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Esta é a primeira imagem que vimos pela janela do avião ao nos aproximamarmos de Manaus: Até onde a vista alcança, era tudo somente um tapete verde, floresta amazônica ou selva tropical. O nome não fazia diferença, o fato é que era impossível não ficar impressionado ou até mesmo intimidado pelas dimensões daquele universo selvagem sob nossos pés. Inevitavelmente, um pensamento veio à nossa cabeça: O que viemos fazer neste fim de mundo? Naquele momento era impossível saber, mas na verdade estávamos vivendo o primeiro dia de uma visita inesquecível, cujas experiências iriam nos acompanhar para o resto da vida.

   

O primeiro impacto que Manaus causa nos visitantes costuma ser causado pelo forte calor e alta umidade, característicos das selvas, que golpeiam nosso rosto logo que atravessamos as portas de vidro do moderno aeroporto. Manaus surgiu no coração da floresta amazônica e tomou um impulso extraordinário durante o período de ouro da extração da borracha das seringueiras. A cidade chegou a ser conhecida como Paris das Selvas, em referência ao luxo e extravagância de suas construções, obra de famílias que se tornaram milionárias graças à extração da borracha, e que investiram maciçamente no embelezamento de sua cidade. Ao lado, uma das principais avenidas do centro.

 

É impossível falar de Manaus sem lembrar do chamado Ciclo da Borracha. Este período, que durou aproximadamente de 1890 a 1920, marcou uma época de grande desenvolvimento econômico para a região amazônica, em particular Manaus. Surgiu impulsionado pela extração da seiva das seringueiras, o látex, matéria prima para a produção da borracha, que por sua vez era essencial para o produção de pneus, sapatos e milhares de outros artigos do dia a dia. Na foto ao lado, um trecho histórico próximo ao centro da cidade, cuidadosamente restaurado de acordo com os padrões da Belle Epoque de Manaus.

 

Como as seringueiras somente eram encontradas na região amazônica do Brasil, maciços investimentos foram feitos em toda esta área, para aumentar ao máximo sua capacidade extrativa. Verdadeiras florestas de seringueiras surgiram na região amazônica, grandes investimentos foram feitos, trabalhadores foram trazidos de vários pontos do Brasil e do exterior para trabalhar na extração do látex, e para desenvolver a infra-estrutura de transporte deste material. Ao lado, imagem do bairro Ponta Negra, um dos pontos nobres da cidade, frente ao rio Negro.

Grandes companhias extrativistas, principalmente européias e americanas firmaram contratos com o governo brasileiro, para extrair e lucrar com a borracha. Parte desta história foi relatada na mini-série da Globo, 'Mad Maria', mas grande parte ainda permanece desconhecida.

De repente, tudo virou de cabeça para baixo. Inescrupulosos empresários ingleses haviam contrabandeado mudas destas árvores para a Malásia, possessão britânica onde o terreno e o clima eram propícios à sua plantação. Em pouco tempo, as seringueiras do oriente inundavam o mercado de látex, fazendo o preço do produto desabar no mercado internacional, e tornando desnecessário continuar a investir na distante floresta amazônica. 

A conseqüência foi inevitável: Sem investimentos, a Paris das Selvas viu a riqueza trazida pelo ciclo da borracha sumir pelo ralo, sofrendo com falências e esvaziamento cultural. A pá de cal seria dada anos mais tarde, com a descoberta da borracha sintética. Este esvaziamento cultural de Manaus iria durar décadas, e somente seria superado com a criação da Zona Franca, nos anos 70. 

A Zona Franca foi criada pelos governos militares, e consistiu na criação de uma zona industrial e comercial livre de impostos, a qual atraiu maciços investimentos de empresas nacionais e estrangeiras. Fábricas foram construídas, o comércio teve um impulso extraordinário, e também o turismo teve um notável desenvolvimento. Hoje Manaus é novamente uma cidade dinâmica e movimentada, e costuma surpreender aos turistas menos informados, que não fazem idéia que irão encontrar uma cidade tão desenvolvida em pleno coração de uma das regiões mais inóspitas do planeta.

 

Qualquer roteiro turístico pela cidade de Manaus deve começar pelo Teatro Amazonas (ao lado), ícone maior da Paris das Selvas. Inaugurado em 1896, todo seu material foi trazido da Europa, e sua arquitetura foi inspirada no prédio da Opera de Paris. Mais detalhes no site oficial Teatro Amazonas. Outro local que merece ser visitado é o Mercado Municipal da Cidade. Também esta obra, inaugurada em 1882, foi inspirada no estilo do mercado Les Halles de Paris. Seus principais destaques são o pavilhão central de alvenaria, ladeado por dois pavilhões de estrutura metálica e pórticos em vitrais trabalhados. Este mercado é o endereço certo para encontrar uma grande variedade de produtos de toda região amazônica. 

 

Durante décadas, eram freqüentes apresentação de renomados artistas europeus no palco do Teatro Amazonas. O teatro está aberto ao público de segunda a sábado, com visitas guiadas em inglês, francês, espanhol, italiano e alemão. Ao sair do teatro aproveite para conhecer outro ícone de Manaus, o Relógio Municipal. Encomendado a uma renomada equipe de relojoeiros suíços, e inaugurado em 1927, logo o conjunto formado pelo relógio e seu pedestal tornaram-se um dos cartões postais da cidade. Junto ao conjunto encontra-se também o Obelisco, erguido para comemorar o centenário da elevação de Manaus à categoria de cidade. 

Outras atrações turísticas da cidade são o Museu do Índio, onde é possível conhecer mais a fundo a respeito das primeiras civilizações amazônicas. Depois dê uma caminhada pela praia de Ponta Negra, onde um simpático calçadão se transformou em point para ver e ser visto. Lá podem ser alugadas diversas embarcações, que fazem passeio pelo rio Negro. Na volta dê uma parada na agradável churrascaria El Toro Louco (Av do Turismo 215), uma das melhores da cidade, ou então visite o endereço certo para compras em Manaus, o Amazonas Shopping

A foto ao lado é de um dos pontos mais característicos de Manaus, o seu Porto. Deste local zarpam navios para diversas cidades da região amazônica, em jornadas que as vezes duram dias atravessando nada mais que a selva. Numa região com poucas estradas de rodagem, como a Amazônia, este é o principal meio de transporte entre as centenas de cidades e povoados desta parte do Brasil. O frenético movimento daqui é fascinante, a qualquer hora do dia. São barcos de todos os tamanhos levando famílias, trabalhadores, animais, víveres, suprimentos, formando um mosaico fascinante de cores, odores e pessoas de todos os tipos.

 

A maioria dos passageiros leva sua própria rede, que é estendida no deck da embarcação. Quem quiser um pouco mais de conforto, pode optar pelos camarotes individuais. Uma viagem pela região amazônica numa destas embarcações funciona como autêntico spa mental, pois durante o trajeto você só vê à sua volta o rio e a floresta, durante dias. Nem o celular funciona. A imagem ao lado é do rio Negro, pouco antes de seu encontro com o rio Solimões. Após o encontro de ambos é formado o rio Amazonas. Neste trecho a margem oposta ainda é visível, como uma tênue linha próxima ao horizonte.

Ou então vá de carro até a cidade de Presidente Figueiredo, a cerca de 2 horas de Manaus. O local é famoso por suas belas cachoeiras, com destaque para a cachoeira do Asframa e da Pedra Furada. Agora, quem quiser realmente conhecer um dos aspectos culturais mais ricos da região amazônica não pode deixar de visitar, em fins de junho, a cidade de Parintins. Nesta época é realizado na cidade o Festival do Boi Bumbá, num estádio especialmente construído para sediar este famoso evento, o Bumbódromo. Trata-se basicamente de uma disputa entre dois grupos rivais, o Caprichoso (de cor azul) e o Garantido (cor vermelha), e a festa consiste num festival de música, dança, ritmos, fantasias e ricos carros alegóricos, contando histórias, lendas e mitos da região amazônica, um espetáculo belíssimo e inesquecível. A cidade de Parintins está situada a cerca de quatrocentos km de Manaus, e o acesso até lá pode ser feito de barco (viagem de 18 horas) ou de avião, o que é bem mais agradável. Veja mais detalhes sobre este evento incrível no site Parintins.

 

Ao lado, recanto da Praça Heliodoro Balbi, apelidada Praça da Polícia, um dos lugares mais agradáveis e centrais de Manaus. O apelido justifica-se pela praça estar localizada em frente ao quartel, obra de 1875, onde hoje estão também situados o Museu Tiradentes e Museu de Numismática. Entre estas árvores você com certeza encontrará carrocinhas vendendo quitutes típicos da região amazônica, como o Tacacá ou Sanduíche de Tucumã. Para quem preferir uma refeição completa, no entorno da Praça da Polícia encontram-se diversos restaurantes.

 

Mas nenhuma viagem à Manaus estará completa sem um passeio pelos rios e floresta das proximidades. Diversas agências de turismo organizam excursões fluviais de um ou mais dias, que partem do porto da cidade e nos conduzem à um mundo de encantos inimagináveis. Você já foi à Disneyworld e fez aquele passeio de barquinho, passando por matas escuras e ameaçadoras, tribos de índios, cascatas, animais ferozes, paisagens deslumbrantes, etc, etc? Pois bem, o estilo deste passeio é mais ou menos o mesmo, com a diferença de que este é verdadeiro, e muito mais bonito, divertido, estimulante, impressionante e revelador. Ainda por cima ele faz a gente conhecer aspectos da natureza e da vida animal, pássaros belíssimos, indígenas e seu artesanato, sons, cores e odores da selva, além de todo um mundo que nós, ingênuos habitantes dos estressados centros urbanos, geralmente nem sequer desconfiamos que possam existir.

A imagem ao lado, fizemos a bordo da canoa, enquanto penetrávamos na selva.

 

Parte deste roteiro é feita em embarcações maiores, mas lá pelas tantas, embarcamos nestas típicas canoas (foto ao lado), e aí começa para valer a aventura. Estas embarcações são a única opção para penetrar nos furos, como são conhecidos os pequenos braços de água que surgem em todo lugar, e adentrar um mundo de descobertas fascinantes sobre a selva. O passeio inclui ainda visita a grupos indígenas, onde podem ser compradas peças de artesanato típico, ver de perto animais, e tirar fotos abraçados com serpentes (opcional). 

Prosseguindo o passeio fluvial, segue-se até o local onde ocorre o fenômeno conhecido como Encontro das Águas, que consiste na junção das águas provenientes dos rios Negro (águas de cor escura) e Solimões (águas barrentas). Neste ponto começa oficialmente o Rio Amazonas, e ao longo de vários quilômetros é possível distinguir nitidamente as águas provenientes tanto do Negro como do Solimões, já que, devido às diferentes densidades, elas não se misturam.

Um dos momentos mais inesquecíveis desta excursão foi no final da tarde, quando, já na embarcação grande, retornávamos para o porto de Manaus e em questão de minutos vimos o céu tornar-se carregado de nuvens escuras e ameaçadoras. Em instantes desabava uma chuva torrencial, fazendo tudo em volta sumir de vista e deixando os turistas ficaram quietos e apreensivos, como se estivessem condenados a tornar-se náufragos da região amazônica... Mas o susto durou pouco, pois assim como a chuva veio ela foi embora, e o sol nos acompanhou de volta até o porto, ao mesmo tempo em que era servido a bordo um delicioso lanche de frutas e pratos típicos, mais do que suficientes para transformar aquela nossa aventura num jornada inesquecível.

Ao lado, uma das praias fluviais de Manaus, sendo que as melhores estão no rio Negro. Este é um programa agradável e grátis. Por outro lado, turistas que preferem requinte, podem optar por hospedar-se num dos modernos resorts existentes nas proximidades de Manaus, e que exploram ao máximo todas as sensações oferecidas pela selva (fotos abaixo).

 

Entre estes hotéis de luxo figuram em destaque o Jungle Palace e Ariaú Towers, ambos  situados em plena selva, tem excelentes instalações e oferecem diversos pacotes turísticos pelas matas e rios, diurnos e noturnos, incluindo pesca, caça, visita a aldeias indígenas e uma série de outras atividades culturais e ecológicas.

Com preços mais acessíveis e situado bem no centro, há a opção do Taj Mahal, onde nos hospedamos e que nos deixou satisfeitos.

 

A época do ano em que é feita sua visita à Manaus é um fator determinante nas opções de seus programas. Entre dezembro e julho acontece a época das cheias, quando a floresta fica inundada, e as canoas podem penetrar fundo na mata. No restante do ano ocorre o período das secas, época propícia para aproveitar as praias e conhecer a floresta em excursões terrestres. Mas esteja certo que, seja qual for o período de sua visita, você encontrará em Manaus um universo de revelações e descobertas, e principalmente de memórias que vão lhe acompanhar para o resto da vida.