La Grande Plage / La Plage du Miramar |
Foi
num final de primavera com jeito de outono que chegamos a Biarritz, com
temperaturas variando em torno dos 18 graus, sol brilhante, céu azul e
um ventinho gelado soprando. Para nós seria impensável entrar na água
nestas condições, mas para os franceses, logo vimos, as condições eram
ideais. Sim, porque para um Europeu, chegar à Biarritz, badalado resort
da costa oeste da França, e não molhar ao menos os pés nas águas do
'Golfe de Cascogne' seria sacrilégio. Nós deixamos para o dia seguinte.
Banhos de mar à parte, Biarritz nos cativou deste o início.
Um mar de águas azuis, areias macias, prédios elegantes, carrosséis,
residências bem tratadas, gente animada e um astral positivo que era
impossível não sentir. Era como se todos estivessem apenas esperando a
festa começar. Logo percebemos que o mar era somente um pretexto. Em
Biarritz o principal era mesmo o estado de espírito, ou, como dizem os
franceses, l'état d'esprit. |
E
o l'état d'esprit que Biarritz transmite é super para cima. Assim tem
sido há tempos, desde 1854, quando a imperatriz Eugénie de Montijo, mulher de
Napoleão III, mandou erguer um palácio frente ao mar, para suas férias
de verão, continuando pela rainha Victoria da Inglaterra, que também era
freqüentadora assídua da cidade, Biarritz tem seu nome associado à
nobreza, aos ricos e famosos. Com a inauguração de seu Cassino, em
1901, Biarritz passou a atrair também turistas de todos os cantos da
Europa e até América. Depois vieram os turistas comuns, para conhecer
de perto seu mar azul e o litoral mesclando areias a formações
rochosas, grutas, cavernas, falésias, escadarias subindo as rochas e
surpresas outras. Hoje em dia turistas não encontram por aqui muitos
nobres, em compensação, além do litoral privilegiado, vão descobrir uma
charmosa cidade à beira mar, com dezenas de restaurantes e bares,
mulheres de topless na areia, comércio de primeira, e onde o programa
principal é caminhar, explorar, curtir a natureza, o mar e as
formações do litoral. E nem precisa entrar na água... |
Rochedos ao sul da Grande Plage |
Na primeira
foto desta página vê-se a 'Grande Plage', a principal das cinco praias
de Biarritz. É a mais freqüentada, e no verão costuma ficar lotada. Ela
é a praia do agito, dos eventos, a preferida dos turistas, onde ocorrem
as badalações e seu trecho principal, situado entre o Cassino e o
famoso
'Hotel du Palais', é para onde vão aqueles que querem ver e ser
vistos.
Rocher de la Vierge |
Um
dos pontos turísticos mais famosos de Biarritz é sua santinha
construída no alto de um rochedo. Chega-se ao 'Rocher de la Vierge', um
pouco afastado do litoral, através de uma passarela de madeira
(substituída em 1887 por uma metálica, projetada pelo engenheiro
Eiffel). Conta-se que este rochedo servia como referência aos
pescadores que zarpavam do porto de Biarritz e que foi o imperador
Napoleão que ordenou que fosse escavado um túnel sob o mesmo, como
parte do projeto de construir um dique na cidade. Conta-se também que,
num dia de tempestade, um grupo de baleeiros perdidos conseguiu voltar
ao porto da cidade graças a uma luz irradiante, avistada no alto deste
mesmo rochedo. Como agradecimento, a cidade decidiu instalar, no topo
da rocha, uma pequena imagem da Virgem Maria, dando ao lugar o nome de
Rochedo da Virgem. |
Vídeo: Rochedo da Virgem
Biarritz, claro,
situa-se na França, mas ao mesmo tempo faz parte do chamado
'País Basco', região que compreende um trecho do sudoeste da França e do
norte da Espanha, e que há bastante tempo vem tentando conquistar autonomia.
O nome 'Biarritz' tem origem no idioma basco (o qual é completamente
diferente tanto do francês quanto do espanhol). Geograficamente, a
cidade situa-se na região de Pyrénées-Atlantiques, faz parte da
Aquitaine e situa-se a menos de vinte quilômetros da fronteira com a
Espanha. Ao contrário do trecho em território espanhol (onde o idioma
basco predomina em todo lugar, e é nítido o desejo de autonomia), a
sensação que tivemos no lado francês é que por aqui o pessoal pode até
curtir estar em território basco, mas no fundo todo mundo prefere mesmo
continuar como cidadãos franceses, e nem pensa em falar outra língua. |
Região que correspondente ao País Basco
|
Um dos rochedos mais famosos da cidade
|
A
incessante erosão das rochas, fenômeno causado pela ação do mar e dos
ventos, não tem sido favorável a Biarritz. Estes elementos agem como
facas cortando sem parar o litoral da cidade, e estima-se que Biarritz
venha sofrendo um recuo de setenta centímetros de sua costa rochosa por ano. Isto
levou o governo a adotar medidas de proteção para tentar impedir a
evolução deste fenômeno, com a execução de reforços de contenção
diversos, utilizando concreto projetado e outras técnicas
de engenharia, mas os resultados ainda são incertos. A formação
mostrada na foto ao lado é uma das mais conhecidas da cidade, situada
próxima ao calçadão da Grande Plage, e pode ser acessada por uma
passarela de concreto, ligando a rocha à avenida. |
Até
meados do século 18, Biarritz era somente mais uma tediosa vila de
pescadores à beira mar, e foi somente após a medicina da época passar a
considerar banhos de mar como eficaz terapia para uma grande variedade
de moléstias, que a cidade começou a ver chegar às suas praias gente de
todos os cantos da França, inicialmente os mais abastados, seguidos,
mais tarde, por muitos outros. Um dos primeiros responsáveis pela
transformação do balneário em lugar da moda foi o escritor Victor Hugo,
que se apaixonou pelo lugar à primeira vista e referia-se a ela como
'village blanc à toits roux et à contrevents verts posé sur des croupes
de gazon' (cidade branca de telhados vermelhos e venezianas verdes
cobrindo colinas gramadas). |
Passarela que conduz ao Rocher de la Vierge |
Vale a pena conhecer: Le Marché
Central (rue des Halles), onde, como em todo mercado municipal, estão peixes
frescos, petiscos, frutas e outras iguarias (aberto somente até as 13
horas). Sente num dos balcões ou peça para levar.
Eglise Sainte Eugenie |
Estacionar no centro de Biarritz é caro, as vagas são poucas, e
parquímetros estão em todo lugar. Como estávamos de carro durante nossa visita, preferimos
ficar no Novotel Biarritz Anglet Aéroport, situado a cerca de 10
minutos do centro de carro, uma região agradável, silenciosa e com
estacionamento grátis. Quem procurar estacionamento no centro,
provavelmente vai acabar optando por deixar o carro num dos grandes
estacionamentos públicos, que sempre tem vagas, como o anexo ao
Cassino, um bom ponto de partida para começar a exploração da cidade. Biarritz
não teve o crescimento planejado e suas ruas seguem quase sempre em
curvas, seja para a direita ou para a esquerda, subindo e descendo
encostas e colinas, contornando parques e residências, passando por
rotatórias, atravessando tranqüilas áreas residenciais que em nada
lembram a movimentação predominante no litoral. É uma cidade onde é
fácil a gente se perder, mas em compensação também é fácil se
encontrar. |
A praça
mostrada na imagem acima, conhecida como Place Saint-Eugénie, fica a
uma curta caminhada a partir do prédio do Cassino, e é um dos pontos
mais importantes e agradáveis da cidade, cercada por diversos
restaurantes com mesas ao ar livre (com destaque para o ótimo Café de
la Mer), bares e lojinhas. Mais ao fundo, situa-se a concorrida Rue
Mazagran, com dezenas de lojas, butiques, sorveterias, bares,
sapatarias etc e que deve ser curtida com atenção. Um ponto recomendado
para um café no meio da tarde é o Le Cafe Cafe Biarritz (Place
Clemenceau 10).
A
imagem ao lado mostra o lado do Cassino voltado para o mar, o calçadão
e a 'Grande Plage'. Tome este local como referência para começar a
explorar a cidade. Partindo daqui você tem duas opções: Seguir em
direção norte (na direção do farol) ou na sul (direção ao rochedo da
Virgem). Sugerimos começar pelo sul, onde o litoral é mais bonito. Logo
após se afastar do Cassino, a calçada frente ao mar começa a subir,
acompanhando o litoral. Pouco adiante há um belo mirante, de onde toda
praia se descortina à nossa frente, bom lugar para postar uma foto.
Alguns minutos a mais de caminhada levam a gente até a Place
Sainte-Eugenie (referida na foto acima - bom lugar para um almoço, mais
tarde). |
Calçadão em frente ao Cassino |
O Casino de Biarritz,
inaugurado em 1901, não é somente um ponto de referência obrigatório
para a cidade, mas também, para quem curte jogo, uma boa opção para
tentar a sorte, seja nas mesas de pôquer, roleta ou nas máquinas
caça-níquel.
Muralhas do Port de Pecheurs
|
Siga
em frente, sempre acompanhando o litoral e logo adiante você terá duas
opções de roteiro: A primeira é pegar o desvio à direita e ir
direto até a Marina, onde estão barcos pesqueiros diversos, alguns
iates e muitos restaurantes
com mesas na calçada. Experimente a 'dégustation de fruits de mer' ou
alguns ' tapas à la mode', as especialidades locais, de preferência
numa mesinha ao ar livre. Depois, não deixe de percorrer as grossas
muralhas de concreto - semelhantes a uma fortaleza - que servem de
proteção às embarcações ancoradas na marina. É uma caminhada divertida
e que rende boas fotos. |
Se
você preferiu não pegar o caminho que conduz à marina da cidade e
seguiu sempre em frente vai logo ver à sua direita uma escadinha
escavada na rocha. Suba esta escada, situada frente ao mar, e chegará
ao alto de uma rocha com um mirante incrível, de onde se vê grande
parte do litoral basco. O visual é lindo. Por outro lado, se você preferir não
enfrentar a escada siga em frente e verá um estreito túnel para
veículos. Entre e atravesse o túnel a pé mesmo, todo mundo faz isso, e
chegará em frente ao Rocher de la Vierge (referido acima). Pegue a
passarela metálica e vá até sua extremidade, onde situa-se a rocha
escavada com a imagem da santinha em sua parte superior. Ao lado, o
mirante situado pouco ao sul do Cassino e algumas das rochas situadas
frente à praia. |
|
Vídeo: Trenzinho turístico de Biarritz
Musée de la Mer / Boca de Tubarão
|
Bem
em frente ao rochedo da santinha, situa-se o principal museu da cidade,
o Musée de la Mer, que merece uma visita. São quatro andares, onde
estão em exposição diversos tipos de peixes, estrelas marinhas e alguns
outros animais marítimos que nunca tínhamos ouvido falar. Na cobertura
ficam as focas, se espreguiçando ao sol. É divertido ir lá na hora em
que elas são alimentadas com peixes, o que costuma acontecer duas vezes
ao dia, de manhã e de tarde. E não esqueça de fazer uma foto dentro da
imensa boca de tubarão.
Uma ótima idéia para percorrer os
principais pontos da cidade é embarcar no 'Petite Train de Biarritz',
um conjunto de vagões puxado por um carrinho, que parte da plaza situada
ao lado do cassino, e percorre por cerca de 30 minutos os principais
pontos turísticos da cidade, bem como trechos do litoral.
Mesmo
estando situada à beira mar, Biarritz tem seus lagos e parques, que
merecem ser visitados, como o 'Lac Marion', lago situado a uma pequena
caminhada do centro, com vinte hectares de áreas verdes, em torno
de um suave lago. Ele é muito freqüentado pelos moradores da cidade pouco
interessados nas ondas e nos turistas. 'Le jardin public' é outra área
verde muito freqüentada pelos moradores, situado em frente ao
imponente prédio da Gare du Midi (a antiga estação de trens da cidade).
A própria estação é um ponto icônico da cidade, e nela são organizados
diversos shows e eventos. Vale a pena conhecer. |
Outros dois museus que também
vale a pena conhecer são o Musée Historique de Biarritz (instalado numa
igreja anglicana construída em 1876) e o Asiatica Musée d'Art Oriental
(com um acervo que inclui peças da China, Nepal, India e Tibete). E não
esqueça de percorrer também a Place Georges-Clemenceau, considerada o
coração de Biarritz, de onde se irradiam suas principais avenidas.
Continuando
a caminhada acompanhando o litoral sul (ou depois do passeio de
trenzinho), chega-se frente à mansão mostrada na foto ao lado,
conhecida como Villa Belza.
A construção, erguida sobre rochedos à beira mar, tornou-se um dos
principais ícones da cidade. Conta-se que a história deste castelinho
teve início em 1832, seguindo projeto do arquiteto Alphonse Bertrand.
Por ter sido erguido junto ao local conhecido como ‘Pont du Diable’
(ponte do diabo) e também devido ao nome exótico (Belza significa
‘negro’, no idioma basco), o solar adquiriu fama de mal assombrado e
até hoje muitas lendas são contadas sobre o casarão. No passado serviu
como cenário para diversas produções do cinema, sendo que durante os
anos 20 costumava ser freqüentado por nomes famosos da aristocracia
européia, durante as grandes festas organizadas por seus proprietários.
Villa
Belza não está aberto à visitação pública, em compensação, você não
pode deixar de ir até o Planète Musée du Chocolat, que, como o nome já
diz, é um local dedicado à história do chocolate. Lá estão esculturas,
posters, curiosidades, e principalmente, muitos e ótimos chocolates, em
barras, bombons e outras formas originais.
|
Villa Belza
|
Entre as melhores 'chocolateries'
da cidade, estão a Pariès (place Bellevue 1), Daranatz (Av Maréchal
Foch 12) e Henriet (Place Clemenceau). Também existem quiosques pelas
ruas, oferecendo chocolates artesanais, com formatos diversos.
Outra característica desta
região é o jogo conhecido como 'Pelote Basque", que consiste
basicamente numa disputa em que as equipes de jogadores, sempre
vestidas de branco, arremessam, seja com a mão, raquete, bastão ou
cesta, a bola contra uma parede. O jogo prossegue até que uma das
equipes participantes cometa uma falta. Dentre as cerca de vinte
variações que o jogo possui, uma delas permite que seja praticado
simultaneamente por duas equipes, separadas por uma linha demarcada no
chão. O jogo surgiu na idade média, no País Basco, e é muito praticado
em todo sudoeste da França e norte da Espanha, sendo que diversas competições
internacionais acontecem em Biarritz.
Já quem estiver visitando a
cidade durante o mês de setembro vai poder curtir o festival 'Le Temps
d'Aimer', durante o qual acontecem diversos eventos culturais, em
parques, auditórios, igrejas, todos relacionados às artes cênicas,
dança, exposições e culinária.
Plage du Port Vieux e Villa Belza |
Logo
depois de passar por Villa Belza e continuando a caminhada vê-se lá
embaixo uma praia de formato peculiar, formada por estreita faixa de
areia e cercada por uma elegante arcada pintada de branco. Chama-se
'Plage du Port Vieux' (praia do porto velho), e, como fica abrigada dos
ventos e protegida das ondas fortes, é freqüentada durante praticamente
todo o ano. |
Como estamos na França, seria
impossível não lembarmos também dos queijos, e se você aprecia esta iguaria, o endereço certo para uma visita é ao 'Mille et Un Fromages'
(rue Victor Hugo 8), especializado em queijos de todas as partes do
país. Ah, sim, lá também são oferecidos vinhos, como acompanhamento.
Deixando
aquela pequena praia para trás, e seguindo sempre pela Esplanada du
Port Vieux percebe-se que a rua começa a descer novamente para o nível
do mar, chegando então ao Boulevard du General de Gaulle, que segue
paralelo a uma grande praia, muito freqüentada por surfistas. É uma das
praias de aspecto mais dramático da região, cercada por paredões
verticais, grande pedras escuras e que se estende por uma grande
extensão. Ao longo desta avenida estão diversos restaurantes e bares, e
o difícil, como sempre por aqui, é achar onde estacionar. É uma praia
ampla, e de onde se consegue ver, mais adiante, o litoral espanhol e
suas inúmeras falésias. Prosseguindo sempre em frente, chega-se à
'Plage de Marbella', também reduto de surfistas, e quase encostando na
fronteira chega-se à 'Plage de la Milady', mais tranqüila e com amplos
espaços, inclusive áreas de estacionamento e áreas de lazer para
crianças. |
La Côte des Basques
/ Litoral Basco
|
Place Sainte Eugenie |
Depois de tanto mar e rochas, nada com um lugar quentinho para fazer uma boa refeição. Voltamos então à Place Sainte Eugenie,
quando os restaurantes já estavam se preparando para receber os
clientes para jantar. A gastronomia Basca oferece diversas opções
saborosas aos visitantes, e se você quer mesmo conhecer o sabor local
experimente o 'Jambon de Bayonne', (presunto posto para secar por 6
meses, conforme estabelecem as antigas receitas locais). Ou então peça
o 'Axoa' (carne de veado preparada com pimentões e pimenta), ou
ainda o famoso "Cojones' (testículos de touro à moda). Já quem
não se sentir atraído por carnes talvez fique mais à vontade pedindo um
saboroso peixe à moda (Pibales, Alevins d'anguilles, Morue, Merlu,
Encornets), e claro nunca esquecendo dos deliciosos queijos, como o
tradicional 'Brebis Ardi Gasna', de preferência servido com
'confiture de cerises' (doce de cerejas), e também os ótimos 'Magrets',
os 'Foies Gras', finalizando ainda com uma sobremesa, que pode ser o
saboroso chocolate artesanal local, ou talvez um 'Gâteau Basque', o
'Tourons', ou ainda o delicado 'Muxus'. |
Outra coisa que é quase
sinônimo do País Basco e que você não pode deixar de levar são as
'Espadrilles', como são conhecidas as confortáveis sandálias de sola de
corda e coberturas de tecido colorido, que estão em toda parte. As mais
baratas podem ser encontradas a preço de banana em qualquer
supermercado, enquanto as de grife costumam ser vendidas a preços até
dez vezes mais altos nas lojas do centro. Parecem uma sandália de
ir a praia, e talvez sua origem seja essa mesmo, mas podem ser vistas
no pé de muita gente por aqui, em todas as cores.
No
dia seguinte sugerimos explorar a praia no sentido norte. Partindo do
Cassino, siga pelo calçadão e em pouco tempo irá chegar ao 'Hôtel du
Palais' (que lembra um palácio) e a 'Chapelle Impériale'.
Os
dois prédios mais importantes da cidade são o Cassino e o 'Hôtel du
Palais', este último construído por Napoleão III, em 1854, para servir
de palácio privativo para sua querida, a imperatriz Eugénie.
Desnecessário dizer que o prédio recebeu todos os luxos possíveis, na
decoração, enxovais, louças, quadros etc. E sim, ainda é possível se
hospedar no Hôtel du Palais, preferencialmente num apartamento de
frente para o mar, desde que, claro, suas finanças permitam. Nós
somente passamos em frente à porta....
Depois, prosseguindo ao longo da 'Grande Plage' e da 'Plage du
Miramar' a rua começa a subir, e atravessamos uma região com belas
residências e prédios elegantes. Pouco depois as placas indicam um
desvio à esquerda que nos conduz ao 'Phare de Biarritz', o farol da
cidade construído entre 1830 e 1832, para proteger as embarcações das
perigosas rochas do litoral basco. A visita turística deve ser agendada
com antecedência, e a subida até o topo é feita através de uma
escadaria de 248 degraus. Mas a vista lá de cima é incrível. |
Phare de Biarritz |
Mas mesmo que
você não suba no farol podeir até o mirante, situado logo em frente ao
estacionamento, de onde se tem uma vista magnífica da
cidade e das grandes falésias. Procure incluir também em
seu roteiro uma visita à 'Chapelle Impériale' (rue Pellot), único
prédio da cidade remanescente do período de reinado da imperatriz
Eugénie.
Quem estiver
visitando a cidade durante o primeiro domingo do mês não deve perder a
chance de assistir a apresentação dos dançarinos de 'Mutxiko', em
frente ao prédio do Cassino. Esta dança, tradicional em todo País
Basco, é praticada por grupos, sempre em círculos, e qualquer um pode
aderir, desde que conheça os passos. Geralmente os músicos vão cantando
os movimentos que devem ser seguidos pelos dançarinos, com palavras de
ordem, e o ritmo, os passos e o sentido de rotação mudam a todo
instante, sendo que os braços devem balançam o torso deve permanecer
sempre ereto. Os passos mais freqüentes do Mutxico são Erdizka (meia
volta), Jauzi (pulo), Dobla (volta completa), mas existem dezenas de
variações e é essencial prestar atenção às ordens do cantador. De certa
forma, a dança lembra as quadrilhas das festas juninas, mas aqui é dançada
em círculos. Vídeo: Dançando o 'Mutxiko'
Falésias do litoral norte vistas do farol.
|
Não
deixe de ver também a Igreja Ortodoxa Russa (Avenue de l'Impératrice
8), construída durante o século 1892, e que tinha entre suas funções
receber os aristocratas russos que até 1917 vinham passar o verão em
Biarritz. Merecem destaque seu famoso domo azul e os ícones
especialmente trazidos de São Petersburgo. Aberta para visitas somente
nos fins de semana à tarde.
Veja: Fotos em alta resolução de Biarritz
|
Para quem está
em Paris, o trajeto até Biarritz é feito com rapidez e conforto,
através do trem de alta velocidade TGV. A partir da cidade de Bordeaux,
pode-se optar pelos serviços tanto do TGV (sistema de trens de alta
velocidade) como do TER (sistema de trens regionais). A cidade é
servida pelo aeroporto Biarritz-Anglet-Bayonne (BIQ), com vôos para
diversas cidades da França, bem como Reino Unido, Espanha e Alemanha.
Biarritz está próxima da auto-estrada N10, integrante do excelente
sistema rodoviário francês e situa-se a 779 km de Paris e 193 km de
Bordeaux.
Depois
de percorrer o litoral, as praias e rochedos, não dá para ir embora sem
antes dar uma conferida no comércio local e a melhor área para isto é a
área central, onde se destacam a Place Georges Clemen (local da
Gallerie Lafayette e outras lojas importantes), rue Gambeta, Avenue
Vitor Hugo, Rue Mazagran, Avenue Edouard VII, Avenue du Maréchal Foch e Avenue de Verdun. Mas
atenção, como todo lugar badalado, Biarritz é uma cidade cara, e os
preços podem assustar, por isso é aconselhável pesquisar bem antes de
se decidir por alguma coisa.
|
Place Georges Clemen / Área comercial
|
Os arredores de Biarritz também
oferecem diversas atrações que merecem ser visitadas, começando pelas
cidades de Bayonne (ver fortaleza Vauban, o cais de la
Nive, catedral gótica e Musée Basque) e Anglet (gruta Chambre
d'Amour, lago Chiberta). Mas existem diversas outras pequenas
localidades a visitar, praticamente lado a lado, e a melhor forma de curtir este
lugar é subir litoral acima, de preferência seguindo estradas
secundárias, e ir parando onde der vontade. A maior parte
destas localidades praianas fica movimentada durante os meses de verão,
mas fora disto costumam ser tranqüilas e pacatas e nos dão a sensação
de ficarmos como 'donos da praia'. Por isso, mesmo que você não se
anima a entrar na água, vai poder curtir muitas areias brancas, um mar
azul e ficar à vontade.
Biarritz pode não ser uma
'Cidade Luz' como Paris, mas também é conhecida por sua iluminação
noturna no trecho junto ao mar. Pierre Bideau, criador do projeto de
iluminação da Torre Eiffel, foi o responsável por dar a Biarritz, a
honrosa posição de ser a única cidade francesa com projeto de luz e som
à beira mar, e durante a alta temporada este é um espetáculo que
contribui para trazer mais visitantes à cidade.
Grande Plage à noite
|
Biarritz
é uma cidade pequena, acolhedora e até mesmo encantadora, com ruas
estreitas e sinuosas, passeios calçados com pedras, prédios de arquitetura
graciosa, jardins, restaurantes com mesas nas calçadas, e é uma delícia
explorar suas ruas internas. Dois dias na cidade serão suficientes para
ver todas suas atrações, mesmo porque o melhor daqui é mesmo o mar e as rochas.
Mesmo assim, não tenha muita pressa em partir, porque Biarritz é um bom
ponto de hospedagem para conhecer todas as outras atrações das
redondezas, da França, Espanha e País Basco. A cidade tem um lema que
diz 'J'ai pour moi les vents, les astres et la mer' (guardo em mim os
ventos, os astros e o mar), como quem diz que ela é o portal de muitas
histórias e aventuras, em várias épocas. Deve ser verdade, mas o que
ficou mesmo em nossa lembrança ao partir foi o a placa que vimos à
beira da estrada, onde estava escrito no idioma basco: 'Eskerrik
Asko Etortzegatik',
ou seja, 'Obrigado Por Sua Visita'. De nossa parte nós pensamos:
De nada Biarritz, foi um prazer. Esteja certa que nunca vamos lhe
esquecer. |
|
|