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Tiradentes

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 







 

 

 

 

A pequena Tiradentes é um local dos mais lembrados quando se fala nas cidades históricas de Minas Gerais. E junto à estas lembranças vem juntas palavras como Acervo Barroco, Ouro, Inconfidentes, Liberdade e claro, Tiradentes, pois aqui nasceu, em 1746, uma das personagens mais marcantes da história brasileira. Este legado único faz de Tiradentes um dos locais mais procurados por quem deseja sentir um gostinho daquele Brasil colonial, com ruas de pedra, sobrados centenários e lições de história em cada esquina, além de poder sentir por entre as ruas uma certa impressão de que o tempo parou.

   

O caminho de chegada à cidade nos faz passar pela estação de trens (de onde parte o concorrido passeio de maria fumaça ligando Tiradentes à São João del Rey) e à rua dos Inconfidentes. Por aqui já é possível encontrar diversas pousadas. Mais adiantes situa-se o Largo das Forras, o coração da cidade, que serve de referência às caminhadas turísticas. E caminhar realmente é a melhor forma de conhecer tudo, já que o local é pequeno e pode ser percorrido de ponta a ponta em um dia. Além do que, devido ao calçamento de pedras irregulares, não é nada agradável percorrer as ruas de Tiradentes de carro, e as charretes, embora românticas e gostosas, fazem a gente chacoalhar demais. Mesmo assim, percorrer não é sinônimo de conhecer, portanto o ideal para novos visitantes é ficar no mínimo dois dias por aqui, para dar tempo de ver tudo com calma. Os destaques da cidade são suas igrejas, museus, casarões históricos, artesanato típico, com destaque para os móveis, peças de estanho e pedras semipreciosas.

Ao lado a Igreja São João Evangelista, um dos marcos históricos de Tiradentes. Construída a partir de 1760, é ornamentada com painéis representando o santo em seu martírio.

Bem ao lado da igreja situa-se o Museu Padre Toledo, uma visita imperdível de Tiradentes. Foi neste imponente casarão do século 18 que ocorreram muitas reuniões do grupo de inconfidentes do qual Tiradentes participava. Originalmente, o museu serviu de residência à Carlos de Toledo, nomeado vigário de São José do Rio das Mortes, em 1777. Ao longo do tempo o prédio desempenhou diversas outras funções, como câmara municipal, prefeitura e seminário diocesano, antes de ser transformado em museu.

O Largo das Forras, coração de Tiradentes, é também o ponto mais movimentado da cidade. No centro da praça árvores frondosas dão sombra aos moradores que querem botar os assuntos em dia ou à turistas decidindo em que direção vão seguir. Em volta da praça restaurantes, bares, lojas de chocolate, artesanato disputam a atenção de turistas. E estacionadas ao longo da praça diversas charretes estão à disposição dos turistas que quiserem um personal guia turístico e não se incomodarem de chacoalhar um pouco pelas ruas de pedra.

Vídeo: Passeio de Charrete

Numa das esquinas situa-se o prédio da prefeitura, única construção com três andares do centro histórico. Destaca-se também na praça o monumento com a imagem de Tiradentes, erguido em 1892. No dia de nossa visita a praça estava tranqüila, mas durante fins de semana movimentados não é incomum que o Largo das Forras fique lotado até altas horas da noite.

Ao lado, um dos recantos mais agradáveis da cidade, formado pela Ponte de Pedra que cruza o ribeiro de Santo Antonio, frente a um dos hotéis mais renomados de Tiradentes, o Hotel da Ponte. Quando caminhar pela cidade não deixe de observar as cinco capelas denominadas Passos, que durante a Semana Santa são usadas para representar os passos de Jesus. Foram construídas entre 1730 e 1740 e estão todas situadas no centro histórico de Tiradentes.

Vídeo: Praça Central de Tiradentes

Ao lado, a fachada da capela de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, situada bem próxima ao prédio da antiga cadeia e um dos mais belos templos construídos pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário em Minas Gerais. A capela original começou a ser erguida ainda em 1708, tendo sido concluída onde anos depois. Com o passar do tempo, foi recebendo diversas modificações, que contribuírem para aprimorar sua arquitetura e decoração. Sobre a portada existe um nicho com a imagem de São Benedito

Chegou a hora do almoço e não sabe onde ir? Bem, com certeza opções é que não vão lhe faltar, porque embora pequena Tiradentes tem muitos de bons restaurantes, acostumados a atender exigentes turistas de outras cidades ou países. O forte, naturalmente, é a tradicional comida mineira, como frango ao molho pardo, carne de porco, feijoada, arroz combinando com tutu, quiabo, couve e laranja fatiada, ou então couve na manteiga e uma bela costelinha de porco, ou ainda pururuca salgadinha, curau de milho com canela, torresmo, bolinho de arroz e por aí vai... Dentre a grande quantidade de restaurantes sugerimos o simpático Vovó & Cia, ou então os tradicionais Calabouço ou ainda o Dona Xêpa, todos situados no centro histórico.

 

Parada de todo roteiro turístico em Tiradentes, o Chafariz de São José foi construído em 1749 pelos escravos da cidade. Com canalização inteiramente executada com pedras tem cerca de mil metros de extensão. No centro vê-se a imagem representa São José, o padroeiro dos tropeiros e adornando a parte superior o brasão com as armas da coroa portuguesa, e no topo uma cruz, para conforme a crença da época, tirar os maus espíritos das águas. O chafariz tinha três funções principais: Abastecer a cidade, alimentar os tropeiros e também para as senhoras lavarem suas roupas. O detalhe é que sua construção foi feita somente durante a noite, já que durante o dia, os escravos encarregados das obras tinham que trabalhar para seus senhores. 

 

Ao lado, trecho da rua Padre Toledo, uma das mais graciosas de Tiradentes. Alguns destes casarões guardam bons restaurantes, lojas de artesanato e também um fotógrafo que tira "retratos antigos" com os turistas vestindo roupas de época, uma recordação super divertida. Depois, não deixe de visitar a Casa da Cultura, que pertenceu à Confraria da Santíssima Trindade e foi mais tarde adquirida pela Fundação Rodrigo de Andrade para criação de um centro cultural. Caminhando mais um pouquinho ladeira abaixo chega-se ao Largo da Forra, ao prédio da prefeitura, construção de 1720, e à igreja do Senhor Bom Jesus da Pobreza, erguida em 1771.Visite também a Casa da Câmara, construída totalmente com pedras, em 1717 e que abrigava as reuniões do Senado, tendo recebido inclusive o português Domingos da Silva Santos, que ali serviu como vereador, mas é até hoje mais lembrado como o pai de Tiradentes.

Video: Matriz de Sto Antonio

Na imagem ao lado, a simpática Igreja Nossa Senhora das Mercês, situada bem próxima à Ponte de Pedra. A Irmandade das Mercês, durante a época colonial, era reservada aos pretos nascidos no Brasil e aos mulatos principalmente. A Ordem de Nossa Senhora das Mercês da Redenção dos Cativos foi fundada na Espanha, com a finalidade de libertar os cativos na época em que a Península Ibérica estava dominada em grande parte pelos mouros. No Brasil o culto se difundiu principalmente entre os escravos pardos. A obra foi iniciada em 1760, e o templo tem uma fachada simples mas harmônica. No forro da nave estão representados os coros dos anjos e os dois santos fundadores da ordem, São Raimundo Nonato e São Pedro Nolasco. No trono estão imagens de Nossa Senhora das Mercês, Nossa Senhora do Parto e São Gonçalo do Amarante.

Vídeo: Tiradentes ao Entardecer

 

Ao lado, fachada principal da antiga cadeia pública, construída em 1835, no mesmo lugar onde a primeira cadeia foi destruída por um incêndio. O prédio retangular em estilo sóbrio, tem quatro grandes janelas com grades, e em seu interior um pequeno museu fornece informações sobre sua história. Na sala dos fundos uma escada em caracol conduz ao subsolo, onde eram mantidos os presos mais rebeldes, num ambiente claustrofóbico. Situado na rua Direita, uma das curiosidades relacionadas á sua história é que bem em frente foi construído um Passo, para os detentos participarem das comemorações da Semana Santa.

 

Charretes cor de rosa para moças românticas também podem ser alugadas para percorrer os pontos turísticos da cidade, como o Chafariz de São José, o Museu Padre Toledo, as igrejas de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, de Nossa Senhora das Mercês e a Matriz de Santo Antônio, a mais famosa da cidade, onde estão diversas obras de Aleijadinho. Se o roteiro de charrete não incluir vale a pena conhecer por conta própria o Sobrado Ramalho, situado na esquina das ruas Direita e da Câmara, considerado o mais antigo da cidade, e que serviu como residência dos Ramalho, tradicional família de Tiradentes responsável pela conhecida Orquestra e Banda Ramalho em 1860, uma das primeiras do país no estilo. Imperdível também é tirar algum tempo para garimpar pelas dezenas de lojas de artesanato, conhecendo a diversidade o bom gosto dos artistas locais. A pequena localidade de Bichinho, a seis quilômetros do centro, também abriga diversos ateliês.

Outra atração local muito concorrida é o passeio de trenzinho Maria Fumaça, que acontece aos fins de semana, entre Tiradentes e a vizinha São João del Rey. O trajeto é curto, mas como o trem viaja bem devagar o passeio torna-se ainda mais divertido. As partidas acontecem da estação situada logo na entrada da cidade.

Vídeo: Pousada em Tiradentes

A Matriz de Santo Antônio é a principal da cidade, ocupa um local de destaque no alto de um morro, e está presente na maioria das fotos turísticas de Tiradentes. Sua construção foi iniciada em 1710, e nela podem ser encontrados diversos trabalhos de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. O impacto que os visitantes tem ao entrar na igreja e deparar com sua riquíssima decoração não raro causa exclamações de espanto e não surpreende saber que esta igreja é considerada como a segunda em quantidade de ouro, de todo o Brasil. Aos fins de semana tem espetáculo de som e luzes, quando é contada a história da igreja e de seus santos. Em dias especiais também apresenta concertos de música barroca.

 

Ao lado, um trecho da Rua Direita, uma das mais pitorescas da cidade. Foi com o ciclo do ouro nas Minas Gerais que Tiradentes tornou-se, na época, uma das cidades mais importantes do país. Após a queda da atividade mineradora Tiradentes deixou de ser economicamente viável e foi quase completamente abandonada. Somente na segunda metade do século 19, como o início do desenvolvimento turístico nas cidades históricas de Minas, que o patrimônio de Tiradentes começou a ser recuperado e a cidade caiu no gosto de todos.

Durante o período Brasil colônia, os brasileiros que encontravam ouro deviam pagar o Quinto, ou seja, vinte por cento de todo ouro encontrado deveria ir para Lisboa. Aqueles que se negavam sofriam duras penas e podiam até ser condenados ao degredo, ou seja, enviados para as colônias portuguesas na África.

Um dos impostos mais infames estabelecidos pela Coroa ficou conhecido como Derrama, onde cada região tinha que pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para Portugal. Quando estas exigências não eram cumpridas, soldados invadiam as casas das famílias e apossavam-se de seus pertences até que fosse completado o valor exigido.

Inspirado pelos ventos de liberdade originários da revolução francesa, surge em Minas Gerais o desejo de também dar um fim à exploração imposta pela Coroa, e obter-se liberdade para que as riquezas extraídas no Brasil permanecessem em nossa terra

O maior nome da luta pela liberdade no Brasil foi Tiradentes, nascido nesta cidade, em 1746. Após a morte dos pais foi mascate, minerador, militar e dentista, o que lhe daria o apelido de Tiradentes. Revoltado com a ganância da Coroa, que aumentava cada vez mais os impostos e vendo brasileiros oprimidos em sua terra ele começa a sonhar com a liberdade e independência do Brasil. Juntos, Tiradentes e amigos que pensavam da mesma forma começam a conspirar pela independência, num movimento que ganhou o nome de Inconfidência Mineira. Mas antes de deflagrarem o movimento os inconfidentes são traídos. Como conseqüência são presos e castigados com a pena de morte, degredo perpétuo e confisco dos bens. Ao contrário dos outros inconfidentes, Tiradentes não negou suas idéias, e assumiu a responsabilidade pelo movimento. Como castigo, foi enforcado, tendo o corpo esquartejado e seus membros expostos ao longo da estrada que ligava Rio a Minas. Seus bens foram confiscados, sua casa queimada e o terreno salgado para que nada mais crescesse no local. Hoje, no Largo do Sol, recanto da cidade onde ele nasceu, emoldurado por árvores e flores, situa-se um singelo monumento em homenagem àquele que sonhou e morreu pela liberdade do Brasil, o alferes Joaquim José da Silva Xavier, nosso Tiradentes.

 

Na imagem ao lado, uma vista geral da cidade, com destaque para a Matriz de Santo Antônio. Como dá para ver a cidade foi construída em cima de ladeiras, por isso esteja preparado para enfrentar muitas subidas e descidas durante suas caminhadas em Tiradentes. A cidade somente passaria a se chamar Tiradentes após a proclamação da república, como uma forma de homenagear seu filho mais famoso. Todos que a visitam ficam encantados com seus casarões, igrejas, ruas e sobrados. Mas quando for lá lembre também da razão pela qual a cidade tem este nome e do que ele representa para a história do Brasil. Que Tiradentes sirva de inspiração para todos nós.

 

 

 


A inscrição na bandeira de Minas Gerais homenageia os ideais dos inconfidentes liderados por Tiradentes.
Nela lê-se, em Latim: LIBERDADE, AINDA QUE TARDIA.