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O
que se sente cada vez que se volta à cidade natal? Sempre que voltamos
à Porto Alegre, e quando o avião, quase chegando, faz a curva final de
aproximação e sobrevoa o Guaíba, deixando ver à direita o centro da
cidade, lá embaixo a chaminé do Gasômetro, e quase dá pra ver a rua
Garibaldi, é difícil não ficar emocionado, afinal,
estamos voltando pra casa. E ver que a mais meridional capital
Brasileira, com pouco mais de 250 anos de idade, continua um daqueles
lugares que cresce na medida certa, globalizada, mas sem perder
regionalismos, como um smartfone acompanhado de chimarrão. É aqui
onde estão alguns dos mais altos índices de desenvolvimento do país, e
onde muitos visitantes confessam, surpresos que isto aqui
não parece Brasil. Mas a Capital dos pampas é sem dúvida
orgulhosamente Brasileira. E ao mesmo tempo, orgulhosamente Gaúcha. |
Vídeo: Aterrisando em Porto Alegre
O
fato de ter crescido e se desenvolvido distante do centro do país, e
portanto menos sujeita à sua influência, deu à Porto Alegre e aos
gaúchos algumas características únicas. Entre estas características
destaca-se a manutenção até hoje de fortes tradições
históricas. Típicas vestimentas gaúchas, bombachas e palas são
freqüentes pelas ruas. Em qualquer lugar da cidade vê-se gente tomando
chimarrão, com cuia e garrafa de água térmica a tiracolo. CTGs (Centros
de tradições gaúchas) proliferam, onde desde pequenas, as crianças
aprendem as danças e músicas da terra. Festivais de música nativista
atraem multidões e o gauchês continua sendo falado como sempre.
Um
dia foi feito um concurso para escolher o símbolo ideal de Porto
Alegre, e o resultado, escolhido por grande maioria, foi a estátua do Laçador,
mostrada aparece ao lado, e que representa o gaúcho campeiro, pilchado
(com roupas típicas). Sim, gaúchos são tradicionalistas e suas
tradições continuam sendo cultivadas como nunca. Visitantes podem
conhecer um pouco destas tradições num dos diversos CTGs, onde são
apresentados shows de música nativista, danças típicas, acompanhados
por muito churrasco e chimarrão. Entre as danças folclóricas mais
conhecidas estão a Tirana, Balaio, Pezinho e Pau de Fita. A Chula, um
desafio de sapateado, é também muito famosa, assim como a Dança dos
Facões. Entre os mais conhecidos CTGs estão o Galpão Crioulo (no Parque
da Harmonia) e CTG 35 (Jardim Botânico). |
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Depois
vá dar uma caminhada pela centro e conhecer a Porto Alegre do século
21. Comece pelo histórico coração comercial de Porto Alegre,
percorrendo a Rua da Praia (ou dos Andradas) que de praia só tem o
nome. Antes do surgimento dos shoppings e modernos centros comerciais
era este o lugar onde tudo acontecia, e mesmo hoje em dia, a rua ainda
guarda boas lojas e muito movimento. Depois caminhe até o Memorial do Rio Grande do Sul (Rua 7 de Setembro 1020, onde estão documentos históricos do RS, restaurante e livraria).
Uma caminhada por Porto Alegre certamente inclui muitas subidas e
descidas, pois a partir do primeiro núcleo às margens do rio Guaíba, a
cidade continuou a crescer sobre as suaves colinas (coxilhas, em
gauchês), que circundam o centro. Ao todo são 40 morros. A própria
Avenida Borges de Medeiros, principal da cidade (imagem ao lado),
começa no centro, sobe até o Viaduto da Rua Duque de Caxias, e segue
até os bairros da cidade baixa.
Vídeo: Viaduto da Borges |
Dois prédios importantes no centro são o Palácio Piratini,
sede do governo estadual, prédio em estilo Luiz 16, projetado pelo
arquiteto francês Maurice Grãs com painéis internos assinados por Aldo
Locatelli, destacando-se os que retratam a lenda do Negrinho do Pastoreio, a mais conhecida do Rio Grande. Bem ao lado está a Catedral Metropolitana,
com arquitetura inspirada na renascença italiana. Suas torres lembram o
modelo das construídas na época das missões jesuíticas e sua cúpula, de
75m de altura e 18m de diâmetro é uma das maiores do mundo.
Vídeo: Rua central |
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O piso de pedra que aparece nesta foto é da Ponte de Pedra
do Parque dos Açorianos, construída em 1854 e que fazia a ligação do
centro com as antigas chácaras da cidade. Este foi um dos pontos
iniciais da cidade, e está tombado desde 1979. Ao fundo à direita vê-se
um dos prédio do centro administrativo, e à esquerda, vê-se parte do Monumento aos Açorianos,
construído na forma de uma caravela, em homenagem aos 60 casais vindos
da Ilha dos Açores, Portugal, que se estabeleceram às margens do Rio
Guaíba em 1752, dando origem à cidade de Porto Alegre. Pouco adiante
está o Parque Marinha do Brasil, uma das maiores áreas verdes da cidade às margens do Guaíba, com fama de exibir os mais belos poentes da cidade.
Não deixe de conhecer a Casa de Cultura Mario Quintana (Rua da Praia 736), em homenagem ao maior poeta gaúcho, e complete o roteiro cultural indo ao Museu Júlio de Castilhos
(Rua Duque de Caxias 1231, residência do antigo ex-presidente do RS),
com valioso acervo histórico sobre a formação do estado
gaúcho. Mas não deixe sua visita limitar-se à região central. Tire
uma tarde para conhecer os bairros residenciais de Petrópolis e Bela
Vista, onde estão algumas das mais belas residências da cidade.
Vídeo: Ponte dos Açorianos |
Shoppings
são praticamente iguais em qualquer lugar, por isso viajantes
experimentados sabem que os verdadeiros sabores e tradições de cada
terra devem ser procurado fora deles. Se você quer encontrar produtos
típicos do Rio Grande, shimiers de pura fruta, feitas na colônia alemã,
lingüiças, salames e queijos diversos, feitas pelos descendentes
italianos, vinhos deliciosos da serra gaúcha, doces de Pelotas, carnes
de Bagé, erva mate de todos tipos, cuias de chimarrão feitas de
porongo, curiosidades diversas e muito, muito mais o lugar certo é no Mercado Público. |
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Situado
no centro e inaugurado em 1869 em estilo neoclássico, o prédio do
Mercado Público foi salvo da demolição graças ao clamor popular. Em
1996 foi submetido a uma completa reforma, que manteve por fora a
mesma aparência de quase 150 anos atrás, e por dentro o deixou moderno
e funcional. Não deixe de conhecer os sorvetes da Banca 40, os melhores
da cidade e as delícias da Banca 38. Anexo ao mercado funciona também
um dos mais tradicionais restaurantes da cidade, o Gambrinos, informal, mas com ótima colinária e chope muito bem tirado.
Vídeo: Mercado Público |
Para
ter uma vista completa da cidade vá até o Morro Santa Teresa (ao lado),
um dos mais altos de Porto Alegre, onde estão os estúdios e antenas de
TV. De lá pode-se ver grande parte do centro e bairros vizinhos, o rio
Guaíba e logo abaixo o estádio de futebol do Internacional (vulgo
Colorado) conhecido como gigante da Beira Rio. E quem curte mesmo futebol não pode deixar de conhecer também o novo estádio do Gremio, conhecido como Arena do Grêmio. Os dois estádios tem excelentes churrascarias abertas ao público. |
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E caso você não lembre, a
população de Porto Alegre divide-se em duas espécies opostas pelo
vértice, facções eternamente rivais, ambas fanáticas e sempre uma
provocando a outra: Os adoradores do azul e os apaixonados pelo
vermelho, mais conhecidos como Gremistas e Colorados. Assim, tome
cuidado para não vestir a cor errada quando for ao estádio de um
deles... :-) E se tiver oportunidade não deixe de assistir ao
maior clássico do futebol gaúcho, conhecido como Gre-Nal. É bonito
barbaridade tchê!
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Conheça
ainda a praia fluvial de Ipanema, com diversas áreas de churrasco,
bares, restaurantes, ciclovia e local de freqüentes competições de
windsurfe, jet-ski e barcos a vela. Ou então vá à praia do Lami, bem
menos agitada que Ipanema. Compras? Vá ao Praia de Belas Shopping, um dos melhores da cidade (Av. Praia de belas 1181, na foto ao lado). Outros boas opções são o Shopping Iguatemi (Av. João Wallig 1800), Bourbon Shopping (Av Ipiranga 5200), Lindóia Shopping (Av. Assis Brasil 3522), Shopping Total (na antiga fábrica da Brahma, bairro Floresta) e o mais recente de todos, no bairro Cristal, o Barra Shopping Sul. |
Ao lado uma imagem da majestosa Igreja de Nossa Senhora das Dores,
situada na rua dos Andradas. Embora menor que a Catedral da cidade, a
escadaria desta igreja costuma impressionar os visitantes, além de
fornecer ótimos ângulos para fotos dramáticas. Já quem prefere os
agitos da noite deve ir até o bairro Moinhos de Vento, onde estão os
barzinhos, restaurantes e points mais animados da cidade, local
preferido da juventude dourada de Portinho para curtir a noite.
Já
durante o verão, Porto Alegre se muda para o litoral, assim, se sua
visita ao sul for durante os meses de dezembro a fevereiro não perca a
chance de conhecer o litoral sul do país. De Torres ao Chuí são dezenas
de praias para escolher, tranqüilas ou agitadas, e nenhuma fica longe
demais.
Vídeo: Porto Alegre vista de cima |
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Outra
foto da Ponte de Pedra do Parque dos Açorianos. Porto Alegre é muito
bem servida de áreas verdes. Aos domingos o programa certo é caminhar
no Parque da Redenção, também conhecido com Parque Farroupilha, um dos mais antigos e centrais da cidade. Aproveite para conhecer o Brique da Redenção, feira dominical de antiguidades, artesanato, artes plásticas e gastronomia. Outra opção de verde é o Parque Moinhos de Vento,
numa das regiões mais nobres da cidade. O nome do bairro deve-se à
existência neste local dos antigos moinhos de trigo que no século 18
transformaram o Rio Grande no maior produtor nacional deste
produto. |
Ao lado, foto do antigo prédio da Prefeitura
da Cidade, quase em frente ao Mercado Público, duas construções
clássicas cercadas por um mar de altos prédios. Outro ponto famoso da
cidade é o Theatro São Pedro
(Praça Mal Deodoro, em frente ao palácio do governo), com visitas de
terças a sextas, das 12h às 18h. Inaugurado em 1858 em estilo
barroco português, decorado em veludo e ouro, possui platéia em forma
de ferradura e foi tombado em 1984. Seu nome deve-se a que na época
Porto Alegre ainda chamava-se Província de São Pedro, e é uma das mais
belas casas de espetáculo do país. |
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Além do teatro propriamente
dito, visitantes vão encontrar no segundo andar, um dos melhores e mais
elegantes restaurantes da cidade. Funciona com serviço bufê a preço
fixo. Ao cair da noite aproveite para saborear um legítimo churrasco
gaúcho, o melhor do Brasil. Algumas sugestões: Espeto de Ouro (Av
Assis Brasil 1558), Nova Bréscia (Rua 18 de Novembro 81, São Geraldo),
Moinhos de Vento (Rua Dona Laura 424) e o famoso Barranco (Av. Protásio Alves 1578, Petrópolis).
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Essencial é também conhecer um dos ícones mais famosos de Porto Alegre, a antiga Usina do Gasômetro.
a qual permaneceu abandonada por anos. Apesar do nome, o prédio era na
realidade uma usina termelétrica, não tendo nada a ver com a produção
de gás. Sua chaminé de 117 metros aparece em muitas fotos turísticas.
Submetida a um amplo programa de revitalização cultural, o espaço forma
agora o Centro Cultural Usina do Gasômetro (Av João Goulart 551),
aberto de terças a domingos, das 10h às 22h. O local tem livrarias,
cafés, centro de artes, sala de cinema e uma localização privilegiada
para apreciar o por do sol no rio Guaíba.
Vídeo: Rio Guaíba visto do Gasômetro |
Porto
Alegre não seria Porto Alegre sem o Guaíba. Este rio - que muitos
preferem considerar como lago - propiciou o nascimento e
desenvolvimento da cidade. Aqui desembocam os rio Jacuí, Gravataí,
Sinos e Caí, formando o Guaíba, que por sua vez desemboca na Lagoa dos
Patos. Mas a acadêmica discussão sobre se o Guaíba é rio, lago ou
estuário na verdade não altera em nada seu charme e importância para os
Porto Alegrenses. Ele continua uma referência constante, assunto para
qualquer boa roda de chope ou de chimarrão, além de emprestar seu nome
a bares, restaurantes, empresas de todos os tipo, rádios, uma emissora
de televisão e principalmente fornecer cinematográficos pores de sol.
Reserve duas horas para um passeio turístico pelo Guaíba, navegando por
entre suas ilhas, sob a famosa ponte de plataforma móvel que dá acesso
à fronteira sul e apreciando Porto Alegre de um ângulo diferente. |
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Entre as principais embarcações que organizam passeios turísticos pelo rio Guaíba estão o tradicional Cisne Branco, que zarpa do centro, junto ao portão Central do Porto, situado na avenida Mauá e Porto Alegre 10, que zarpa do pier situado junto à Usina do Gasômetro, mostrado na foto acima.
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Como se sabe, a colônia italiana no Rio Grande é enorme, e ninguém
pode ir lá sem também experimentar um típico galeto à moda Italiana.
Aproveite a hora do almoço para conhecer os rodízios de sopa de
capeletes, radicci com polenta frita, costelinhas, massas diversas,
saladas e galeto ao primo canto da Mamma Mia de Gramado (Rua Olavo Barreto Viana 36), Per Tutti (Dona Laura 546), e o excelente Bambino (Av Tarso Dutra 1105, bairro Petrópolis). Outras dicas apetitosas: Um ótimo galeto rodízio: Cristofoli (Rua 7 de abril 344, floresta). Bufê executivo: Piacevole (Rua da Praia Shopping, centro). Doces deliciosos estão em Doces Pelotenses (rua Quintino Bocaiuva 245, Moinhos de Vento). Comida típica gaúcha e shows nativistas: Galpão Crioulo (Parque Mauricio Sirotsky). |
Vídeo: Ruas de Porto Alegre
Muito
se ouve dizer que Porto Alegre é a Capital dos Pampas, mas você
sabe o que são os Pampas? Este nome designa a vegetação típica que
predomina nos campos e pradarias da região baixa da América do Sul,
onde estão o Rio Grande do Sul, Uruguai e parte da Argentina. Por falar
nisso há ônibus e aviões de Porto Alegre para Montevidéu e Buenos Aires
a toda hora, e a viagem é muito rápida. Não se esqueça que por aqui
estamos bem perto da fronteira sul, o que faz desta cidade um ótimo
ponto de partida para esticar seu passeio até nossos vizinhos. |
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Dizem
que as vezes em Porto Alegre é possível sentir as quatro estações do
ano no mesmo dia. Frio congelante e calor tropical. Ventos do outono e
perfumes da primavera. Talvez sejam as coisas deste tipo que ajudaram a
fazer desta uma cidade única, e do gaúcho uma figura mítica, forjada em
tantas peleadas (lutas, combates, disputas). Desde quando cavalgava
pelos pampas, e no final de cada jornada recebia os amigos com o
conforto do chimarrão quente, ele pouco mudou. Assim como Porto Alegre.
Ela continua hospitaleira, aconchegante, amiga, divertida, e com os
mais fantásticos pores de sol do sul do continente. Em resumo, Porto
Alegre continua Tri-legal!
Vídeo: Decolagem de Porto Alegre |
Gaúcho eu Sou (de Marcelo Dametto)
Gaúcho eu sou,
Não importa pra onde vou.
Levo sempre comigo
As belezas do meu chão
E quem quiser, venha ver como é que é
O Rio Grande te espera,
Venha tomar um chimarrão.
É um pedacinho do sul do meu país,
E aqui quem vive, com certeza é feliz. |
E nesta terra a gente planta,
A gente ama, a gente canta
E encanta quem vem aqui.
Se, por acaso, um dia eu me bandear,
Mil recordações
do meu Rio Grande irei levar;
Pois um Gaúcho tem sua estampa,
Jamais esquece de sua pampa,
Lugar onde sempre viveu. |
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