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Quase todo mundo que fala do potencial turístico de Santa Catarina lembra do litoral e de suas belas praias, ou então as graciosas cidades de colonização germânica do interior. Quase ninguém lembra de Joinville, e existe até mesmo quem diga que esta é somente uma... cidade normal. Cidade normal? Bem, se todas as cidades que existem por aí fossem normais como esta, tudo seria bem melhor. A verdade é que Santa Catarina é um estado com tantos atrativos turísticos que alguns de seus recantos acabam injustamente em segundo plano, e este parece ser o caso de Joinville. A maior cidade do estado tem uma população de meio milhão de habitantes, o maior PIB do estado, e um dos mais altos índices de desenvolvimento do país. Ainda assim não vimos por aqui nenhum daqueles problemas tão comuns das cidades grandes. Joinville parece ter descoberto a fórmula de crescer sem perder a graça, mesclando construções típicas e prédios modernos, shoppings e grandes áreas verdes, tradição e modernidade. O resultado é um lugar agradável e que nos deu a impressão de ser muito bom para se viver. Ao lado uma imagem do moinho situado na principal entrada da cidade, construído em estilo Enxaimel.

   

Apelidos não faltam à Joinville: Cidade das Flores, Cidade dos Príncipes, Cidade da Dança e Cidade das Bicicletas. Com uma população que beira os 500 mil habitantes, Joinville é cidade mais próspera de Santa Catarina além de importante centro empresarial e turístico. O local foi colonizado a partir do século 19 por imigrantes vindos da Alemanha, e até hoje sua influência é nítida nas construções, na gastronomia, nos nomes e até nos hábitos predominantes. As festas típicas daquela região européia, também trazidas para cá, costumam durar dias e atrair multidões. Entre as mais famosas está o Festival de Dança (julho) e a Festa das Flores (novembro), esta última tendo nas orquídeas a atração principal. Mas quando estivemos lá era maio, nenhuma festa estava acontecendo e mesmo assim não ficamos nem um pouco frustrados ou sem ter o que fazer. Muito pelo contrário.

Vídeo: Joinville vista do Hotel Tannenhoff

Ficamos hospedados no ótimo Hotel Tannenhof, que mescla arquitetura tradicional germânica com conveniências modernas, e tem como vantagem adicional fornecer a melhor vista da cidade, a partir do restaurante na cobertura. Como a cidade é relativamente pequena, nada fica muito longe, portando mãos à obra. Comece visitando a Catedral Diocesana, obra em estilo futurista, lembrando duas imensas conchas, e que tornou-se um dos marcos da cidade graças aos seus vitrais. Depois vá até Joinvilândia, onde está situada a famosa fábrica do Chocolate Caseiro de Joinville, um bom lugar não somente para provar algumas delícias, mas também para acompanhar todo o processo de fabricação de diversos tipos de chocolates, e ainda comprar mais alguma coisa para levar para o hotel e fazer um lanchinho mais tarde.

Visite depois o Museu de Fundição, que possui um acerco com centenas de itens relacionados à história da indústria de fundição (muito ligada à origens da cidade), incluindo equipamentos utilizados no processo e amostras de minérios. Depois, para apreciar uma vista completa da região, vá até o Mirante Torre do Alto do Morro do Boa Vista. Para chegar lá é preferível ir de carro pois fica um pouco distante do centro. Também será necessário boas pernas porque a torre metálica de observação tem altura correspondente a um prédio de vários andares e não tem elevadores. Em compensação quem chegar lá em cima vai desfrutar de uma vista panorâmica de Joinville, da baía da Babitonga e de São Francisco do Sul. 

 

Tire algumas horas para percorrer o centro da cidade. É um lugar que, apesar do movimento de pedestres e veículos, é tranqüilo, com pessoas educadas. Comece pela rua das Palmeiras (ao lado), também conhecida como Alameda Brüstlein. e que faz muito sucesso não somente entre turistas mas também entre o pessoal que trabalha por aqui e procura um lugar para sentar na grama depois do almoço, para descansar, conversar ou até namorar. As 52 mudas de palmeiras que dão nome à rua vieram do Rio de Janeiro em 1873, e foram posicionadas de forma a criar uma bela alameda de acesso ao Palácio dos Príncipes, construção de meados do século 19 e que ganhou este nome porque foi erguida para abrigar o príncipe e a princesa de Joinville, que na verdade nunca chegaram a vir para cá. Estes dois monarcas, Francisco Fernando de Orléans, conhecido como Príncipe de Joinville, foi um almirante francês, filho do Rei da França Luís Filipe I de Orléans.

Foi o título do monarca que na época serviu de inspiração para nomear a futura cidade. Em 1843 o príncipe de Joinvile esteve no Brasil para casar-se com a princesa D. Francisca de Bragança, filha de Dom Pedro I. A princesa recebeu como dote uma grande extensão de terras em Santa Catarina. Mas após a revolução francesa os planos do casal tiveram que ser modificados e eles decidiram voltar para a Europa.

 

Os príncipes de Joinville venderam suas terras em Santa Catarina para o alemão Mathias Schroeder, proprietário de linhas de navios que traziam imigrantes da Europa para o Brasil. Este foi o ponto de partida para o crescimento da cidade, que mesmo sem nunca ter recebido os dois monarcas, manteve seu nome de batismo dado em homenagem ao príncipe: Joinville. Atualmente, no palácio construído para abrigar o casal de príncipes que nunca veio, situa-se o Museu Nacional da Imigração e Colonização, homenageando todos os colonos e imigrantes que de fato transformaram aquela pequena localidade na mais importante cidade de Santa Catarina. 

Na verdade, uma caminhada pelo centro (imagem acima) deixa claro a influência determinante da colonização alemã nesta região. Embora abriguem lojas de roupas, bancos, de artigos eletrodomésticos e atividades diversas, muitos destes prédios tem arquitetura tradicional germânica. Ao mesmo tempo, a uma pequena distância do centro histórico, imponentes prédios comerciais e residenciais destoam do conjunto e nos fazem pensar se não teria sido melhor se eles tivessem sido construídos um pouquinho mais longe...

 

Tire uma manhã para visitar o prédio da antiga estação ferroviária de Joinville (ao lado), considerada como um dos símbolos da cidade. Construída em 1910, também em estilo Enxaimel, e restaurada em 2007, o imóvel foi inaugurado pelo presidente Afonso Pena e na época era a principal porta de entrada da cidade. Atualmente ela serve como um autêntico museu de época, apresentando interessantes exposições.

Depois vá até outro ícone da cidade, a famosa Casa Krüger, que, durante mais de cem anos foi lar da família Robert Krüger. Completamente restaurada, ela agora abriga um centro de informações turísticas, além de um pequeno engenho de açúcar e outras atrações. Também é o lugar certo para encontrar diversos produtos coloniais, desde geléias e queijos até bebidas quente.

Não sabíamos bem o que era o estilo Enxaimel até que, ao chegar à Joinville, fomos soterrados por inúmeras construções com estas características arquitetônicas. Decidimos então nos informar melhor e descobrimos que o estilo Enxaimel consiste numa técnica de construção cujas características mais visíveis são a estrutura executada com peças de madeira encaixadas entre si, e telhados de grande inclinação, tendo os espaços livres preenchidos por pedras ou tijolos artesanais. Geralmente as peças estruturais são escuras e as paredes pintadas com cores claras, resultando numa construção de linhas harmônicas, bela estética e agradável aos olhos. O estilo tem origem na Alemanha e tem como desvantagem os altos custos de construção e manutenção. Diversas imagens desta página mostram construções em estilo Enxaimel.

 

Não deixe de visitar o Mercado Público Municipal Germano Kurt Freisller (ao lado), também construído em estilo Enxaimel. Por estar situado em frente ao rio era conhecido informalmente como "Cais do Porto", pois aqui aportavam os navios trazendo imigrantes europeus. Originalmente o mercado foi erguido para comercializar os produtos pesqueiros da região, mas atualmente ele tem praticamente de tudo, inclusive produtos típicos, artigos do dia a dia e pequenos restaurantes. Aos sábados o mercado transforma-se também num animado point de música, com apresentações de artistas locais de mpb e samba.

Depois pegue seu carro e vá até a entrada da cidade, onde situa-se o Parque da Expoville. O centro de eventos tem capacidade para mais de vinte mil pessoas, mas na verdade não fomos lá por causa disto. Junto ao parque encontra-se um pequeno shopping, onde se pode garimpar centenas de produtos típicos da região, desde chocolates até doces, passando por roupas típicas e artesanato variado. No Parque da Expoville realizam-se também as famosas festas da Fenachopp e das Flores.

Não há quem não conheça o nome Bolshoi, sinônimo de excelência na dança clássica. A renomada escola russa de balé foi fundada em 1776, em Moscou, e desde então formou algum dos melhores bailarinos clássicos da história da dança. Pois foi em Joinville que estabeleceu-se a primeira escola Bolshoi fora da Rússia e esta é uma daquelas visitas imperdíveis. A escola Bolshoi proporciona a crianças de todo o Brasil a oportunidade de conhecer, praticar e, para aqueles que se destacarem, a oportunidade de ganhar o mundo como grandes bailarinos. O prédio do teatro integra o enorme Centreventos Cau Hansen, um complexo multiuso destinado a receber shows e eventos esportivos, famoso também por sediar o Festival de Dança de Joinville.

Vídeo: Joinville

Um museu com muita personalidade e diferente de todos os outros que já tínhamos visitado. O Museu da Bicicleta homenageia o meio de transporte mais usual em Joinville ao longo das últimas décadas e não poderia ter sido construído numa localidade mais apropriada, já que, ainda hoje, o que mais se vê pelas ruas da cidade são bicicletas de todos os tipos e cores. Este museu é o único no gênero em toda América Latina, e tem um acervo com centenas de modelos, além de curiosas peças e equipamentos relacionados às bicicletas. A jóia da coroa da exposição é a bicicleta Volcite, construída na Itália em 1906. Mas diversos outros modelos parecem ter saído da cabeça de algum professor Pardal, de tão estranhos e criativos. O museu situa-se ao lado da antiga estação ferroviária. Ah sim, e também foi construído em estilo Enxaimel.

Vídeo: Museu da Biclicleta

Mas os encantos de Joinville não estão somente em sua graciosa arquitetura. A cidade foi construída entre muito verde e águas, conseqüência de sua localização, nas margens da Baía Babitonga. Naturalmente então, não poderia faltar em sua programação turística um passeio de barco pelas redondezas. O mais famoso destes passeios é proporcionado pelo Príncipe de Joinville III, um agradável iate com capacidade para mais de 300 pessoas, que faz roteiros pelas ilhas da região, inclusive pela Lagoa do Saguaçú.

Com uma extensão de 23 km, a baía da Babitonga liga a cidade de Joinville à de São Francisco do Sul, ilha separada do continente pelo Canal do Linguado, o qual liga a baía ao Oceano Atlântico. Ao todo são vinte e quatro ilhas, e para quem aprecia turismo ecológico este programa não pode ser dispensado. Até mesmo uma simples caminhada pelas margens do rio é relaxante e agradável.

Ao lado, mais uma vista da cidade, feita a partir da cobertura do hotel Tannenhoff, mostrando em destaque outro hotel e logo ao lado o Shopping Mueller, o melhor da cidade. Passamos dois dias em Joinville, mas seguramente daria para ficar mais e apreciar melhor a cidade e adjacências. Ficou faltando percorrer, por exemplo a famosa Estrada Bonita, que conduz ao distrito de Pirabeiraba, famoso pela colônia rural e sua diversidade de produtos típicos. Mesmo assim o que vimos foi suficiente para sair de lá com a certeza que esta é uma cidade que merece ser incluída em qualquer roteiro turístico por Santa Catarina. O príncipe e a princesa de Joinville nunca vieram para cá, é verdade, mas em compensação eles nunca vão ficar sabendo o que perderam.