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Trecho da cidade visto de cima

Sim, é um país, o segundo menor do mundo, só perdendo em tamanho para o Vaticano. E sim, tem uma capital, uma língua própria e um soberano, o príncipe Albert II, que governa sob o sistema de monarquia constitucional, herdeiro direto da dinastia Grimaldi, a qual tem governado Mônaco desde 1297. Este pais tem área inferior a 2 km quadrados, é cercado pela França e pelo mar Mediterrâneo, e situa-se a pouca distância da fronteira italiana. Mas até ai nada demais, o que torna esta minúscula nação algo especial são justamente seus frequentadores, ou mais especificamente suas contas bancárias. Graças ao clima agradável, jogo legalizado e belo litoral, Mônaco tornou-se um dos endereços preferidos dos ricos e famosos de todo o mundo. Mônaco é badalado, exclusivo, privativo quase como um clube fechado, e as centenas de iates de luxo em sua marina são a prova mais evidente para turistas que eles estão um lugar diferente.

   

Geograficamente o Principado de Mônaco é um país totalmente urbano, dividido em quatro áreas: Monaco Ville (em destaque na foto ao lado, situada no alto do rochedo e frente ao palácio dos Grimaldi), Condamine (corresponde à área das marinas e iates, onde é disputada a famosa prova de Fórmula 1), Monte Carlo (área residencial e comercial, onde situa-se o Cassino) e Fontvieille (área de entretenimento e comercial). Há quem diga que em Mônaco nada se produz, que aqui ninguém trabalha e que a vida de seus moradores se resume a uma incessante roda gigante de prazeres, fútil e vazia. O que nós achamos? Bem, nem tanto ao mar nem tanto à terra. Mônaco é bonito sim, mas também não é nenhum paraíso. E vimos muita gente trabalhando por aqui sim, quase todos ligados à área de serviços e principalmente ao turismo.  


Le Rocher e Monaco Ville vistas da encosta

A maior parte das excursões turísticas dedica somente lgumas horas à visita de Monaco, geralmente despejando os turistas na frente do Cassino (foto abaixo), sem informar que, para entrar no salão principal de jogo, é preciso pagar uma taxa, e depois os leva até o terraço em frente ao palácio, mas não dá tempo suficiente para visitar seu interior. Pura injustiça. Assim foi com a gente em nossa primeira visita ao lugar, há muitos anos. Somente agora, quando voltamos a Mônaco por conta própria, é que pudemos ver a extensão do que tínhamos deixado de conhecer daquela primeira vez.

Nesta segunda visita estávamos de carro, e ao chegar nos chamou a atenção duas coisas: Como é difícil se orientar num lugar construído à beira da montanha, repleto de ruas íngremes e em zig zag para todo lado. E como são incríveis suas vias subterrâneas, com túneis e rotatórias (nunca tínhamos visto uma rotatória subterrânea), sempre movimentadas, perfeitamente sinalizadas e iluminadas. De certa forma Monaco nos fez lembrar de um imenso formigueiro subterrâneo, onde sob a agitação da superfície, corre sempre uma vida insuspeita, em alta velocidade, e onde nenhum espaço é desperdiçado.

Estávamos com um GPS, mesmo assim ele parecia não estar à altura dos labirintos monegascos. Depois de pegar algumas saídas erradas em rotatórias, entradas erradas em rampas, subidas em vez de descidas e idas para lá em vez de voltas para cá, chegamos à conclusão que seria melhor deixar o carro numa garagem e explorar o principado a pé. 


Cassino de Monte Carlo

Quase todo passeio turístico em Mônaco começa pelo Cassino de Monte Carlo (ao lado). O prédio, projetado por Charles Garnier, mesmo arquiteto responsável pelo prédio da Opera de Paris, é uma construção em estilo Belas Artes, situado em frente a um jardim e ao lado de um badalado restaurante. Mas ao contrário de outros cassinos, onde qualquer um pode entrar, o de Monte Carlo tem setores exclusivos. Tem, por exemplo, o pequeno setor turístico, com acesso gratuito, onde qualquer um pode entrar e tentar a sorte nas máquinas automáticas. E tem o setor especial, onde é necessário pagar uma taxa para ter acesso ao principal salão de jogos. E tem ainda setores exclusivíssimos, freqüentados pelos ricos e famosos. A decoração é lindíssima, mas nem pense em fazer fotos no interior, é proibido, assim como também não é permitida a entrada com bermudas ou chinelos.

Existem outros cassino em Monte Carlo, com entrada grátis e regras menos rígidas de acesso, mas nenhum é tão bonito quanto este. Curiosamente, cidadãos de Mônaco, estão proibidos de freqüentar o Cassino.

Quem quiser explorar todos os 2 km2 do país a pé e pensa que, por ser um lugar pequeno, pode percorrer tudo com facilidade, pode se decepcionar. O terreno do principado é espremido entre a montanha e o mar, e o desnível entre as partes é muito grande. Ou seja, à medida que você se afasta do mar vai subindo a montanha. A foto ao lado dá uma idéia do tipo de terreno predominante em Mônaco com prédios e residências subindo morro acima. Percorrer a região de carro nem sempre é uma boa idéia, devido à profusão de túneis, rampas e acessos, e quem não está acostumado com o lugar pode encontrar dificuldade em ir de um ponto a outro, mesmo que estejam próximos.
Residências subindo as encostas

Andar ainda é a melhor opção para conhecer esta cidade/país, mas como poucos tem a habilidade e disposição de uma cabra montanhesa é recomendável lançar mão de alguns recursos úteis. Por exemplo, a cidade dispõe de diversos elevadores, quase todos grátis, que ajudam pedestres a vencer os desníveis. Procure, por exemplo, pelos elevadores situados entre a Place des Moulins e o litoral; entre terraço do Cassino e Boulevard Louis II; entre Avenue des Citronniers e Avenue Grande Bretagne e alguns outros. Estes transportes públicos são essenciais para facilitar a caminhada entre os diversos níveis de Mônaco e nos centros turísticos geralmente encontra-se um mapinha com a localização de todos elevadores e planos inclinados do principado.

Outra alternativa, indicada principalmente para quem tem pouco tempo e quer ter uma idéia geral do lugar, é embarcar no trenzinho Azur Express, que faz um roteiro pelos principais pontos turísticos da cidade com cerca de 30 minutos de duração. O ponto de partida é em frente ao Museu Oceanográfico, na avenida Saint Martin.

Ou ainda, quem não estiver a fim de caminhar nem de embarcar no trenzinho turístico, pode optar pelos ônibus tradicionais. As cinco linhas são operadas pela Compagnie des Autobus Mônaco e suas mais de 140 paradas cobrem todo o país (Site: Ônibus em Monaco). Bilhetes podem ser comprados no próprio ônibus, ao embarcar, ou então em diversos postos e lojas espalhados pela cidade. Quem realmente quiser viajar à vontade no ônibus aconselha-se comprar o passe diário, que permite viajar quantas vezes quiser em qualquer uma das linhas. 

Não perca tempo fazendo sinal para um taxi em Mônaco, eles não param nas ruas, e para pegar um será preciso ir até um dos dois pontos principais (na Avenue de Monte Carlo ou na Estação de trens) ou chamar pelo telefone.

Uma forma original de ver o principado e ao mesmo tempo curtir as águas do Mediterrâneo é fazer o passeio a bordo do Aquavision, uma embarcação do tipo catamaran equipada com visores de vidro no fundo, permitindo apreciar as belezas submersas da região. A embarcação acomoda mais de cem pessoas  e o preço do ingresso é aceitável.   

 


Esquema do circuito de Formula 1 de Monaco
Não dá para falar em Mônaco sem lembrar de Fórmula 1, e poucas corridas tem mais fama e requerem mais técnica dos pilotos que a disputada ao longo destas ruas. O circuito de Mônaco foi disputado pela primeira vez em 1929, por iniciativa do inglês Anthony Noghès, patrocinado pelo Automóvel Clube de Mônaco e vencido por William Grover Williams, pilotando uma Bugatti. O desenho ao lado mostra o trajeto do circuito, quase todo disputado nos níveis mais baixos da cidade, região que corresponde a Monte Carlo. O circuito passa junto à marina, próximo ao Cassino, atravessa um túnel e tem curvas fechadas, sendo que a mais famosa delas é conhecida como 'La Rascasse', à esquerda do desenho. Quanto mais próximo da data da corrida for sua visita a Mônaco, mais frenética estará a cidade, com todos os preparativos.

Não estávamos lá no dia da corrida, e sim alguns dias antes, mas durante nossa visita vimos diversas arquibancadas sendo montadas ao longo do circuito.  Quem quiser assistir à corrida vai encontrar, além das arquibancadas, diversas ofertas em restaurantes e hotéis com vista privilegiada do circuito, organizando bufês com tudo incluído no dia da prova, bem como nos dias anteriores, quando são disputadas as posições de largada. Os preços são proporcionais à vista e também à proximidade com a data da corrida, e sinceramente, não são nada convidativos.

Entrou para a história a corrida de 1984, primeira disputada pelo ainda desconhecido Airton Senna, pilotando uma Toleman pouco competitiva. Após ter largado na décima terceira posição, Senna, que  parecia voar sobre a chuva, ultrapassou todos os outros competidores e só não foi campeão devido a uma manobra do diretor da corrida - Jacky Ickx - que alegando falta de segurança, decidiu encerrar a prova e considerar campeão quem liderava até a volta anterior, no caso seu amigo Alan Prost. Ainda assim Senna iria tornar-se o maior campeão do Grand Prix de Monte Carlo, tendo levantado a taça seis vezes, sendo cinco delas consecutivas, entre 1989 e 1993.
Vista de La Condamine a partir do palácio

De acordo com um censo recente, a população fixa de Monaco é de pouco mais de 30 mil pessoas, sendo que a maior parte é de franceses (35%), monegascos (como são chamados os nativos do principado, 22%), italianos (18%) e o restante composto por pessoas de nacionalidades diversas.


Guarda sóis da Plage du Larvotto

Estando situado à beira mar não poderia faltar uma praia à Mônaco, e na ausência de uma natural, foi criada uma artificial. A Plage du Larvotto, formada por estreita faixa de areia, tem a vantagem adicional de ser grátis e aberta ao público. Praia grátis pode parecer redundância numa terra onde todo o imenso litoral é aberto a todos, como no Brasil. Mas na verdade por aqui é comum a existência de praias privativas, exclusivas de condomínios e hotéis ou onde se precisa pagar para ter acesso. Larvotto, na verdade, é a única faixa de areia pública de Mônaco e durante os meses quentes de verão costuma ficar abarrotada de guarda sóis e barracas. Diversos restaurantes, bares e águas limpas fazem de Larvotto um local disputado entre moradores e turistas.

Por ser uma área plana e próxima a diversos parques, a região à beira mar é ideal também para caminhadas. Conseqüentemente (o que é bom) é também uma das áreas residenciais mais procuradas e freqüentadas de Mônaco. Conseqüentemente (o que não é bom) preços por aqui dispararam, principalmente dos imóveis ao longo da Avenue Princesse Grace, que corre ao longo da praia.

Muita gente faz confusão entre Mônaco e Monte Carlo, já que os dois nomes são famosos e parecem ocupar o mesmo lugar. Assim, não custa lembrar que Mônaco é o país, na verdade um país-cidade. E Monte Carlo é um de seus bairros, encravado na montanha, onde situa-se o famoso cassino, hotéis e muitas residências de luxo. Ao lado, o terraço do restaurante Cafe de Paris, situado praticamente em frente ao Cassino de Monte Carlo. Não recomendamos fazer uma refeição aqui, são caras. Em compensação, sentar numa mesinha dessas e pedir um café, chá ou cerveja, é algo que não se pode deixar de fazer, especialmente se o dia estiver bonito. 


Terraço do restaurante Cafe de Paris

Agora, para quem deseja uma refeição memorável e tem certeza que não vai passar mal ao receber a conta, recomenda-se um dos dois exclusivíssimos restaurantes da cidade, o Restaurant Louis XV e o Le Grill, ambos situados no famoso Hotel de Paris. Não fomos a nenhum dos dois, claro, mas fica aqui a sugestão.

Depois da refeição siga em direção à Salle Garnier, também conhecida como Monaco Opera House, projetada pelo renomado arquiteto Charles Garnier. Nem sempre ela está aberta à visitação, mas se você estiver passando perto vale a pena entrar para apreciar o magnífico auditório e as diversas pinturas decorativas de teto e paredes.  Por outro lado, a Princes Car Collection é uma atração imperdível para quem aprecia automóveis, carros de corrida e carruagens. Este museu de carros tem uma bela coleção, muito bem conservada.


Ruela de Monaco Ville

Ao lado, uma ruela de Monaco Ville, também conhecida como Le Rocher (a Rocha). Esta região é, de longe, a mais bonita e fotogênica do principado e não poderia ser esquecida em seu roteiro. Situa-se no alto da rocha (veja foto 2 desta página) onde foi construído o palácio dos Grimaldi, o que explica seu nome. O bairro é pequeno, formado basicamente por estreitas ruelas de pedestres, construções de aspecto medieval, com três ou quatro andares, fachadas coloridas e muitos restaurantes, lojinhas, bares, hotéis, estúdios etc. Uma verdadeira delícia de se percorrer e se deixar perder.

Le Rocher é o mais antigo bairro de Mônaco, e sua origem remonta às primeiras colonizações da região. Foi sobre esta imensa rocha encravada à beira mar que se estabeleceram as tribos vindas de Foceia, cidade asiática onde atualmente situa-se  Foça, Turquia. Aqui foi fundada a colonia Monoikos, seis séculos antes de Cristo. Muitos anos mais tarde, em 1297, François Grimaldi, disfarçado como monge franciscano consegue penetrar na fortaleza e abrir seus portões, permitindo a entrada de seus soldados e assumindo o controle da fortaleza. Graças a este episódio, até hoje os brasão de Mônaco ostenta a imagem de dois monges franciscanos (ver desenho no rodapé desta página).

Além de Monaco Ville, que por si só já justifica a visita ao rochedo, aqui  também situam-se duas outras importantes atrações da cidade, o Palácio dos Grimaldi e o Museu Oceanográfico de Mônaco.

Procure visitar o Jardin Exotique, um entre os diversos jardins de Mônaco, mas que se destaca por suas centenas de plantas raras, provenientes de diversas localidades. Uma atração adicional deste jardim é sua pequena gruta, aberta à visitação acompanhada por guias. Detalhe: Passeio recomendável somente para quem não tem problemas em subir grandes elevações, pois ao longo da caminhada sobe-se uma altura equivalente a cinco andares.

O Museu Oceanográfico de Monaco é sempre associado a um nome reconhecido em todo o globo. Foi dirigido pelo oceanógrafo Jacques Cousteau durante mais de 30 anos e graças a ele tornou-se uma das principais atrações da cidade. Visitantes vão encontrar no museu um belíssimo e enorme aquário, com espécimes dos mares tropicais e mediterrâneo. Depois, continuando a caminhada ao longo da Avenue Saint-Martin, chega-se à Catedral de Mônaco, construída no fim do século 19, e local do casamento do príncipe Rainier com a atriz Grace Kelly. Também aqui estão as sepulturas de muitos Grimaldi famosos, inclusive da própria Grace. Veja ainda as fontes e estátuas da Place Saint Nicolas, o Hôtel de Monnaies (construção do século 19), os jardins da Promenade Sainte-Barbe, a Caserna dos Carabineiros (século 18), e a antiga residência do escultor François Joseph Bosio.


Recanto de Monaco Ville

 


Penhasco sob o Palácio de Monaco

Uma visita a Mônaco deve incluir, necessariamente O Palácio, Monaco Ville e o Cassino. Para chegar ao primeiro basta (se você estiver de carro) seguir as placas de transito e depois de muitas curvas, rampas e alguns túneis, chega-se à entrada do estacionamento. E que estacionamento! São diversos andares, com dezenas de automóveis e ônibus turísticos lado a lado. Depois, pega-se o elevador até o andar de cima onde então uma escada rolante nos conduz ao pátio principal. A imagem ao lado fizemos num mirante situado nos fundos do estacionamento, e mostra a base dos rochedos sobre os quais foi construído o palácio, sempre batidas pelas ondas do mar Mediterrâneo. Inevitável ficar alguns momentos aqui, curtindo a beleza do mar e seu encontro com as rochas, e fazer algumas fotos.

Depois de sair do estacionamento e atravessar as ruelas de Monaco Ville chega-se ao largo situado em frente ao Palácio dos Grimaldi, mas não tenha pressa para entrar no palácio. Antes vá até a murada para apreciar uma vista estonteante do principado, suas praias, iates, prédios, as ruas onde é disputada a Corrida de Fórmula 1, tudo isto lá embaixo. Mais além você vai ver também as montanhas, e subindo a encosta em direção a elas, os prédios de luxo.

Vídeo: Monaco Ville 

A construção do palácio teve início em 1191, concebido para desempenhar as funções de uma fortaleza, pois havia muita gente interessada em tomar posse daquele terreno estratégico. Ao longo dos séculos o castelo foi cercado, atacado e bombardeado por diversos exércitos rivais, mas quase sempre resistiu. A última vez que o palácio trocou de mãos ocorreu justamente quando foi invadido pelos Grimaldi, e desde então, descontado um curto período de vinte anos, permanece com a mesma família.

Depois que os Grimaldi assumiram o controle da fortaleza, em 1297, eles passaram a governar como senhores feudais, e a partir do século 17, como soberanos. Somente no século 18 os Grimaldi deixaram o local, após uma rixa com com os vizinhos franceses. Na ocasião, todos tesouros do palácio foram levados para a França e os Grimaldi obrigados a permanecer em exílio por vinte anos.

O palácio tem uma grande mistura de estilos, o que é conseqüência de seus sete séculos de história e as muitas modificações feitas pelos Grimaldi em seu único castelo. Externamente há nítidas influências renascentistas, principalmente em seu terraço e sua fachada principal, enquanto a influência medieval permanece principalmente na fachada voltada para o mar.


Palácio de Monaco

Se sua visita ao palácio for ao meio dia aproveite para apreciar a Cerimônia da Troca da Guarda, apresentada em frente ao portão principal pelos Carabiniers, guardas encarregados da segurança da família real. A 'Compagnie des Carabiniers du Prince'  também se apresenta em ocasiões especiais, com sua banda de música. Não tivemos chance de assisti-la, mas nos garantiram que é muito boa.


La Malice, frente à entrada do Palácio

A estátua de François Grimaldi, conhecida como Malicia (la Malice), disfarçado como um monge, e segurando sua espada sob o hábito, destaca-se em frente ao palácio dos Grimaldi. O nome Malicia foi dado em referência à sua astúcia, conseguindo penetrar na fortaleza vestido como monge e abrir os portões para suas tropas invadirem a fortaleza. Desde este episódio, ocorrido em 1297, os Grimaldi nunca mais perderam o controle da fortaleza e, por extensão, da cidade a seus pés. Foram uma das famílias mais poderosas e influentes da Europa mediterrânea nas áreas de comércio, política e diplomacia. Atualmente, o primeiro nome da linhagem e cabeça da família é Albert II, Príncipe de Mônaco, nascido em 1958, filho de Rainier e Grace Kelly (leia sobre ela logo abaixo).

O declínio político dos Grimaldi aconteceu a partir século 19, quando Mônaco e Monte Carlo tinham se tornado, na Europa, sinônimos de decadência, jogatinas e refúgio de milionários e suas amantes, enquanto os soberanos de Mônaco preferiam morar em outros lugares. Em 1910, com o advento da Revolução Monegasca, os governantes foram abrigados a acabar com o sistema de monarquia absoluta, criar uma constituição e adotar um sistema de governo parlamentarista.

Após uma série de governantes inaptos e desinteressados, que passavam a maior parte do tempo badalando em Paris, foi o príncipe Rainier III que conseguiu salvar Mônaco de sua própria má reputação. A partir do momento que subiu ao trono, em 1949, passou a trabalhar com determinação como empresário e relações públicas, conseguindo nos anos seguintes restaurar a boa fama do principado, e ainda recuperar o castelo em todo seu esplendor.

A visita ao interior do palácio pode ser feita por conta própria, mas é proibido fazer fotos e vídeos. A visita costuma ser completada em aproximadamente duas horas. Destacam-se os ambientes conhecidos como Apartamentos de Estado, construídos durante o século 16 e com nítidas influências de Versalhes. Também impressionantes são a Galeria de Hércules, Galeria dos Espelhos, Sala Azul e Sala do Trono. Ao longo de toda visita estão em exibição jóias, louças, vestimentas, mobílias, trabalhos de arte, peças decorativas, históricas, relíquias e em destaque um grande painel fotográfico mostrando o príncipe Rainier, sua mulher Grace Kelly e os filhos.

Todo mundo sabe que é Impossível ir a Roma sem lembrar do Papa, assim como é impossível ir a Washington sem lembrar do Obama, não é? Pois também é impossível ir a Mônaco sem lembrar de Grace Kelly. Se você está chegando agora e não sabe que é ela (ou melhor, quem foi), imagine uma Deusa de Hollywood, acrescente a popularidade de Madona, a elegância da Princesa Diana, um jeitinho de Doce Namorada e... bem, já deu para entender, não é?

Grace Patricia Kelly começou sua carreira de atriz com vinte anos, na década de 50. Inicialmente em modestas peças teatrais e depois na televisão. Sua estréia no cinema foi em 1951, com uma ponta no filme 'Fourteen Hours', mas que não chamou muita atenção. Foi somente com Mogambo, ao lado de Clark Gable que teve seu talento reconhecido, e foi com este papel que ela ganhou o Troféu Golden Globe e uma indicação para o Oscar.

Outros sucessos vieram, como 'Dial M for Murder' (Disque M para Matar) e 'Rear Window' (Janela Indiscreta), ambos dirigidos por Hitchcock, e 'High Society' (Alta Sociedade, ao lado de Frank Sinatra). Em abril de 55, Grace integrava a comissão americana no Festival de Cinema de Cannes, quando foi convidada para visitar o Palácio de Mônaco, onde ficou conhecendo seu ilustre morador, Príncipe Rainier.

 
Grace Kelly, princesa consorte de Monaco

Ao mesmo tempo o príncipe procurava desesperadamente uma esposa. Suas razões não eram somente românticas, mas também políticas. Ele havia conseguido salvar Mônaco da decadência, mas sabia que o principal ainda estava por ser feito. Ele precisava de um herdeiro, e que fosse legítimo.

Um motivo extra de preocupação para o príncipe era o tratado assinado com a França em 1918, o qual estipulava que, caso ele não fizesse um herdeiro, Mônaco voltaria a ser possessão francesa. No mesmo ano em que conheceu Grace Kelly o príncipe viu que ela era a escolha perfeita. Em dezembro daquele ano viajou aos Estados Unidos e a pediu em casamento. Ela aceitou. A notícia teve o efeito de uma bomba em todo o mundo. Aquele seria o casamento do século e ao mesmo tempo o fim de uma carreira no cinema e o início de um conto de fadas moderno. Centenas de jornalistas solicitaram credenciais para cobrir a cerimônia, dos quais 400 tentaram fazer a viagem rumo a Mônaco a bordo do mesmo transatlântico que levou Grace e sua família, enquanto milhares de pessoas esperavam a futura princesa consorte nas ruas de Mônaco para lhe dar as boas vindas.

A cerimônia religiosa ocorreu em 18 de abril de 1956, na sala do trono do palácio, e foi transmitida para toda Europa. A lista de convidados tinha mais de 600 nomes, incluindo celebridades de Hollywood e da realeza européia. Os estúdios MGM (com quem Grace tinha contrato como atriz) conseguiram exclusividade para filmar toda cerimônia e depois exibi-la nos cinemas. Nunca mais Grace atuou.

O casal teve três filhos (Caroline Louise Marguerite, Albert II, atual príncipe de Mônaco e Stéphanie Marie Elisabeth), e ao que consta, uma vida feliz e ativa, com Grace dedicando parte de seu tempo a atividades beneficentes. Infelizmente o conto de fadas teve um final triste. Grace sofreu um grave acidente de automóvel nos penhascos da fronteira França-Mônaco vindo a falecer no dia seguinte, em setembro de 1982. Tinha 52 anos. Até hoje o local do acidente, continua sendo procurado por antigos fãs e turistas que vão a Mônaco.


Típica rua de Monte Carlo

Mas na verdade nem todos turistas lembram que Mônaco é um principado, que Albert II é o atual monarca, que é filho de Grace Kelly e que seu país/cidade é uma llha da fantasia financeira. O que turistas comuns (ou seja, aqueles que não não tem iate ancorado na marina) percebem ao afastar-se da zona litorânea, do cassino e do palácio, é que as ruas de Mônaco parecem com as ruas de outra cidade qualquer, mas tem algumas características próprias, como a constante declividade do terreno, o pouco espaço desperdiçado, a verticalidade de suas construções, calçadas e ruas estreitas, poucas vagas para estacionar, preços altos, poucas avenidas, prédios luxuosos em todas as direções, tudo limpo, elegante e com poucos pedestres, geralmente turistas, quase sempre à sombra das construções de luxo.

Não somente o francês é a língua de Mônaco. O país tem também sua língua oficial, o Monegasco (munegascu), idioma originado em Genova, Italia, região que controlava Mônaco durante o século 13. O aprendizado desta língua é mantido no pais, mas na prática, porém, ninguém fala o Monegasco, e ao que consta, somente os mais idosos ainda a usam em ocasiões especiais.  

Em quantos lugares a gente pode dizer que vê outro país da janela da sala? Pois de quase todos lugares em Mônaco a gente vê a França. Na verdade, em qualquer lugar de Mônaco a gente quase está na França. Em certos trechos do país a fronteira com o país vizinho é somente uma rua e no local conhecido como Beausoleil, por exemplo, um lado da Avenue Général Leclerc é território Francês, enquanto o lado oposto, nomeado Boulevard de France, é território de Mônaco. Na imagem ao lado, os prédios junto à Marina estão em Mônaco enquanto os mais afastados,junto à montanha, já estão em território francês. Não é de admirar, portanto, que a língua falada no país seja o francês e a moeda o Euro. Na prática, Monaco passa quase a impressão de ser um cidade francesa, com o detalhe de ter prédios mais altos que o normalmente encontrados em outras cidades.


Marina vista do terraço do Palácio

Ao percorrer a região de La Condamine, não deixe de passar no Marché la Condamine e no Mall Princesse-Caroline, que se destacam entre os estabelecimentos comerciais da região. Sim, os preços aqui não são convidativos, mas com sorte sempre se pode encontrar uma coisinha ou outra que valha a pena levar. Na verdade Mônaco não é o lugar certo para fazer compras baratas, mesmo porque nada aqui é barato. Mas quem estiver com euros sobrando na carteira irá se divertir nas lojas elegantes, situadas principalmente ao longo da Avenue Monte Carlo, Avenue des Beaux-Arts e Lumieres. Ao mesmo tempo, quem estiver interessado em compras pequenas e lembranças vai curtir mais uma visita ao Condamine Market, prédio de 1880 situado na Place d'Armes.


Típica rua de Monte Carlo

O aeroporto mais próximo de Mônaco situa-se em Nice, França. De lá é possível pegar ônibus expressos até aqui. A estação de trens de Monaco-Monte Carlo oferece serviços diários para diversas localidades da França e Italia, sendo que para Nice são diversas saídas por dia. Quem está de carro, chegará a Mônaco através de ótimas estradas, serpenteando entre o mar e a montanha, e o visual do trajeto é lindíssimo. Desnecessário dizer que também se pode chegar a Mônaco de barco. Port Hercule e Port of Fontvieille, os dois portos da cidade, podem receber embarcações de praticamente qualquer tipo.

Se tiver um tempo extra, aproveite para visitar, bem próximo a Mônaco, as ruínas do monumento romano conhecido como Troféu dos Alpes, situado na localidade vizinha de La Turbie, França (vídeo: Visitado o Trophée des Alpes). A cidade é uma gracinha, e o monumento, impressionante.

Mônaco não tem recursos naturais ou  parque industrial. O Principado atrai visitantes devido ao clima, à fama como resort e também por ser um paraíso fiscal, já que aqui não existem impostos. Aconselha-se visitantes que não queiram gastar mais que o necessário a não se hospedarem em Mônaco, pois hotéis por aqui são caros. É preferível hospedar-se numa cidade vizinha, como Ventimiglia (fronteira com Italia) ou Nice (França) e vir para cá passar o dia. O principado é um lugar extremamente seguro, com vigilância constante feita tanto pela polícia como por câmeras espalhadas em todo lugar. Sim, nós gostamos de Mônaco, mas pelo que vimos não há porque permanecer vários dias aqui. A maioria dos turistas irá se contentar com uma visita de dia inteiro, o que será suficiente para ver o melhor. Já para aqueles que tem um iate ancorado na marina e conta bancária que lhes permita usufruir todos os luxos e mordomias do principado, o compasso do tempo poderá ser outro.


Vista noturna do Principado de Monaco


Brasão de Mônaco