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Oxford é conhecida como Cidade das Faculdades. Algumas das mais antigas e conceituadas escolas da Inglaterra, em diversos campos de conhecimento, estão aqui. Dizem, até mesmo, que a elite do país é formada nestas salas de aula. Ao mesmo tempo, para um lugar onde o conhecimento é tão avançado, sua arquitetura tem permanecido praticamente imutável ao longo dos anos. Uma caminhada em Oxford é quase como um passeio pelos séculos 18 ou 19 e justamente aí está seu encanto, pois cada esquina da cidade parece demonstrar que é possível manter o equilibro entre busca pelo conhecimento futuro com o respeito às tradições do passado.

   

Foi esta fama da cidade que nos animou a pegar um trem em Londres para irmos conhecer Oxford, e logo ao chegar lá fomos tomados pelo ambiente universitário. Aprendemos que o primeiro colégio da cidade foi fundado em 1249, e no decorrer dos séculos muitos outros seriam fundados, vindo contribuir para fortificar ainda mais a fama de cidade das faculdades. Algumas de suas escolas mais famosas são All Souls College, Balliol College, Corpus Christi College, Trinity College, Hertford College, Keble College, Lincoln College, Worcester College, Merton College, Pembroke College, The Queen's College e St Catherine's College. Todos eles instalados em prédios que muitas vezes lembram mais castelos do que faculdades.

 

Mas nem todo mundo que vai a Oxford vai a trabalho, ou melhor, a estudo. Como a cidade fica bem próxima de Londres, ela costuma atrair também muita gente que quer conhecer sua arquitetura, e respirar aquele clima calmo e gostoso que prevalece em suas ruas. Diversas cenas dos filmes de Harry Potter foram gravadas na cidade, o que só contribuiu ainda mais para aumentar sua fama. A melhor maneira de ir a Oxford é de trem. Partindo da estação de Paddington, em Londres, até a estação central de Oxford, leva-se pouco mais de uma hora.

 

A fotografia ao lado foi feita logo após chegarmos à cidade, em frente a uma simpática lojinha. Da estação até o centro da cidade são apenas dez minutos de caminhada, passando pelas ruas Broad Street e Cornmarket, até chegar a High Street, a principal. Nos chamou a atenção que praticamente toda cidade da Inglaterra tem sua High Street. Ao chegar lá todas as principais atrações da cidade estarão por perto. Comece visitando o Museum of Oxford, o melhor lugar para conhecer a história da cidade e sua importância na Inglaterra ao longo do último milênio. Muito antes das escolas, Oxford sempre foi considerada um tipo de segunda capital do país, onde reis foram coroados e acalorados debates do parlamento decidiam os rumos do país, e tudo está documentado em seu museu.

Uma famosa atração local é Sheldonian Theatre, prédio construído pelo renomado arquiteto Sir Christopher Wren entre 1664 e 1669. Com a forma de um teatro romano, o local é utilizado para cerimônias importantes e conferências. Nem sempre está aberto ao público, mas se estiver passando por ali vale a pena conferir para apreciar os afrescos de seu teto, que datam do século 17.

Outra alternativa é o Museum of the History of Science, que tem uma das melhores coleções de antigos objetos astronômicos e de navegação. Como se sabe, durante o século 17, os ingleses eram os donos dos mares, mas um problema até então insolúvel, e que causava grandes prejuízos não somente a eles, mas aos navios de todos os países na época, era determinar, no meio dos oceanos, a longitude exata onde as embarcações se encontravam. Navios naufragaram e muitos homens morreram somente por ainda não existir um instrumento capaz de determinar, com exatidão, a posição exata de um navio no mar.

Os prejuízos foram tão grandes que o governo inglês instituiu um concurso, oferecendo um grande prêmio para o cientista que encontrasse um instrumento capaz de ler a longitude com exatidão. Hoje temos o sextante, mas até seu aparecimento muitas engenhocas estranhíssimas foram construídas, sendo que diversas delas parecem ter saído da cabeça de algum Professor Pardal. As mais conhecidas estão em exposição em Londres, no Royal Observatory de Greenwich, mas outras podem ser vistas no Museum of the History of Science, de Oxford.

Durante o século 10, o maior nome de Oxford foi Alfred, o rei Saxão. Graças a ele a cidade resistiu a inúmeros ataques Vikings e conta-se que foi este soberano quem fez de Oxford uma cidade. Ao longo dos séculos, o convívio entre moradores e estudantes foi quase sempre tranqüilo, mas alguns momentos tensos também ocorreram. No século 13, por exemplo, acontecerem tumultos entre Town (moradores) e Gown (estudantes), motivados por disputas quanto às localizações de moradias. Mas foram eventos deste tipo que acabariam estabelecendo um estilo para as construções e criando um padrão arquitetônico para a cidade. E para apreciar a beleza desta arquitetura o ideal é ir até um local bem alto, como por exemplo a Carfax Tower (99 degraus), construção de século 14, integrante da igreja de Saint Martin, de onde se pode ter uma vista ótima de grande parte da cidade.

 

O prédio ao lado é um dos mais conhecidos, e por isso mesmo fotografados, da cidade, e o que o torna especial é, principalmente, ter forma circular. Trata-se da Radcliffe Camera, biblioteca integrante da Bodleiam Library. Esta biblioteca, um dos pontos mais visitados da cidade, está situada no centro de um complexo de prédios históricos datando do século 15. A Divinity School, por exemplo, foi construída em 1488, para o estudo da Teologia, e é considerada como uma das obras primas da arquitetura gótica inglesa. Outro local renomado é a University Church of St Mary the Virgin, construído em 1280 e que era utilizado para importantes cerimônias de formatura. Também serviu, em 1555, como local de julgamento de três bispos acusados de heresia, e que acabaram condenados à fogueira.

É praticamente impossível andar em Oxford sem encontrar estudantes vestindo seus típicos uniformes coloridos, cujas cores e modelos variam tanto quanto a quantidade de escolas e universidades de Oxford. Em nossas caminhadas pela cidade, acabamos cruzando, mesmo sem querer, por mais de uma cerimônia de formandos.

 

Ao lado, uma imagem do centro da cidade, onde situa-se a principal área de comércio, e onde até hoje as típicas construções em estilo normando podem ser encontradas, embora mil anos já tenham passado desde a invasão de William, o Conquistador. Mesmo sendo pequena, o comércio de Oxford é bastante diversificado, e seu padrão de vida não fica nada a dever a cidades maiores. Lembranças e comprinhas podem ser encontradas principalmente ao longo da High Street e Broad Street, onde estão filiais das principais redes de comércio inglesas, como a Marks & Spencer. Pouco mais adiante, na área próxima a Queen Street e Cornmarket Street encontra-se a área de pedestres da cidade.

Aproveite para dar uma passada também em Oxford Brocante Antiques Fair, feira de antiguidades com coisas que parecem saídas de filmes antigos. E depois vá até o Museums Curioxity, que, como o nome já diz, é um museu especializado em curiosidades científicas, onde tudo pode ser tocado e explorado por conta própria. Fica na Old Fire Station, 40 George Street

 

Foi já sob o domínio dos Normandos, em pleno século 12, que surgiram em Oxford os primeiros centros de aprendizado, inicialmente destinados a clérigos. Já começava então a surgir em Oxford sua vocação para cidade das faculdades. Ao mesmo tempo, não é preciso caminhar muito para encontrar áreas verdes, como o Cutteslowe Park, ou o Florence Park. Ambos foram inaugurados nos anos trinta, e são um ótimo exemplo do amor dos ingleses pela preservação de jardins verdes e bem tratados. Também o Christ Church Meadow é uma área muito bonita para relaxar. Situado praticamente no centro da cidade, faz a gente quase se sentir numa área rural. Ao lado, um dos arcos mais famosos da cidade, integrantes de uma das faculdades de Oxford

 

Quem dispuser de mais tempo em Oxford não deve deixar passar a oportunidade de conhecer uma das mais belas próximas, o Palácio de Blenheim. Situado em Woodstock, foi nele que nasceu Sir Winston Churchill. Na chegada ao palácio já é possível apreciar um dos melhores exemplos da tradição britânica no cultivo de belos jardins. E durante a visita aos diversos aposentos de Blenheim, pode-se apreciar mobiliário, obras de arte, pinturas, esculturas, documentos diversos, contando um pouco da história desta família e sua participação em eventos marcantes da história inglesa.

 

Veja a imagem ao lado e diga se ela aparenta ter sido feita no século 21 ou no século 15? Este é um dos atrativos de Oxford, e quem quiser ver o conjunto desta belíssima obra de arquitetura pode ir até a Tower of St Michael, localizada no prédio mais antigo da cidade, construído no século 11. Nem sempre ela está aberta à visitação pública, mas quem sabe você tem sorte?

Oxford sempre funcionou como um imã, não somente para ciência, mas também para a literatura, e alguns dos melhores escritores ingleses passaram por aqui ou foram influenciados pelo lugar.

Lewis Carrol, um dos nomes mais conhecidos da literatura infantil e autor de Alice no País das Maravilhas lecionava em Oxford, e foi entre estes prédios que ele teve a inspiração para as histórias surrealistas de Alice, a rainha de Copas, o chapeleiro maluco, e toda companhia. Também Oscar Wilde, autor de O Retrato de Dorian Gray, estudou no Madgalen College de Oxford, e foi bastante influenciado pelo ambiente eclético da cidade.

 

Na área exclusiva de pedestres do centro estão as principais atividades comerciais, conveniências, centro de informações turísticas etc. Mas quem gosta de shoppings pode ir ao Westgate Shopping Centre, o maior de Oxford. Já o prédio do The Covered Market, inaugurado em 1772, é o lugar certo para quem procura produtos típicos das mesas inglesas, como lingüiças e queijos ou black pudings. Por aqui também é possível escolher uma Tea House para apreciar um bom chá com biscoitos amanteigados, scones e jam, bem à moda inglesa. Oxford é um lugar que recomendamos com convicção, pois é bonita, agradável, próxima de Londres e por ser pequena, dois dias serão suficientes para aproveitar o melhor da Cidade das Faculdades.