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Quando pensávamos em visitar Copenhagen ficávamos sempre com água na boca, e isto não tinha nada a ver com chocolates... A porta de entrada dos países Nórdicos, sempre exerceu um grande fascínio sobre nós, por seu povo, arquitetura e história. E mesmo já sob ventos gélidos de um final de verão ela soube ser acolhedora e agradável. Nem sequer a língua incompreensível foi um problema, já que todo mundo fala inglês perfeitamente. Já quanto aos preços.... Bem, o fato é que a cidade é uma delícia, tão saborosa e estimulante quanto uma boa xícara de chocolate quente numa gelada tarde de inverno.

Viajamos para cá de trem, vindos da Alemanha. E a surpresa começou muito antes de chegarmos à Copenhagen. Lá pelas tantas o trem entrou numa espécie de túnel e parou. Logo a seguir um fiscal no vagão anunciou alguma coisa em dinamarquês, e então todos os passageiros calmamente levantaram e saíram do trem, caminhando pelo tal túnel.

Como ficamos sozinhos no vagão, fomos até o fiscal e perguntamos em inglês o que estava ocorrendo. Para nossa surpresa ele informou que o trem tinha embarcado num ferry (navio que transporta outros veículos) e que durante 90 minutos estaríamos atravessando o mar. Assim, nós poderíamos, se quiséssemos, subir para o convés do barco e apreciar a travessia lá de cima.

Ainda surpresos descemos do vagão, e descobrimos que o tal túnel era na verdade um dos porões do navio. Lá estavam também diversos carros e grandes caminhões. Caminhando algumas dezenas de metros ao longo do trem estacionado chegamos a um saguão, onde um rápido elevador nos conduziu ao deck superior. Ao chegar lá é que constatamos, que nós dois, todos os outros passageiros e também o trem, não estávamos estacionados num túnel que nada, mas sim a caminho de Copenhagen, no meio do mar.

A foto acima mostra a praça Rädhuspladsen (praça da prefeitura), o prédio à direita. Ela é o coração da cidade, e costuma servir de ponto de encontro para manifestações populares, eventos políticos, etc. Na praça estão bancas de revistas, as carrocinhas de Danish Pølsevogne (cachorros quentes à moda Dinamarquesa), e alguns monumentos. O melhor programa desta praça é visitar o prédio da prefeitura e subir sua torre de 106 metros, de onde se tem a melhor vista da cidade. Construído entre 1892 e 1905, foi inspirado na arquitetura medieval. A praça é cercada pelo parque Tivoli, pela importante avenida Hans Cristian Andersens (o conhecido autor de tantas histórias infantis), e do lado oposto pela região conhecida como Strøget.

   

Nosso hotel em Copenhagen ficava bem próximo à estação central de trens (København H). A este respeito é interessante observar que isto é uma constante em muitas cidades européias. O trem, meio de transporte injustamente marginalizado no Brasil, continua a ser o mais importante por aqui. A estação central geralmente é o ponto nevrálgico das cidades, e dela irradiam as principais avenidas e partem linhas de metrô, modernos e silenciosos bondes, e ligações expressas para os aeroportos. Ficar hospedado próximo a uma estação de trem é garantia de acesso fácil e rápido a qualquer lugar. Mesmo assim nossa primeira caminhada foi a pé, e seguimos na direção de Strøget. Esta área designa a principal região comercial da cidade, sendo formada por um conjunto de ruas exclusivas para pedestres. Toda região é pontilhada por prédios históricos (foto ao lado), fontes, monumentos, lojas comerciais, de departamento, escritórios, restaurantes, bares, etc. Os dinamarqueses se orgulham em apresentar Strøget como o maior shopping a céu aberto do mundo. São tantas as construções bonitas por aqui que fica até difícil destacar alguma, assim o ideal é percorrer a região sem pressa, atentando para cada detalhe, e visitando este ou aquele prédio, conforme o interesse de cada um.

Ainda assim, um endereço que merece ser destacada em Strøget é Rundetårn, torre construída em 1642, com 35 metros de altura. Sua finalidade na época era servir como observatório, e ainda hoje, sua rampa em espiral é talvez a maior do gênero em todo mundo. Fica Aberta à visitação em horário comercial e de seu topo se tem uma excelente vista panorâmica do centro.

Outro local muito visitado na área é Helligåndskirken, a catedral de Copenhagen. É o mais antigo templo religioso da cidade, construído durante o século 14. Já a igreja Skt Nikolai Kirke, com imensas torres construídas inteiramente com tijolos, tem externamente um aspecto impressionante, mas pode desapontar quem a visita por dentro, já que foi convertida em local de exposições de arte.

Restaurantes por aqui não são baratos, como tudo na cidade, por isso escolha com calma onde fazer uma refeição. Depois de muito procurar descobrimos o Restaurant Lurblaeseren (Rua Frederiksberggade 27), que é barato para os padrões locais e tem pratos apetitosos e com porções generosas.

 

Seguindo sempre em frente pela rua Østergade você chega na praça Kongens Nytorv, a mais requintada da cidade, rodeada de prédios elegantes, como o Teatro Nacional Dinamarquês, o exclusivíssimo Hotel D'Angleterre e a mais elegantes loja de departamentos da cidade, a Magasin du Nord (foto ao lado). A construção da praça Kongens Nytorv data de 1670, e no seu jardim central (Krinsen) está uma estátua eqüestre do rei Christian V, esculpida em 1687. Este é um daqueles lugares bons para sentar um pouco no banco da praça, saboreando um Pølsevogne quentinho.

 

Outra boa loja de departamento na cidade é a Det Ny Illum (rua Østergade 52). Quanto ao transporte pela cidade, é excelente. Copenhagen tem dez linhas de metrô, conhecidas como S-train, todas passando pela estação ferroviária central København H. Dela também partem diversas linhas de ônibus da empresa HT (Hovedstadsomradets Trafikselskab), ligando o centro aos bairros e municípios periféricos.

Depois de passar pela praça Kongens Nytorv venha para Nyhavn. Em Copenhagen, todos os caminhos turísticos conduzem a este lugar. Antigamente uma suja e mal freqüentada zona portuária, Nyhavn foi completamente reformada é agora é a maior jóia turística da cidade. É um canal, ladeado por prédios coloridos que abrigam bares, restaurantes, e durante o verão, muito movimento.

 

O conjunto de construções coloridas de Nyhavn costuma fazer a alegria dos fotógrafos. Estas docas foram construídas em 1670, para estimular o comércio marítimo em Copenhagen, e antigamente separavam o lado respeitável da cidade, onde estavam situados o Castelo de Charlottenborg e as mansões elegantes, da zona popular, freqüentada por pescadores e comerciantes. Um de seus mais famosos freqüentadores foi o escritor Hans Christian Andersen.

Ninguém que visite Copenhagen pode deixar de vir a Nyhavn para fazer uma boa refeição num de seus restaurantes típicos. Geralmente o almoço é servido entre 11 e 16 horas, quando então a casas fecham e voltam a reabrir para jantar a partir das 18 horas. O prato típico mais famoso por aqui é o Smørrebrød, que consiste num tipo de sanduíche aberto à moda Dinamarquesa. Existem centenas de variações, com todo tipo de cobertura imaginável. Um restaurante famoso pela variedade de Smørrebrød que oferece é o Ida Davidsen (Kongensgade 70), a tal ponto que seu menu tem 2 metros de comprimento!

Agora, se você preferir um prato mais consistente, recomendamos o restaurante La Sirene ( Nyhavn 51), que tem um ambiente acolhedor e um serviço atencioso. Também é de Nyvahn que partem passeios turísticos pelos canais da cidade, pelas companhias Canal Tour Boats e Havnebussen.

 

Continuando a caminhada chega-se a Langelinie, mais bonita área da cidade à beira mar. Mas não espere encontrar praias por aqui. Mesmo assim o calçadão à beira da água segue ao lado de navios e iates ancorados. Dá para sentir aquele cheirinho gostoso de mar, quase sempre acompanhado por um vento que parece nunca parar de soprar, e que deixa bem claro porque se encontram por aqui tantos daqueles gigantescos cata-ventos destinados a gerar energia eólica. A caminhada ao longo de Langelinie segue pelo parque Churchillparken, a Igreja Inglesa, o monumento Frihedsmuseet (em memória aos heróis da segunda guerra), a bela fonte Gefion, com águas cristalinas, chegando finalmente ao mais famoso monumento de Copenhagen: Den Lille Havfrue. A estátua da Pequena Sereia foi esculpida por Edward Eriksen, em 1913, e logo tornou-se uma unanimidade nacional.

Para fazer a imagem desta tranqüila sereia, sentada sobre uma rocha, o artista inspirou-se no famoso conto de Hans Christian Andersen, escritor dinamarquês considerado o pai da literatura infantil. Entre suas obras mais conhecidas estão O Patinho Feio, O Soldadinho de Chumbo, O Rouxinol do Imperador, e claro, A Pequena Sereia. Praticamente todo mundo que chega aqui quer fazer uma foto desta escultura. O único detalhe é que a rocha onde ela está sentada fica um pouco afastada do cais, e é necessário pular de uma pedra para outra até chegar até ela, assim tome cuidado para não tomar um banho nestas águas geladas. Quem não gosta muito de caminhar, ou se o tempo não estiver propício para passear ao ar livre, pode optar pela linha de ônibus numero 1. Ela percorre todos os principais pontos turísticos da cidade, desde a estação Rødovre, até Ryparken, junto aos lagos que circundam a cidade.

 

Mas, como hoje está fazendo um dia bonito, vamos continuar caminhando. Depois de visitar a sereia, dobre à esquerda e siga na direção oeste. Você chegará no local conhecido como Kastellet, que abriga uma antiga guarnição militar cercada por um fosso. Lá está um charmoso moinho, rodeado por alguns antigos canhões, que tem agora por passatempo principal posar para fotos com turistas.

Toda área é cercada por um verde gramado, ideal para longas caminhadas ou para relaxar um pouco em baixo das árvores. Depois de visitar Castellet siga até o Nationalmuseet, um dos principais museus da cidade. Lá está contada toda história e cultura da Dinamarca, incluindo antiguidades, artefatos militares, pré-históricos, etc. Nos domingos de verão, costumam ser organizadas apresentações musicais.

 

Copenhagen à noite é um lugar com várias opções de lazer. Durante os meses frios os programas são preferencialmente em ambientes fechados, já que o clima gélido e a neve não encorajam ninguém a sair caminhando pelas ruas. Já durante o verão o endereço certo é o Tivoli, principal parque de diversões do país, e um dos maiores da Europa, situado bem ao lado da estação central. Inaugurado em 1843, o Tivoli tem uma entrada apoteótica, que lembra mais algum palácio rococó de luzes néon. Cruzando seus portões estão os tradicionais brinquedos vertiginosos, como montanhas russas, geringonças giratórias, etc, além de diversos restaurantes e pistas de patinação (durante o inverno). A entrada é paga, sendo que a programação do parque varia conforme a época do ano. É bom estar ciente que a estação de verão termina em meados de setembro.

 

Tire umas duas horas para dar um passeio até o Rosenborg Haver, parque com amplas alamedas arborizadas, árvores seculares e um excelente banheiro público - algo nem sempre fácil de se localizar, e em certos momentos muuuito importante :-)


Ao norte do parque você encontrará o portão que dá acesso ao Castelo de Rosenborg (Rosenborg Slot), foto ao lado. Ele foi construído durante a renascença dinamarquesa, por ordem do rei Christian IV, e serviu como sua residência de verão. Hoje em dia o castelo funciona como museu, e aqui estão em exposição diversos objetos da família real da Dinamarca, como as jóias da coroa e outros itens de valor histórico inestimável. Além disso, uma visita aos seus 24 quartos permite apreciar pinturas representando todos os monarcas da história do país, desde Christian IV até Frederik VII.

 

Outras visitas recomendadas na região central são à Galeria Nacional de Arte (Statens Museum for Kunst, na Solvgasse 48), Museu da Liberdade (Frihedsmuseet, no parque Churchillparken). E lembrando que este país também tem uma família real, nada mais natural que conhecer seu palácio. Desde 1794 Amalienborg é a residência oficial dos soberanos. O complexo real é composto de quatro palacetes, construídos em volta de uma praça octogonal, no centro da qual há uma escultura representando Frederik V, rei dinamarquês que ordenou a construção do palácio.

A atração do palácio que mais sucesso faz entre turistas é a troca da guarda. Soldados vestindo uniformes com grossos chapéus negros deixam o castelo de Rosenborg às 11:30 horas e marcham ao longo das ruas Gothersgade, Nørre Voldgade, Frederiksborggade, Købmagergade, Østergade, Kongens Nytorv, Bredgade, Sankt Annæ Plads e Amaliegade até Amalienborg. Depois da troca da guarda, eles marcham de volta, acompanhados de banda de música, pelas ruas Frederiksgade, Store Kongensgade e Gothersgade. Amalienborg está situado a pouca distância do cais Nyhavn.

 

Foto clicada na avenida Vesterbrøgade, entre a estação de trens e a praça da prefeitura. Uma das melhores formas de percorrer a cidade é de bicicleta. Existem diversos bicicletódromos em Copenhagen, onde você insere uma moedinha e libera uma bicicleta para ir onde quiser. Depois, quando não quiser mais pedalar, ou tiver chegado ao seu destino, basta estacionar no bicicletódromo mais próximo, devolver seu transporte e a máquina também lhe restituirá o valor depositado inicialmente. Ou seja, você não paga nada para andar. Existem cerca de 130 destes pontos espalhados pelo centro da cidade.

 

Quem gosta de castelos deve separar uma manhã para um passeio inesquecível: Vá até a estação central, pegue o S-Tog (metrô), linhas A ou E na direção de Hillerød (é a última estação de ambas as linhas). Ao chegar lá caminhe até o terminal rodoviário que fica ao lado e pegue os ônibus das linhas 301 e 302, que passam em frente à entrada de Frederiksborg Slot (castelo de Frederik). Todo este trajeto leva apenas meia hora. Frederiksborg é um castelo magnífico, construído pelo rei Christian IV, entre 1588 e 1648. São centenas de aposentos, câmaras, escadarias, e tudo mais que se pode esperar de um castelo.

Desde 1878 Frederiksborg Slot abriga o Museu Nacional de História, e nenhum outro lugar poderia ser mais apropriado para relatar os últimos 500 anos de história da Dinamarca. São milhares de objetos, mobílias, quadros, jóias, louças, tapeçarias, quadros a perder de vista, de nobres de diversas gerações. Merecem destaque especial no castelo sua belíssima Capela, Câmara de Audiências e a Grande Câmara (onde foi impossível não imaginar como deviam ser incrivelmente refinadas as noites de baile naquela época....). 

 

A língua falada no país é o Danish, um idioma difícil, diferente até mesmo da língua falada pelos países vizinhos, como Suécia e Noruega. Em compensação, quem fala inglês não vai passar nenhum aperto por aqui, já que todos aprendem, desde o primeiro grau, a falar diversos outros idiomas, principalmente o inglês. A moeda local é a Coroa Dinamarquesa (Krone, símbolo DKK), dividida em centavos (Øre).

Nossa passagem por Copenhagen foi bem mais rápida do que gostaríamos que tivesse sido, mas ao menos deu para matar um pouco a curiosidade sobre esta cidade tão distante e fria, e ao mesmo tempo com uma gente tão bonita. Deu até mesmo para já sentir uma pontinha de saudades antecipadas de København, quando ao por do sol daquela tarde de setembro, caminhamos mais uma vez pelas docas de Nyhavn