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Oh, linda situação para se construir uma vila! Dizem que foi com esta exclamação involuntária que o colonizador português Duarte Coelho saudou estas terras, do alto de uma colina, maravilhado com a vista que descortinou a seus pés. Naquele dia tudo ainda eram incertezas, mas Duarte Coelho tinha acabado de determinar não somente onde seria construída a mais importante cidade de Pernambuco, como também batizado o lugar. Passados quase 500 anos, sabe-se com certeza que ninguém teria conseguido imaginar local ou nome mais adequados para definir a jóia mais valiosa de Pernambuco: A cidade de Olinda.

   

Olinda está situada somente a sete quilômetros de Recife, por isso ninguém que visite a capital de Pernambuco pode deixar passar a oportunidade de conhecer estas vielas estreitas e coloridas, igrejas seculares e sobrados coloniais, ladeiras que sobem e descem, e que aos poucos vão revelando um mundo de recantos escondidos e apaixonantes, tal como uma amante experiente revela-se aos poucos para seu namorado, até dominá-lo por inteiro. Sim, porque conhecer Olinda é embarcar numa paixão, da qual ninguém sai indiferente.

 

Não percorra a cidade sozinho, pois assim você deixaria de conhecer os aspectos fascinantes de sua história. Ao chegar na praça da cidade baixa conhecida como Sítio Histórico, você vai encontrar diversos guias, prontos a lhe acompanhar. São pessoas simples, mas que conhecem sua cidade como a palma da mão. Peça para um deles lhe servir de guia, pois não cobram caro e você poderá usufruir melhor sua visita a esta cidade, declarada pela Unesco, em 1982, patrimônio histórico e cultural da humanidade. 

 

Ao lado, imagem feita na Ladeira da Misericórdia, a caminha da cidade alta. Uma visita a Olinda deve incluir uma visita à Igreja e Mosteiro de São Bento, construção do século 16 que figura como segundo mosteiro Beneditino nas terras brasileiras. Visite também a igreja e convento Nossa Senhora da Conceição, o qual foi abandonado no período que se seguiu à invasão holandesa, em 1630, tendo passado a servir como.

Um ponto de destaque na cidade é o Farol de Olinda, construído sobre o antigo Forte Montenegro, e que entrou em operação em 1872. O farol está situado no cume do Morro Serapião, bairro Amaro Branco, e pode ser visitado aos sábados, domingos e feriados. Não deixe de conhecer também o Palácio dos Governadores, situado na rua de São Bento, trata-se de uma construção do século 17, que na época tinha como função abrigar o Paço da Assembléia Constituinte.

 

Inclua em seu roteiro uma visita às ruínas do Senado, na rua Bernardo Vieira, onde estava localizado o suntuoso imóvel onde ainda pode ser lida a placa comemorativa com os dizeres Aqui, em 10 de novembro de 1710, Bernardo Vieira de Melo deu o primeiro grito em favor da fundação da República entre nós, em sua frustrada tentativa de fundar em Olinda uma república independente. Não deixe de conhecer também alguns dos Passos de Olinda, como são chamadas as capelas de alvenaria, construídas entre 1773 e 1809, e que tem como função primordial abrir o período de quaresma. Alguns dos mais conhecidos Passos de Olinda são o Passo da Sé, Passo do Amparo e Passo dos Quatro Cantos. 

 

Além de muitos tesouros históricos, Olinda é famosa também por seus Bonecos Gigantes, que ao som do frevo, dominam os carnavais da cidade. A foto ao lado, de um painel pintado pelas ruas, representa um desses bonecos. Alguns deles chegam a medir quase quatro m de altura e pesam cinqüenta quilos. O mais antigo destes bonecos é o do Homem da Meia Noite, que surgiu em 1919. Por 57 anos ele foi carregado pela mesma pessoa, o Bonequeiro Cidinho.

 

A profissão de Bonequeiro é uma das mais tradicionais da cidade, e estes artesão, a cada ano, trazem novas figuras para as ruas, representando personalidades artísticas de todos os ramos. Centenas de bonecos gigantes já desfilaram pelas ruas de Olinda, e entre os mais lembrados estão, além do Homem da Meia Noite, a Mulher do Meio-Dia, o Filho do Homem da Meia-Noite, o Menino da Tarde e a Menina da Tarde. O ponto alto do carnaval de Olinda acontece na terça feira gorda, quando ocorre o encontro dos bonecos gigantes. Ao som do frevo, dezenas de bonecos, girando, balançando seus braços e cabeças e seguidos por milhares de foliões levam à loucura a multidão, numa festa de cores e ritmo.

 

Ao lado, foto da igreja do a Igreja da Sé. De seu pátio dos fundos descortina-se uma vista deslumbrante, tanto de Olinda, como de Recife, e tudo indica que Duarte Coelho estava exatamente neste ponto, quando decidiu que este era a situação ideal para se construir uma vila.

Aqui também está situado o famoso prédio do Observatório Meteorológico de onde o astrônomo francês Emmanuel Liails avistou, em fevereiro de 1860, o primeiro cometa da America Latina, muito justamente batizado de Olinda. Pouca coisa após a Igreja da Sé encontra-se a Igreja de São João, única a escapar do incêndio ateado a Olinda, por ocasião da invasão holandesa, em 1630.

 

Caminhando em Olinda você com certeza encontrará um grande número de artistas e artesãos, lhe oferecendo desde belas rendas até trabalhos artesanais em madeira representando construções históricas da cidade. Se quiser concentrar sua procura num mesmo lugar vá até o Mercado Eufrásio Barbosa, no bairro de Varadouro, ou no Mercado da Ribeira, na Cidade Alta. Procure conhecer ainda o Forte de São Francisco, construído no século 16, em estilo colonial, e que é conhecido como Fortim do Queijo. Está situado no Largo do Fortim, avenida Beira Mar.

 

Olinda, de certa forma, é uma cidade injustiçada pelo tempo e pela história. Nascida como a principal pérola da coroa portuguesa em terras brasileiras, seu destino era outro, até ser incendiada pelos holandeses. Depois, devido à proximidade de sua vizinha, foi ofuscada pelo brilho de Recife. Mesmo assim, engana-se quem pensa que ela não tem muitos encantos para exibir. Quem tiver disposição de enfrentar suas ladeiras irá encontrar uma Olinda apaixonante, que não é para ser visitada numa tarde livre, mas sim para ficar vários dias. E claro, para sair num bloco de frevo atrás do Boneco Gigante do Homem da Meia noite.

O clube carnavalesco 'Homem da Meia-Noite' foi fundado em 1932, e constitui uma das mais famosas agremiações de Olinda. Com o seu boneco gigante verde e branco sai às ruas todo sábado de carnaval, abrindo os festejos acompanhado por uma orquestra de frevos, liderando a multidão que toma as ruas de Olinda. A aparência do boneco (imagem abaixo) foi inspirada em seu criador, Benedito da Silva, o qual também compôs o hino do clube carnavalesco, também reproduzido abaixo, que contém somente quatro versos.

 

 


Boneco do Homem da Meia Noite