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Primeira capital brasileira, fundada pelo português Tomé de Souza em 1549, a história de Salvador confunde-se com a do Brasil. É praticamente impossível contar a história de uma sem falar também na outra. E isto vale também para a cultura, artes, gastronomia, economia, sociologia e por aí vai. Por isso, conhecer Salvador da Bahia não é apenas um prazer, mas quase uma obrigação para quem quer conhecer as verdadeiras origens brasileiras. Assim, quando chegamos lá, nossas expectativas era muitas. E não nos decepcionamos. Encontramos lá um povo que parece estar viver de bem com a vida, curtindo as coisas boas de cada dia, uma de cada vez, como todos deveriam fazer. A foto ao lado foi feita em nosso primeiro dia na cidade, ao recebermos as boas vindas da terra de Iemanjá, oferecidas pelo maravilhoso Farol da Barra.

   

Dizem que Salvador tem 365 igrejas, uma para cada dia do ano. Na verdade o número é menor, mesmo assim existem dezenas e dezenas. E nenhuma visita a Salvador seria completa sem conhecer algumas destas obras primas. Comece pela Igreja de São Francisco. Construída entre 1708 e 1750, seu interior representa o ideal português de uma igreja dourada. Embora o ouro que recobre seu interior não tenha valor comercial, é quase impossível conter uma exclamação de espanto ao entrar neste templo santo e ver seus tetos e paredes dourados.

Depois visite a Catedral Basílica. Situada no Terreiro de Jesus, construída entre 1657 e 1672 com paredes revestidas de mármore, ela está situada numa das partes mais altas da cidade, e por isso conta-se que era avistada de longe pelos navios que se aproximavam da Baía de Todos os Santos, lhes oferecendo proteção e bênçãos ao chegar ou partir. Nela foi ordenado o padre José de Anchieta. 

 

Foi nestas terras Baianas que nasceu nosso país, quando Pedro Alvarez Cabral avistou, em 22 de abril de 1500, o Monte Pascoal. E em pouco tempo, Salvador iria se transformar num dos mais importantes centros históricos e culturais daquelas novas terras do outro lado do oceano, a tal ponto que em 1763 a cidade já era o maior centro urbano do hemisfério sul. A parte central de Salvador divide-se em Cidade Alta, construída sobre colinas, e Cidade Baixa, à beira mar. A foto ao lado foi clicada na Cidade Alta, na Praça Castro Alves, aquela sobre a qual Caetano Veloso já cantava: A Praça Castro Alves é do povo, como o céu é do Avião...

 

Para aquelas comprinhas que não podem faltar em nenhuma viagem, recordações, artesanato, redes, camisetas, instrumentos musicais, estátuas das divindades religiosas etc, o lugar certo é o Mercado Modelo. Este imenso casarão em estilo neoclássico foi construído na segunda metade do século 20, sobre o mar, no mesmo local onde funcionava a alfândega. Após ser submetido a ampla reforma, oferece agora um ambiente agradável e envolvente, onde se pode passar horas apreciando toda a rica variedade artesanal da Bahia. No segundo andar há também um ótimo restaurantes especializado em culinária Baiana. O Mercado Modelo fica localizado na Cidade Baixa, a cem metros do famoso Elevador Lacerda.

 

 

Quem, infelizmente, dispuser de apenas um dia para visitar Salvador nem há o que pensar: Vá direto ao Pelourinho. Trata-se de uma área relativamente pequena, com menos de dois quilômetros quadrados, formada por íngremes ladeiras com calçamento de pedras e dezenas de prédios históricos tombados, considerados patrimônio universal. O lugar é de uma beleza única e parece até hoje ter estacionado no tempo. Na prática, o Pelourinho era o coração, pulmão e artérias da antiga Salvador. Visitar a Bahia e não provar um Acarajé ou Vatapá é impensável. Felizmente isto não será um problema, pois eles são vendidos por baianas vestidas a caráter, em qualquer ponto da cidade. Mas lembre que na Bahia um prato quente significa com muita pimenta e frio com pouca pimenta.

 

Estas casas do Pelourinho abrigavam todo tipo de atividade colonial, e nem é preciso muito esforço para imaginar este mesmo lugar na época do Brasil colonial, quando ricos senhores de engenho e comerciantes, vinham ao Pelourinho para negociar, comprar ou vender de tudo, inclusive seus escravos.

Salvador foi o maior e mais importante porto de chegada no Brasil dos escravos trazidos da África, o que explica que cerca de 80% dos moradores da cidade são descendentes da raça negra. Não devem deixar de ser visitados no Pelourinho o prédio da Fundação Casa de Jorge Amado e o Museu da Cidade, que são na verdade os dois principais e maiores prédios do Largo do Pelourinho.

 

Mas a Bahia não é feita somente de história e tradições e quem não consegue ficar muito tempo longe dos modernos shoppings não tem porque se preocupar. Basta ir ao Shopping Iguatemi (o maior da cidade), Shopping da Barra (o de melhor localização, próximo ao litoral e perto do Morro do Cristo, onde estão diversos bons hotéis). A foto aérea ao lado mostra em primeiro plano, o famoso Farol da Barra, e mais atrás, a imensidão de modernos prédios residenciais e comerciais que se espalham por toda Salvador.

 

Mas cá entre nós, pouca gente vem à Bahia para ver modernos prédios residenciais e comerciais, afinal, hoje em dia, eles estão em quase todos os outros lugares. O melhor aqui é aproveitar cada minuto para conhecer o que existe somente aqui. E isto se traduz numa palavra única: Pelourinho. Toda esta área vem sendo submetida a um cuidadoso trabalho de preservação histórica aliado a uma inteligente exploração turística. Isto transformou o local num agradável shopping a céu aberto, onde estão dezenas de restaurantes, lojas de artesanato, museus e casas de espetáculos musicais. Praticamente todas as noites acontecem apresentações de artistas e ritmistas locais, e um dos programas mais agradáveis para um turista é percorrer estas ruelas seguindo o som da música ou sentar numa destas mesinhas, pedir um bom prato de comida baiana e deixar a noite passar sem pressa alguma. Repare na foto acima a decoração de São João, que ornamentava todas as ruas do Pelourinho quando estivemos lá.

 

Situado ao norte da cidade, o Farol de Itapoã não está aberto à visitação, mas em compensação pode-se passar quase por baixo, sob os arcos de sua estrutura de apoio. Esta é uma das regiões de praias mais belas de Salvador, e é impossível não sentir vontade de ficar para sempre por aqui e lembrar daquela canção de Toquinho e Vinicius de Moraes: Passar uma tarde em Itapoã, ao sol que arde em Itapoã, ouvindo o mar de Itapoã, falar de amor em Itapoã...

 

A estrutura principal desta foto é do Elevador Lacerda, mais importante e movimentada ligação entre Cidade Alta e Cidade Baixa. Inaugurado em 1868, substituído em 1928 por um sistema elétrico e novamente reformado há poucos anos, este é um daqueles passeios que ninguém pode deixar de fazer. Todos os dias, mais de 50 mil pessoas vencem o desnível de 85 metros entre as duas partes da cidade num de seus quatro modernos elevadores. A viagem não é grátis, mas o bilhete é tão barato que seu custo é praticamente simbólico. Ao lado do embarque superior do Elevador Lacerda há uma loja vendendo sucos de frutas deliciosos, e uma agência do órgão oficial de turismo de Salvador. Apenas lamentamos que, estando de frente para uma vista tão fantástica, o elevador não tenha cabines panorâmicas de vidro. Quem sabe numa próxima reforma? 

 

Ao lado uma imagem da Lagoa do Abaeté. O cenário formado por suas águas cristalinas, areias brancas e rica vegetação forma um conjunto que nos fez lembrar alguma miragem dos contos de mil e uma noites. Mesmo assim é bom saber que apesar da aparência tranqüila suas águas são perigosas, e por isso só é recomendável nadar junto às margens. O contorno da lagoa foi recentemente reformado e agora tem uma boa área de lazer pavimentada, com bicicletas de aluguel e um ótimo bar restaurante com música ao vivo.

 

Desde o nascimento Salvador se dividia em Cidade Alta e Cidade Baixa. Na Baixa estavam situados os armazéns, portos e principais casa comerciais. Na Alta ficava a administração política e religiosa. A ligação entre as duas cidades era feita por ladeiras, que até hoje existem. A cidade foi a primeira capital do Brasil, entre os anos de 1549 a 1763, e primeira metrópole portuguesas nas Américas. A partir de 1550 começaram a chegar os primeiros escravos negros trazidos da África, de países como Nigéria, Angola, Senegal, Congo e Moçambique. Percorrer estas antigas vielas é quase como voltar no tempo, e vivenciar aquela época da história brasileira.

Ao lado, outra imagem feita nas ladeiras que compõem o Pelourinho. A melhor forma de vencer estas ruas íngremes com calçamento irregular é usar um bom sapato à prova de escorregões. Quando sentir fome, não deixe de fazer sua refeição também num dos ótimos restaurantes existentes no Pelourinho. Entre os mais simpáticos, oferecendo comida típica e ambiente agradável estão o Mama Bahia (rua das Portas do Carmo 21) e o Pomerode (rua Alfredo de Brito 33). Ou então vá ao Senac, que num ambiente mais informal serve ótimas refeições a preço fixo, sobremesas incluídas. Quem estiver a procura de um restaurante super especializado em comida baiana pode ir direto ao Restaurante da Dadá, conhecido como um dos melhores da cidade. Praticamente todo mundo sabe onde fica. O nome é referência à fundadora do grupo, Aldaci dos Santos, lavava tachos de barro para pagar o aluguel. Mas desde aquela época, seu geito para cozinhar era reconhecido. Aos poucos, Dadá tornou-se o nome mais conhecido em Salvador, responsável por delícias como  bobó de camarão, pirão, moqueca de peixe, acarajés, vatapá, caruru e doces típicos diversos, como o famoso tamarindo.

 

Ainda no Pelourinho, siga pela rua Alfredo Brito até a Igreja do Santíssimo Sacramento (construção de 1737). Sua imensa escadaria frente à fachada principal lhe transforma num endereço marcante, ideal para fotos dramáticas. Aqui foi feita a famosa cena de O Pagador de Promessas, único filme brasileiro ganhador da Palma de Ouro no festival de Cannes. A igreja tem cinco altares em estilo rococó e foi próximo a ela que, em 1549, Tomé de Souza fundou Salvador, sobre uma colina estrategicamente situada de frente para o mar. Conheça ainda a igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, construída por escravos e negros libertos, com torres de influência indiana e fachada em estilo barroco e rococó.

 

A melhor forma de conhecer o litoral de Salvador é caminhando. Nesta foto já tínhamos deixado o Farol da Barra para trás (ao fundo) e seguindo pela praia chegamos ao Forte Santa Maria, onde estão estes antigos canhões enferrujados deixados pelos portugueses. Na época colonial os portugueses mantinham aqui centenas de engenhos de cana de açúcar e tabaco. Junto com o Pau Brasil e o ouro estas riquezas muito contribuíram para as finanças da coroa portuguesa assim como para despertar a cobiça de holandeses e franceses. Violentas batalhas foram travadas nestas águas pelo controle das terras brasileiras, todas devidamente rechaçadas pelos portugueses. E estes canhões, embora hoje aparentem ser peças de museu, tiveram muito trabalho naqueles anos.

 

Partindo da cidade baixa e seguindo na direção oposta à Barra chega-se em poucos minutos à Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, padroeiro dos baianos, e famosa pelo ritual de lavagem de suas escadas. Embora menor que as anteriores ela também não pode faltar em nenhum roteiro. Com certeza você será assediado por vendedores lhe oferecendo as tradicionais fitinhas coloridas do Senhor do Bonfim.

Coloque uma fitinha colorida no pulso e leve também para presentear seus amigos. Segundo a tradição, essas fitinhas devem ser usadas até caírem por conta própria, quando então aquele seu desejo mais íntimo se tornará realidade.

 

Após a visita à igreja do Bonfim, siga na direção do litoral e aproveite para conhecer mais um dos fortes desta região, o Forte Humaitá, totalmente recuperado pelo exército, e agora aberto à visitação pública.

E ao cair da noite, o endereço certo para encerrar este dia em Salvador com uma experiência memorável é jantar no excelente Solar do Unhão (Av do Contorno s/n), construção do século 17, onde funciona o Museu de Arte Moderna da Bahia, com diversas obras de artistas brasileiros. Em certas noites, o Solar exibe shows de música e dança folclórica, um espetáculo inesquecível. 

 

No dia seguinte volte à Igreja de São Francisco (um dia é pouco para conhecer tudo que ela tem a mostrar) e visite o Claustro de seu mosteiro. Este pátio interno era decorado em sua totalidade por elaborados painéis azulejados, pintados pelos missionário Jesuítas e Beneditinos. Além de belíssimos como obra de arte, os temas utilizados são também muito interessantes, por fornecerem um exemplo das tentações, devoções e angústias que freqüentavam a mente das pessoas naquela época. Cada painel é uma história completa, com temas que cobrem desde a agricultura à avareza, da certeza da morte à virtude, da disciplina à filosofia. 

 

Um dos maiores encantos da Bahia é justamente esta sua capacidade de unir história, cultura, tradições, religiões e paisagens, formando um mosaico que não encontra concorrentes em lugar algum. É uma terra para se visitar muitas vezes, e a cada uma delas aprender um pouquinho mais sobre nossa história e nossa gente. A imagem ao lado foi feita no Morro do Cristo. Sim Meu Rei, existe uma bela estátuda do Cristo também aqui em Salvador. E este local, situado entre os bairros de Ondina e Barra, oferece uma das melhores vistas do litoral.

No dia seguinte, deixamos Salvador bem cedinho, e ao sobrevoarmos o litoral e vermos a cidade ficando para trás aos pouquinhos, lembramos daquele inesquecível compositor, que em uma de suas canções dizia que Bahia é a Terra da Felicidade. Imposssível não concordar. Ele sabia das coisas.