bastante comum na França do século 16, mas incomodado com a falta de originalidade do nome, o ministro solicitou sua mudança ao rei. Como tinha um bom relacionamento com a família real logo foi atendido, e a propriedade passou a chamar-se Villandry.

De quebra, Jean ganhou também o título de Monsieur de Villandry. Proprietários de castelos eram, em princípio, ricos, e por isso tinham status e influência social, inclusive junto à realeza. Na verdade este era um jogo que interessava às duas partes, porque enquanto os senhores dos castelos satisfaziam-se com prestígio e títulos de nobreza, os monarcas também gostavam de ter em volta amigos ricos, prontos a financiar eventuais necessidades do governo.

Mas este era também um jogo perigoso já que na época as amizades mudavam mais que a direção dos ventos, e muita gente acabou perdendo a cabeça – literalmente – por causa destas mudanças. Mesmo assim, ao que consta, Jean Breton nunca se meteu em conflitos com a família real, ao contrário dos proprietários de Azay le Rideau e Chenonceau,  e por isso não teve o desprazer de ver sua propriedade ser confiscada. Na realidade Jean sempre esteve nas boas graças da família real, favorecendo até mesmo as futuras gerações, haja vista que seu neto foi agraciado com o título de Marquês de Villandry.

Há quem diga que os jardins de Villandry são a principal atração da propriedade, deixando o castelo como mero coadjuvante, mas em nossa opinião os dois são igualmente importantes e se complementam, formando um conjunto harmônico e equilibrado. Este local é famoso não somente por sua arquitetura, mas também pelo valor histórico, já que aqui foi assinado, em 4 de julho de 1189 o tratado que ficou conhecido como Paz de Colombiers, referindo-se ao documento em que Henrique II da Inglaterra reconhecia sua derrota para Felipe Augusto, da França. O nome do tratado, Colombiers, faz referência ao nome com que Villandry era conhecido durante o século XII.

Da construção original erigida por Jean Breton, somente a antiga torre foi mantida (em destaque na primeira foto), por trás do pátio principal. Mesmo tendo sido construída na época medieval esta torre integra-se perfeitamente ao restante do castelo, de arquitetura renascentista. A propriedade permaneceu com a família Breton até 1754, quando foi adquirida pelo Marquês de Castellane, influente nobre que chegou a ocupar o cargo de embaixador francês. Foi este o responsável pela completa transformação do castelo, dando-lhe o aspecto refinado e elegante que mantém até hoje. Sua reforma abrangeu não somente a parte externa do chateau, mas também seu interior, de forma a transformá-lo num ambiente confortável, aos moldes dos padrões vigentes no século XVIII.

Mesmo assim, como a manutenção de uma propriedade com estas dimensões era extremamente custosa, e o dinheiro há muito já havia acabado para os descendentes do Marquês de Castellane, Villandry foi aos poucos sendo abandonado, sendo que em fins do século 18 estava em condições tão precárias que sua recuperação seria caríssima, e chegou-se a pensar a sério em sua demolição.

Villandry foi salvo em 1906, quando foi adquirido pelo espanhol Joachim Carvallo. Amante da arte e arquitetura, conta-se que ele abriu mão de uma promissora carreira científica – e da maior parte de sua conta bancária - para dedicar-se totalmente à recuperação do castelo. Contratou engenheiros e operários e permaneceu à frente das obras de recuperação, procurando manter o estilo original do projeto executado pelo marquês de Castellane. Foi ainda mais além, redesenhando também os jardins e formando alamedas e passeios em três diferentes níveis, sendo o primeiro em torno de um grande espelho de água, e todos decorados com plantas, legumes e flores.

O vivo colorido de alguns jardins de legumes deve-se à escolha apropriada do que é plantado, conforme a estação do ano. O vermelho, por exemplo, é obtido com beterrabas, o verde com as folhagens de cenouras e assim por diante, dando à distância a impressão de um painel multicolorido. Para ter-se uma visão geral deste conjunto de cores e suas formas o ideal é subir ao terraço do castelo, o qual é acessado através de uma escada em caracol, cuja cobertura lembra uma ponta de lápis (terceira foto). A cada ano duas plantações são feitas, sendo a primeira na primavera, que permanece entre março e junho; e a segunda no verão, que dura de junho e novembro. Ao todo cerca de quarenta espécies de legumes pertencentes a oito famílias botânicas são utilizados por ano.

Mas os méritos de Joachim Carvallo vão além da pura reforma do castelo e de seus jardins. Ele foi também um dos fundadores da associação conhecida como Demeure Historique, primeira do gênero a agrupar proprietários de endereços históricos da França, e que tinha como objetivo sua preservação e abertura dos mesmos à visitação pública. Hoje, todos os turistas que visitam este e outros monumentos históricos nacionais, devem uma parte de seu reconhecimento a homens de visão como aquele.

Villandry situa-se aproximadamente a duas horas e meia de carro de Paris. Depois de passar pela cidade de Tours, basta seguir mais dezesseis quilômetros na direção oeste, seguindo pela estrada D7.

Site oficial: Château de Vilandry