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Por muitos anos uma frustração nos acompanhou. Mesmo já tendo
visitado tantos outros lugares, no Brasil e exterior, ainda não
conhecíamos Belo Horizonte. E as imagens daquela cidade moderna,
vibrante e bonita, estampadas em sites e publicações turísticas estavam
sempre nos lembrando desta omissão e cobrando esta dívida, como a dizer
que não era mais possível deixar para adiante uma visita à capital das
Minas Gerais. Assim, foi com muita satisfação que finalmente chegamos à
capital do pão de queijo, da boa música, da cachaça, da boa prosa, e de
tantas outras gostosas mineirices. Mesmo assim, nossa recepção foi
menos gostosa do que pretendíamos, e acabamos sendo envolvidos, em
plena hora do rush, por centenas de veículos escorrendo por
avenidas congestionadas entre um mar de prédios, que acabaram nos
conduzindo para o lado contrário que pretendíamos e nos obrigando a dar
muitas voltas para acertar o caminho do nosso hotel. Já na chegada deu
para ver que BH é uma cidade grande. |
No
dia seguinte, com mais calma, fomos à descoberta de BH. Como esta é uma
cidade planejada, vimos que é praticamente impossível se perder por
aqui. O núcleo central é circundado pela Avenida do Contorno e se você
estiver de carro sugerimos começar a exploração da cidade percorrendo
esta dinâmica via. Prédios residenciais, hotéis de luxo, shoppings,
bares, cafés e restaurantes se sucedem, demonstrando a pujança da vida
da cidade. Partindo do Savassi, um dos melhores bairros da cidade, siga
em frente até a Afonso Pena, principal avenida de BH.
Siga
então reto, passando pela Praça Tiradentes, Parque Municipal e Praça
Sete, onde o famoso obelisco guarda o cruzamento com a Av. Amazonas.
Volte então pela Av Bias Fortes e procure estacionar na proximidades da
Praça da Liberdade, o coração de BH. Deixe o carro de lado e tire umas
duas horas para percorrer e pé esta região. Na Praça da
Liberdade (foto acima) você encontrará gente
caminhando, crianças brincando e uma atmosfera agradável, que
parece mesclar centro cívico, área de lazer e praça do interior. |
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Acima,
a vista que tínhamos da varanda de nosso hotel, o confortável Max
Savassi Apart Service. Sim, é tudo concreto e não tem praia em BH, o
que no Brasil é quase um pecado em termos turísticos, mas nem por isso
pense que você ficará sem opções de lazer, pois BH se especializou em
outras formas de lazer, que incluem desde excelentes espaços culturais,
shoppings, restaurantes e bares até o bom e agradável papo de amigos,
que faz as pessoas se reunirem e virarem as noites com uma boa prosa
mineira.
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O
interessante é que, mesmo sem praia e tendo crescido muito nas últimas
décadas, BH não passa a impressão de selva de concreto, conseqüência de
suas diversas praças e ruas arborizadas, pois esta foi uma cidade com
projeto inspirado nas belas cidades européias. Mas caminhar em Belo
Horizonte exige preparo físico, já que a cidade estende-se sobre
colinas diversas, e o sobe e desce é incessante. Talvez por isso digam
que poucas regiões do Brasil tem habitantes com melhor condicionamento
físico. Assim, prepare as pernas e vá até o Centro de Cultura de Belo
Horizonte (Rua da Bahia 1149), prédio em estilo neogótico com elegante
decoração, e que teve com função abrigar, em 1914, o Conselho
Deliberativo da Capital.
Depois continue até a Catedral
da Boa Viagem, construída em homenagem à N. Sra. da Boa Viagem,
padroeira de Belo Horizonte. Obra de 1932, com belos vitrais e altar
executado com mármore de Carrara, ela está aberta diariamente à
visitação. |
Acima, a fachada do Edifício
Niemayer, uma das construções mais famosas do centro. Aliás, tanto
Niemayer quanto JK são nomes muito lembrados por aqui, já que foi de
Minas que ambos saíram, para conquistar o Brasil e o mundo. Obras do
famosíssimo arquiteto e realizações de Juscelino Kubitschek
parecem estar em todo lugar, nos lembrando de suas importantes
contribuições para o país. Portanto, não deixe de visitar o Centro
Cultural Laces JK, onde situa-se o Liceu de Artes, Cultura, Esporte e
Saúde. O Liceu oferece um amplo painel de atrações culturais e
históricas sobre o estado de Minas Gerais.
Um
dos ícones turísticos de BH é a Igreja São Francisco de Assis, situada
às margens da Lagoa da Pampulha, norte da cidade. De linhas suaves e ao
mesmo tempo arrojadas, ela é considerada uma autêntica obra da moderna
arquitetura brasileira. Construída na década de 40 e entregue ao culto
religioso em 1959, a partir de 2005 foi transformada em Capela Curial,
e abriga em seu interior uma primorosa ornamentação em painéis em
azulejos, de autoria de Portinari, representando os quatorze passos da
Via Sacra. A obra é complementada por trabalhos de Ceschiatti e jardins
de Burle Marx.
Quase em frente à Igreja de São
Francisco, bastando atravessar a rua, situa-se o parque mais famoso da
cidade, o Parque Guanabara, repleto de brinquedos de todo tipo,
inclusive aqueles vertiginosos que tanto agradam aos que gostam de
emoções fortes e às crianças. |
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A
Praça Sete de Setembro, que de praça não tem nada, é o endereço mais
movimentado da cidade, sempre rodeada por um trânsito frenético e muita
gente apressada. Ela corresponde ao marco zero da cidade, exatamente no
cruzamento de duas das avenidas mais importantes de BH, Afonso Pena e
Amazonas, recebendo também o trânsito proveniente das ruas Rio de
Janeiro e Carijós. Não é exatamente um lugar turístico, mas se você é
daqueles que gostam de conhecer a verdadeira pulsação do centro de uma
cidade, seu comércio de rua, os prédios modernos, bancos, prédios altos
e todas as coisas afins, esta é uma região que tem muito para ser
explorado.
A praça Sete é demarcada por um obelisco -
conhecido como Pirulito da Praça Sete - doado à cidade na ocasião
das comemorações do Centenário da Independência do Brasil, em 1922.
Construído em granito, na forma de uma agulha com sete metros e apoiado
num pedestal quadrangular, ela costuma passar quase despercebido por
pedestres e veículos apressados. Quem estiver caminhando por aqui na
hora do almoço pode aproveitar para provar a legítima comida mineira,
servida em diversos restaurantes simples, mas de comida honesta,
situados na área central da cidade. Algumas sugestões são os sempre
lembrados feijão tropeiro, costelinha, frango ao molho pardo e lombo
com tutu à mineira. |
As
palmeiras imperiais que ornam uma das alamedas da Praça da Liberdade
fazem um convite irresistível para uma boa caminhada, e o ambiente
bucólico e elegante nos faz até esquecer que estamos no coração de uma
das cidades mais movimentadas do Brasil. Ao fundo vê-se a fachada
principal do Palácio da Liberdade, sede do governo
estadual. Inaugurado em 1898, o palácio foi palco de momentos
importantes na história de Minas e do Brasil. Sua decoração interna é
repleta de detalhes luxuosos, como escadarias de ferro e estrutura
importadas da Bélgica, salão nobre em arquitetura Luis XV, lustre de
cristal tcheco e outra preciosidades. Infelizmente nem sempre o palácio
está aberto à visitação pública. |
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Ao
lado, uma vista da Lagoa da Pampulha, lago artificial criado ao norte
de BH, em cujo entorno estão diversas atrações turísticas e culturais
como o Parque Lins do Rego, Jardim Botânico, Jardim Zoológico, Estádio
Magalhães Pinto (Mineirão), Estádio Felipe Drummond (Mineirinho),
Parque Guanabara, a Igreja de São Francisco e o Museu de Arte da
Pampulha, bem como belas residências. Se estiver procurando um bom
lugar para almoçar ou jantar nas imediações, sugerimos o Bete Balança
(Av Abraão Caram 868) ou o Farroupilha Grill (Av Abraão Caram 960),
ambos com comida variada e preços justos. Foi uma funcionária do parque
de diversões às margens da Pampulha que nos deu a dica, que acabou
sendo muito valiosa. |
O prédio do Museu de Arte da
Pampulha já é uma obra de arte em si mesmo. Primeiro projeto de
Niemayer, influenciado por Le Corbusier, ele foi criado originalmente
para funcionar como cassino, e passou a ser conhecido como Palácio de
Cristal. Com a proibição do jogo em todo o país, em 1946, foi fechado e
somente em 1957 seria reaberto, agora transformado em museu, com salas
de multimídia, bibliotecas e intensa programação cultural. Sua parte
externa teve projeto paisagístico foi assinado por Burle Marx e conta
com esculturas de renomados artistas plásticos.
Somos
fãs de Mercados Públicos. Em cada nova cidade que chegamos sempre
procuramos descobrir onde fica o mercado municipal da cidade e lá vamos
nós, à procura dos sabores e coisas típicas de cada terra. Muita gente
não lembra, mas na verdade estes mercados, que corajosamente
resistem ao avanço dos tempos modernos, continuam a comercializar as
coisas como antigamente e são sempre a melhor opção para sentir o
verdadeiro gostinho de cada lugar, seus costumes, artes e tradições. O Mercado Central de BH, neste aspecto, é uma festa para os olhos e
sentidos. Inaugurado em 1929, ele tem mais 400 bancas oferecendo
desde hortifrutigranjeiros, artigos do dia a dia, artesanato, cachaças,
panelas de ferro, curiosidades, pratos típicos até - só de pensar
já ficamos com água na boca - os maravilhosos doces mineiros.
Impossível descrever tudo que encontramos por lá, mas se você quer
mesmo um conselho inclua o mercado em seu roteiro, e não vai se
arrepender. |
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Ao
lado, a Casa do Baile, mais uma das obras de arte de Niemeyer, às
margens da Pampulha. Com linhas sinuosas e criativas ela é outra
das marcas registradas da cidade, mas apesar do nome, não espere
encontrar ninguém dançando neste local. Inaugurada em 1943, o prédio
funcionou como casa de baile até 1948, e costumava reunir a sociedade
para grandes eventos sociais, mas acabou fechando. Revitalizada
recentemente, o local agora abriga exposições. Vídeo: Casa do Baile
Tire uma tarde para visitar também o Parque das Mangabeiras. Situado
aos pés da Serra do Curral, o parque é um dos maiores redutos
ecológicos de Minas além da maior área verde da cidade. Matas nativas,
trilhas, animais silvestres, quiosques, brinquedos para crianças e
muito mais fazem deste um programa ideal para uma amena tarde de
domingo de sol |
Um dos maiores mistérios de BH
é a Rua do Amendoim. Nessa ladeira situada no alto da Mangabeira,
próximo à Praça do Papa, quando de desliga os motores dos carros eles
não descem a ladeira. Eles sobem! Experimente por você mesmo e depois
diga se encontrou a explicação para o fenômeno.
Ao
lado, outra imagem da Praça da Liberdade. A construção deste conjunto
arquitetônico teve início a partir do fim do século 19, e tinha como
finalidade receber o núcleo do governo estadual. As primeiras
construções seguiram o estilo neoclássico, mas ao longo das décadas
seguintes surgiram também prédios em estilo art-decô (Palácio Cristo
Rei) e mais tarde, já em estilo moderno, o Edifício Niemeyer e a
Biblioteca Pública. Nos anos 80 foi inaugurado o Centro Tancredo Neves,
dando ao conjunto uma aparência eclética e visualmente agradável, o que
é realçado por belos jardins e fontes luminosas. Mas se você gosta
mesmo de verde, imperdível é conhecer a Feira de Plantas e Flores
Naturais (Av Bernardo Monteiro, bairro funcionários), que às 6as feiras
reúne mais de cinqüenta expositores oferecendo flores e plantas
diversas, vindas diretamente dos produtores. |
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Vídeo: Praça da LIberdade
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Ao
lado, a Praça da Estação, como é conhecida a Praça Rui Barbosa. Ao
fundo, vê-se a fachada da antiga estação ferroviária de BH, construída
nos anos 20. Esta foi a principal porta de entrada da cidade, mas
também o local por onde chegou praticamente todo material para a
construção da nova capital de Minas, portanto o conjunto da praça e
estação formam um dos principiais marcos históricos da cidade.
Atualmente a praça constitui um dos melhores locais para eventos
públicos e shows de música. Também aqui acontece uma das
principais festas juninas do país, o Arraial de Belô. Fazem parte do
Conjunto arquitetônico local o Centro Cultural da Universidade Federal
de Minas Gerais, a Serraria Souza Pinto e o Viaduto de Santa Tereza,
todos marcos da construção da nova capital das Minas Gerais. |
Ao
lado, Avenida Afonso Pena, a principal da cidade. Inaugurada ao mesmo
tempo que a nova capital de Minas Gerais, ela é o coração econômico da
cidade, cobrindo uma distância de quatro quilômetros através do centro
e cortando os bairros de Funcionários, Serra e Mangabeiras. Belo
Horizonte surgiu de um projeto do urbanista Aarão Reis, que se inspirou
em outras grandes metrópoles européias, criando generosos espaços
verdes, amplas avenidas e boulevards. O nome da cidade somente seria
adotado bem mais tarde, em 1906, quando Belo Horizonte foi oficialmente
adotado como denominação oficial. Ao longo da Avenida Afonso Pena estão
diversos monumentos históricos e culturais que merecem ser visitados,
com destaque para os prédio da Prefeitura, o Cine Teatro Brasil, a
Igreja São José, Teatro Francisco Nunes, Automóvel Clube, o Palácio da
Justiça , Conservatório da UFMG, Palácio das Artes e o histórico Café
Nice.
Destaca-se nesta relação o Palácio das Artes
(Av Afonso Pena 1537), belíssimo prédio onde sempre acontecem
exposições, mostras e eventos culturais. No local estão dois teatros,
galerias de arte, cinema, livraria, café e o ótimo Centro de Artesanato
Mineiro. |
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Se estiver visitando BH num
domingo aproveite para conhecer também a Feira de Arte e Artesanato da
Afonso Pena, que funciona entre 8 e 14 horas, e reúne milhares de
expositores, com diversos tipos de trabalhos. Ao longo dos anos esta
feira cresceu tanto que precisou ser transferida da Praça da Liberdade
para um local mais amplo, e desde 1991 está na principal avenida da
cidade.
BH é também muito bem servida
de shoppings, começando pelo ótimo BH Shopping, e continuando pelo
Shopping Del Rey e Minas Shopping, para citar somente os maiores. Na
entrada sul da cidade, bem próxima ao BH Shopping situa-se o melhor
mirante da cidade, a Torre Alta Vila, que dispõe de um restaurante
panorâmico, plataforma para body jumping e principalmente um ponto de
vista privilegiado para fotos incríveis.
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Nossa
visita a Belo Horizonte serviu para acabar com a frustração que
tínhamos em ainda não conhecer uma das cidades mais importantes do
Brasil. Mas a verdade é que criou também um outro problema. Descobrimos
que precisamos voltar lá, para conhecer tantas outras
coisas que não deu para ver nesta primeira vez. E para quem diz que uma
cidade tem que ter praias ou rios para ficar bonita, bem.. Belo
Horizonte, sem trocadilhos, coloca esta teoria por água abaixo. Pode-se
mesmo dizer que BH é bonita como uma gema rara e vistosa com um
brilhante. Afinal, nada mais natural para uma região que ganhou nome em
referência à riqueza de suas minas. Moderna e tradicional, tranqüila e
boêmia, BH tem não somente horizontes muito belos, mas também ruas,
praças, música, cultura, gastronomia e gente bonita. Tudo que uma
cidade precisa e deve ter para ser um lugar gostoso. |
Ocevê quilocura sô! Num équi beuzonti tabunituai!
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