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No início do século 13 Liverpool era somente um povoado às margens do rio Mersey, habitado por meia dúzia de pescadores. No início dos anos 60 era pouco mais que uma cinzenta cidade portuária da Inglaterra, sem quaisquer atrativos. Agora, em pleno século 21, o nome Liverpool é sempre associado, em qualquer lugar do mundo, a uma palavra que mudou a história da música: Beatles. E por causa deles, depois de Londres, esta talvez seja a cidade Inglesa onde mais se ouvem línguas diferentes. De todos os cantos do mundo as pessoas vem para cá, à procura de um sonho que se recusa a acabar. 

   

Sim, somos fãs dos Beatles, como já deve ter dado para perceber, e esta foi a única razão que nos trouxe à Liverpool. Não que tenhamos atravessado o mundo especialmente para vir até aqui, na verdade já estávamos passando pelas redondezas e resolvemos passar dois dias neste local para conhecer a cidade que virou mito. Neste particular é interessante observar como aqueles que no início eram chamados de "os quatro cabeludos de Liverpool" se transformaram na principal indústria turística deste lugar, embora nenhum dos quatro esteja mais morando aqui. Ruas, bares, restaurantes, pubs, museus e até o aeroporto foram batizados com os nomes de John, Paul George e Ringo.

 

Liverpool pode ser dividida em três áreas básicas, em termos turísticos. O centro tradicional, como em qualquer outra cidade inglesa, com sua rua de pedestres concentrando o comércio. A seguir a Mathews street e adjacências, onde está o famoso Cavern Club, região que forma a Beatlelandia, e finalmente a região portuária, conhecida como Albert Docks, próximo à qual situa-se o principal símbolo arquitetônico da cidade, o Liver Building (primeira e últimas fotos da página) e outros prédios importantes, como a prefeitura, que aparece na imagem ao lado. Estas três partes da cidade estão muito próximas e podem facilmente ser percorridas a pé.

 

Ao lado uma imagem do número 10 da Mathew Street, onde o sonho começou. O Cavern Club foi inaugurado em 1957, e em julho daquele mesmo ano os Quarrymen (primeiro nome da banda de John e Paul) se apresentaram neste local. Mais tarde, já com o nome de Beatles, foram mais de 250 apresentações neste endereço até serem descobertos por Brian Epstein e se tornarem sucesso. Em pouco tempo o Cavern Club também estava mundialmente famoso. Apesar disto, em 1973 o local fechou e foi demolido.

Isto causou tanta comoção que nos anos 80 ele foi reconstruído exatamente no mesmo local e com os mesmo tijolos utilizados em sua construção original, embora tenha ficado um pouco menor. É agora uma das maiores atrações turísticas da cidade, e sempre apresenta shows com as novas bandas de Liverpool.

 

A torre do Radio City Tower é a construção mais alta da cidade, embora não se possa dizer que seja bonita, pois quanto vista de baixo dá a impressão de ser um disco voador pousado sobre um mastro de bandeira, ou então um daqueles brinquedos de criança que vai descendo e enrolando pelo mastro abaixo. Não é um lugar aberto ao turismo, mas é o melhor espaço da cidade para conferências e coisas do gênero, o que não era nosso caso.

Preferimos fazer o clássico roteiro Beatle, e neste caso sugerimos não deixar de incluir o Beatles Story, uma das principais atrações de Liverpool. Este tributo a John, Paul, George e Ringo está localizada frente ao rio Mersey, em Albert Dock e consiste num tipo de museu audiovisual, que vai contando a história dos Beatles à medida que vamos passando de uma sala a outra. No caminho há muitas coisas interessantes, como uma reprodução do Star Club de Hamburgo, onde os Beatles tocaram no início da carreira, o Cavern Club, os estúdios de Abbey Road como eram em 1963, centenas de fotografias inéditas, roupas usadas pelos Beatles, além dos usuais souvenirs, bolsas, camisetas e até alguns CD raros.

Fãs dos Beatles não podem deixar de fazer o passeio Magical Mystery Tour, roteiro de 2 horas de duração feito a bordo de um ônibus idêntico ao usado no filme dos Beatles. Durante o percurso são visitados todos os principais pontos da cidade relacionados à vida de John, Paul, George e Ringo. Suas casas, locais referidos nas músicas, escolas, onde foram as primeiras apresentações, etc. O ponto de partida também fica no Albert Dock, junto à Strand Street.

 

Na vista aérea ao lado vê-se a região central da cidade, com a Radio City Tower no lado direito, o Liver building no lado esquerdo ao fundo o rio Mersey. Na verdade mesmo, não fossem os Beatles, Liverpool nunca estaria em nenhum roteiro turístico, pois esta sempre foi uma cidade portuária, industrial e sem maiores atrativos arquitetônicos.

 

Este monumento, bem no centro da cidade, foi erigido em homenagem à rainha Victoria. Este e outros memoriais mostram que, se esquecermos que Liverpool é a cidade dos Beatles, esta pode ser considerada como uma típica cidade inglesa, onde a família real é sempre lembrada.

A parte central, como sempre destinada aos pedestres fica em torno das ruas Lord Street, Church Street e Tarleton. O principal shopping é o St. John Center, na Lime Street, onde há diversos restaurantes, lojas e cinemas. Outras atrações importantes da cidade e que merecem ser visitadas são a Walker Art Gallery, a catedral de Liverpool, a Tate Gallery e o museu Merseyside Maritime Museum. E claro, todas as atrações do Albert Dock.

 

O Albert Dock é um dos principais pontos da cidade, uma visita que não pode ser esquecida por quem vai a Liverpool. É uma área junto ao rio Mersey, inaugurada em 1846 pelo príncipe Albert, consorte da rainha Victoria, e destinava-se a enaltecer a grandeza do porto de Liverpool, seus navios e sua importância como centro comercial para toda a Inglaterra. O local foi totalmente reformado, e diversos prédios foram transformados em museus ou outras atrações. Há diversos barzinhos, cafés, restaurantes, pubs, estúdios de televisão e o Beatles Story.

 

O nome Penny Lane tornou-se símbolo de uma época. Perto deste ponto há um cruzamento de cinco ruas formando uma rótula de trânsito - roundabout, como dizem os Ingleses - muito movimentada, batizada de Penny Lane Roundabout. John e George nasceram perto daqui. Todos os Beatles freqüentavam muito a área. A primeira mulher de John, Cynthia, tinha um apartamento em Penny Lane a trabalhava na loja Woolworth's a uma quadra daqui.

Penny Lane fazia parte do dia a dia de todos eles e a letra da canção In my life, escrita por John refere-se a este lugar. Foi, no entanto, a música de Paul (embora eles assinassem todas composições como Lennon & Mc Cartney, Penny Lane foi inteiramente composta por Paul), que tornou esta pequena rua famosa. Durante muito tempo a prefeitura da cidade precisou, quase diariamente, providenciar placas novas para a rua, porque as existentes eram levadas por fãs ansiosos por uma lembrança. Agora as placas de Penny Lane foram abolidas e o nome passou a ser pintado diretamente nas paredes dos prédios da rua.

Incluimos a seguir uma transcrição muito interessante de um texto de Luiz Fernando Veríssimo sobre a origem do nome Penny Lane: "O nome original da rua foi em homenagem a James Penny, um rico proprietário de navios negreiros com tanto prestígio entre seus pares que foi o escalado para defender o tráfego de escravos no Parlamento, quando a prática começou a ser questionada. No século 18 mais de um milhão e meio de negros africanos atravessaram o Atlântico como escravos em navios cujo porto de origem era Liverpool. A cidade chegou a dominar 40 por cento do tráfego mundial de escravos e percentagem quase igual do comércio marítimo em geral, e enriqueceu com isso a ponto de rivalizar com Londres. Tinha toda razão, portanto, em homenagear Mr. Penny e similares. Mas em 2006 o conselho municipal resolveu que os nomes de ruas que lembravam a escravatura deveriam ser substituídos por nomes de abolicionistas, inclusive Penny Lane – que a esta altura era uma das ruas mais famosas do mundo e uma atração turística, graças à música dos Beatles. A reação foi grande e deixaram que Penny Lane continuasse sendo Penny Lane, sob o azul céu suburbano da letra de Paul McCartney".

 

Fizemos esta foto no centro de Liverpool, em plena Mathew Street. No final dos anos 60 esta rua era o centro musical e intelectual da cidade, com lojas de disco, bares, pubs e locais onde se apresentavam as novas bandas a procura do sucesso, entre as quais, claro, os Beatles. Nesta quadra fica o Cavern Club, onde eles tocavam. Desde 1993 é realizado aqui o Mathew Street Festival, sempre em agosto. Geralmente mais de 100 bandas se apresentam a cada ano, e o evento atrai 100 mil pessoas a cada edição.

 

A melhor forma de ir até Liverpool é de trem. As saídas a partir de Londres são diárias e o trajeto leva, em média, pouco mais de duas horas.

Para quem gosta de Beatles, seja um fã veterano ou um recém convertido, Liverpool é uma cidade essencial, ao mesmo tempo estimulante e nostálgica. Pensar que nestas ruas e bares foi forjada a maior revolução musical e comportamental do mundo dos últimos cem anos é fascinante, mas ao mesmo tempo nos deixa uma sensação ambígua. Sente-se uma certa melancolia quando vemos que o turismo de Liverpool é voltado basicamente para algo que ficou no passado. Mas também sente-se algo reconfortante ao ver tantos jovens conhecendo e curtindo o som do Beatles.

No final, o saldo que levamos de nossa visita à Liverpool foi bom, pois percebemos que, enquanto alguém em algum lugar estiver ouvindo uma música dos Beatles, o espírito daquela época permanecerá sempre vivo.


Vídeo: Liverpool, procurando pelos Beatles.