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Porto Velho não costuma ser lembrada como destino turístico, mas com certeza quem se dispuser a explorar aquela parte do território brasileiro, ficará surpreso com o que irá encontrar. No coração do que foi durante séculos uma das regiões mais isoladas do país, hoje ergue-se uma cidade de vulto, a terceira maior da região norte, e que serve de ponto de partida para diversos roteiros alternativos. O estado de Rondônia, junto a outros estados brasileiros, forma a região Amazônica, que mais do que nunca apresenta-se hoje como endereço fundamental para praticantes do ecoturismo.  E Porto Velho, com seus ainda poucos prédios altos, largas avenidas, muito calor, rodeada por florestas e às margens do imponente rio Madeira, é um lugar de forte personalidade, da qual pode-se gostar ou não, mas sobre a qual é impossível ficar indiferente.

   

A capital do Estado de Rondônia tem cerca de trezentos mil habitantes. A cidade tem as características básicas de centros urbanos planejados, como ruas organizadas perpendicularmente entre entrecortadas por largas avenidas. Mas quem pensar que é fácil percorrê-la a pé, logo irá descobrir que está enganado, pois esta é uma cidade grande, dividida em diversos bairros. Entre as mais lembradas atrações da cidade estão o Museu da Estrada de Ferro Madeira Mamoré e os três reservatórios de água conhecidos como Três Marias. Ao lado, uma das avenidas centrais de Porto Velho. Porto Velho conta com hotéis de alto padrão, como o Aquarius Selva, oferecendo todo conforto aos visitantes.

 

Ao lado, as escadarias de acesso ao Palácio Getúlio Vargas, sede do governo do estado de Rondônia. O prédio está situado bem no centro da cidade, em frente a uma praça generosamente arborizada, e que - graças ao forte calor que costuma fazer na região costuma reunir pessoas a procura de uma sombra amiga para descansar ou simplesmente bater um papo após o almoço. Nos últimos anos, a cidade tem apresentado um grande crescimento em direção aos bairros afastados do centro, como o de Esplanada. É lá onde hoje erguem-se os modernos prédios administrativos estaduais e federais, bem como luxuosas residências.

 

A Catedral Sagrado Coração de Jesus é uma das principais referencias arquitetônicas e religiosas da cidade. A pouca distância dela estão as movimentadas ruas do centro, com um comércio quase sempre frenético. Para conhecer a cidade a pé é recomendável é recomendável não esquecer de beber muita água e um bom protetor solar. O calor de Porto Velho é intenso e está presente quase o tempo todo. Boas alternativas para quem quiser se refrescar um pouco é ir nadar na Lagoa Belmont, Praia dos Periquitos ou Praia da Areia Branca, estas duas últimas às margens do rio Madeira. Quanto à culinária local, não deixe de experimentar alguns quitutes, como tacacá, pato no tucupi, tucunaré frito e as frutas típicas tucumã, jambo ou cajá.

 

Ao lado, praça e prédio residencial próximo ao centro da cidade. Muitos turistas que vem a Porto Velho gostam de esticar o passeio para conhecer também o lugar conhecido como Jerusalém da Amazônia. Situada somente a vinte quilômetros do centro de Porto Velho, ela constitui a segunda maior cidade cenográfica do país. Embora menos conhecida que sua irmã de Recife, a Jerusalém da Amazônia atrais todos milhares de turistas para assistir as comemorações da Semana Santa. Observe, no entanto, que aqui a encenação ocorre geralmente na segunda semana de maio.

 

Outro importante ponto turístico situado próximo a Porto Velho é o Real Forte Príncipe da Beira, construído às margens do rio Guaporé, próximo a fronteira com a Bolívia. Trata-se do mais importante e antigo patrimônio histórico do estado de Rondônia, e com certeza um dos mais significativos de toda região norte. Construído pelos colonizadores portugueses com a finalidade de proteger a fronteira oeste do Brasil, ele na verdade nunca chegou a desempenhar funções militares, e terminou sendo utilizado principalmente como presídio para os desterrados pela coroa portuguesa. Hoje, suas muralhas com mais de dez metros de altura, intercaladas por torres de guarda parecem estranhamente deslocadas em plena Amazônia, mas mesmo assim atraem centenas turistas em busca de aventura.

 

Típicas embarcações como esta formam o principal meio de transporte entre Porto Velho e tantas outras pequenas localidades situadas ao longo das margens dos rios que cortam a região. Daqui saem até mesmo embarcações com destino destinos mais distantes, como até mesmo Manaus. Numa terra com poucas estradas e dezenas de rios, o transporte fluvial permanece ainda hoje como a principal alternativa para milhares de pessoas. Cada passageiro deve levar sua rede, onde passa a noite, mas algumas destas embarcações oferecem aposentos privativos e com mais conforto. Veja, no teto da embarcação, uma antena parabólica, símbolo da penetração que a televisão tem em todos os recantos do país.

 

Um dos points de Porto Velho está situado às margens do rio Madeira, onde dezenas de restaurantes e bares, num ambientes informal e descontraído, oferecem pratos típicos a preços muito convidativos. Como é fácil de supor para uma cidade à beira de rio, os peixes são a pedida certa do cardápio local, assim Dourados, Capararis, Surubins, Piramutabas, Tambaquis e Tucunarés são sempre opções deliciosas. Ao sair, atravesse a rua e não deixe de visitar o prédio do Mercado Central, que oferece desde curiosidades e pratos típicos até artigos do dia a dia e peças do artesanato local.

Ou, se você prefere fazer suas compras num centro comercial, o local certo é o Porto Velho Shopping, com conta com um ótimo mix de lojas. 

 

No início do século passado centenas de desbravadores vieram para a região que hoje corresponde ao estado de Rondônia, com o objetivo de construir uma grande estrada de ferro, a Madeira Mamoré, que teria como objetivo servir como principal via de transporte para o escoamento da grande produção de borracha. Os trabalhos foram iniciados em 1907 e duraram cinco anos, mesmo assim a obra nunca chegou a ser concluída, devido às doenças tropicais que atingiam os trabalhadores. Porto Velho surgiu em outubro de 1914, ao término desta fase, e atualmente, entre suas atrações, está o Museu Ferroviário da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM), onde podem ser apreciadas algumas das antigas locomotivas que desbravavam a selva, cem anos atrás. 

Após a desativação da Estrada de Ferro Madeira Mamoré um de seus imensos galpões foi transformado em Museu. Lá estão diversas peças contando um pouco do período em que tantos desbravadores e aventureiros desafiaram a selva na tentativa de construir uma grande ferrovia. Entre as peças do museu destaca-se a primeira locomotiva trazida para a Amazônia, a Coronel Churchill, vinda diretamente da Inglaterra. Lá também estão diversos equipamentos ferroviários, móveis e fotografias da época.

 

A primeira tentativa de construção de uma ferrovia em Rondônia aconteceu em 1872, mas na verdade somente após a assinatura do Tratado de Petrópolis, em 1903, quando foi definida a fronteira entre Brasil e Bolívia, foram iniciados os trabalhos de construção da ferrovia EFMM. Seu objetivo era permitir o transporte da borracha – na época considerada o Ouro Branco – dos seringais para os grandes centros consumidores e de exportação, ou seja, Porto Velho. No entanto, as dificuldades para construir uma ferrovia em plena selva amazônica foram muito maiores que o previsto, e milhares de homens morreram durante as obras, como conseqüência de malária e febre amarela, o que acabou dando à ferrovia o triste nome de 'Ferrovia da Morte'. Na verdade a ferrovia nunca chegou a uma operação plena, como projetado, e após o término do ciclo da borracha na região Amazônia ela tornou-se inviável comercialmente e foi desativada. Somente nos anos 80 a EFMM voltaria a funcionar, mesmo assim somente para fins turísticos, ao longo de apenas sete de seus 366 km originais. Ao lado, foto do Museu da EFMM.

 

O sonho da ferrovia morreu, e infelizmente o que restou daquela época são apenas locomotivas e vagões enferrujados, em exposição no museu da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. A cidade, no entanto, seguiu em frente, não através de trilhos, mas ao longo das quase infinitas vias fluviais que ligam a Amazonia. O rio Madeira é a vida desta cidade, e sem ele Porto Velho não existiria.

Assim, um dos melhores programas que podem ser feitos por quem está em Porto Velho e dispõe de mais tempo, é viver a aventura do rio e da Amazonia, a bordo de uma das embarcações turísticas que percorrem o rio Madeira. O roteiro básico costuma seguir até a Cachoeira de Santo Antônio e, em meio a muito verde e muita água, será impossível não ficar impressionado com a exuberância da natureza, seus rios e selvas. Esta será uma experiência para recordar para o resto da vida.

 

 

 


Ilustração representando locomotiva da EFMM