Inicio
Aracaju
Belém
Belo Horizonte
Blumenau
Boa Vista
Brasilia
Campo Grande
Caxias do Sul
Curitiba
Florianópolis
Fortaleza
Gramado
João Pessoa
Joinville
Lençóis
Maceió
Manaus
Mariana
Natal
Olinda
Ouro Preto
Pantanal
Paraty
Pelotas
Petropolis
Porto Alegre
Porto Velho
Recife
Rio de Janeiro
Rio Branco
Salvador
São J. del Rei
São Luis
Teresina
Tiradentes

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 







 

 

 

 

Num país com um território tão imenso é natural que existam muitos lugares que os próprios brasileiros não conheçam, ou até mesmo nunca tenham ouvido falar. Pura injustiça, pois muitos destes lugares são tesouros de incalculável beleza, e diversos destes tesouros não estão nada escondidos. E a região de Lençóis é um bom exemplo. Com uma beleza incrível e um aspecto absolutamente incomum, este é um daqueles lugares que todo mundo deveria visitar, ao menos uma vez na vida.

   

Depois de muito planejamento e espera, finalmente o dia chegou. Estávamos quase chegando. E à medida que nos aproximávamos e víamos a paisagem se transformar ao nosso redor, tudo começava a assumir a aparência de um sonho, tornando difícil explicar a sensação que aquele lugar nos transmitia. Era como uma miragem que de repente se torna realidade, bem à nossa frente, ou então como um lugar que conhecemos em sonhos, mas que achávamos que não pudesse existir de verdade. Mas era tudo real e estava bem à nossa frente.

 

Os Lençóis sempre estiveram lá, mas inacreditavelmente pouca gente sabia disso. Por estarem localizados numa região de acesso difícil e contarem com estrutura turística bastante precária eram um tipo de paraíso escondido, até mesmo para muitos moradores do estado do Maranhão. Mas então veio a novela da Globo 'O Clone', que teve diversas de suas cenas gravadas aqui, e tudo mudou. Hoje o acesso é feito por uma estrada perfeita, e em pouco mais de três horas você vai de São Luis até Barreirinhas, cidade mais próxima do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, onde estão algumas excelentes pousadas que funcionam como ponto de partida para explorar a região dos Lençóis.

 

Conhecido como o Saara Brasileiro, o Parque Nacional de Lençóis Maranhenses cobre uma área de 155.000 hectares, e em alguns trechos avança até setenta quilômetros a partir da costa. O parque foi criado em 1981 para preservar esta região maravilhosa, constituída por uma sucessão infindável de dunas imensas, entremeadas por centenas de lagos de águas mornas e cristalinas, uma mistura quase inacreditável de deserto com água, como não existe em nenhum outro lugar do mundo. Num momento você está escalando as dunas do Saara, e no minuto seguinte está mergulhando e se refrescando numa lagoa de águas cristalinas.

O passeio até a região de Lençóis é oferecido por diversas operadoras de turismo de todo o país. Geralmente o pacote começa na cidade de São Luis, capital do Maranhão, e pode durar de dois dias a uma semana inteira, ou ainda mais, conforme sua disposição de conhecer o lugar mais a fundo. Não é permitido entrar nos Lençóis com veículos próprios, e apenas guias autorizados devem nos conduzir pela região. Isto garante que ninguém vai se perder pelo deserto, e ainda oferece a garantia de ver todo o melhor da região. Ao lado, foto da Lagoa Azul, uma das mais conhecidas dos Lençóis

 

Nem pense em meter seu carro na região de Lençóis, isto seria uma loucura e você ficaria atolado logo no início. Apenas potentes veículos de tração 4x4 encaram esta aventura. Além disso, para dirigir no parque é necessário ter autorização prévia do Ibama e conhecer muito bem a região. Da cidade de Barreirinhas até o início do Parque dos Lençóis segue-se uma trilha de trinta minutos a bordo destas Toiotas. Este percurso já é uma prévia das emoções que estão por vir, cruzando o rio em rústicas balsas, atravessando cursos d'água e vencendo a mata fechada. Durante este trecho é bom manter seu rosto protegido, pois em alguns trechos a mata e tão fechada que galhos de árvores açoitam com força as laterais dos veículos.

 

Ao término da jornada de trinta minutos entre Barreirinhas e o início do Parque começa a verdadeira aventura. Todos os visitantes são instruídos a trazer roupa de banho, porque ao longo da caminhada pelas dunas vamos encontrar diversas lagoas e é impossível resistir à tentação cair na água. Leve também óculos escuros, pois a luz do sol e a claridade da areia criam uma luminosidade tão forte que pode incomodar.

Mas, apesar do risco de se perder, a vontade é que diversas vezes tivemos vontade de sair de fininho, deixando o guia para lá e simplesmente sairmos a caminhar por conta própria, subindo as dunas, tomando banho nas lagoas, indo até o mar e voltando para areia, esquecendo que algum dia teríamos que voltar à civilização.

 

A vila de Mandacarú, onde fizemos a foto ao lado, é uma graça, e logo que chegamos lá fomos recebidos por suas crianças, que meio encabuladas vem se chegando, começam aos poucos a conversar e em pouco tempo já estão contando para a gente tudo sobre sua escola e seus sonhos.

Use roupas leves e não esqueça de arranjar também um chapéu ou boné. Um bom protetor solar é também indispensável, principalmente para quem tem a pele clara. Lembre que o vento por aqui sopra quase todo o tempo e ilude a sensação de calor, mas nem por isso o sol deixa de queimar. 

 

Prepare suas pernas, pois a caminhada pela areia é longa e inclui subidas e descidas de dunas com dezenas de metros de altura. Ah sim, e não esqueça de levar também um cantil ou algumas garrafas de plástico com água. No interior do Parque dos Lençóis você estará em contato com a natureza em seu estado mais puro, assim não espere encontrar bares, restaurantes ou banheiros públicos por aqui. Será somente você, a areia, os lagos, e seu abençoado guia.

 

A jornada até Mandacarú é feita numa confortável embarcação que dispõe de bar e banheiros a bordo, e que partindo do porto de Barreirinhas, em algumas horas de navegação nos conduz até a foz do rio. Pelo caminho são feitas paradas na região dos Pequenos Lençóis e na vila de Mandacarú, sendo o fim da jornada a faixa de areia formada entre o rio Preguiças e o Oceano Atlântico, onde existe outra confortável pousada e um simpático restaurante. Ao chegar lá pode-se tomar banho de mar e contratar uma Voadeira, como são chamada as pequenas e velozes embarcações, e que nos levam até mar aberto. Ao lado, imagem da vila de Mandacarú, feita a partir do topo de seu farol. Por cima da vegetação podem ser vistas as areias do mar, e mais acima, o oceano. 

 

Uma única combinação de fatores contribuiu para a formação dos Lençóis, entre os quais a ação constante dos ventos, a maré, as correntes marítimas e o regime diferenciado de chuvas.

Na foto ao lado, nosso grupo escalando uma duna na região dos Pequenos Lençóis. Repare que neste ponto a declividade é tão grande que existe até uma providencial corda para ajudar aos turistas a subir.

 

A maior parte da população nesta área vive da pesca ou do artesanato e entre os meninos percebemos que a maior parte sonha, quando crescer, se tornar piloto das velozes Voadeiras. 

Em Lençóis foi rodado o filme "Casa de Areia", com Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, e muitos estrangeiros que assistiram o filme decidiram visitar a região inspirados pelas belas imagens que viram nas telas.

 

Um pacote básico geralmente dura dois dias, e inclui passeio pelas dunas com paradas de tempos em tempos para tomar banho nas diversas lagoas que surgem pelo caminho, e um passeio de barco pelo rio Preguiças até sua foz, visitando a região dos Pequenos Lençóis, o Farol e a Foz do rio Preguiças. Pacotes personalizados e maiores podem ser tratados com operadoras locais, em São Luis ou Barreirinhas, e são a forma ideal de conhecer o Parque a fundo, para quem dispõe de mais tempo. Ao lado, imagem feita a partir da embarcação que percorre o rio Preguiça, mostrando a rica vegetação ao longo de suas margens.

 

O período das chuvas na região dos Lençóis ocorre entre janeiro e junho, quando suas águas se acumulam entre as dunas e formam as lagoas. Normalmente, a partir de maio você já encontrará as lagoas cheias, época ideal para visitar o lugar. O curso do rio Preguiças é controlado pela maré. Quando está vazante, o rio corre em direção ao mar, e quando está cheia ele corre em direção a terra. Diversos igarapés e manguezais circundam o rio, e percorrer estes cursos de água a bordo das pequenas Voadeiras é garantia de encontrar pelo caminho desde jacarés e guarás, até garças e mergulhões.

 

Paramos neste local durante nosso passeio de barco pelo rio Preguiças. A caveira de boi fincada à uma estaca tinha mais por finalidade criar impacto visual do que sinalizar alguma coisa importante. Neste ponto há um restaurante à beira do rio, e o programa preferido dos turistas que chegam é alimentar os macaquinhos que vivem por ali. Na verdade, este areal às margens do rio é uma exceção à sua rica vegetação, pois o rio Preguiças corta grande parte do Maranhão, e neste trecho é rodeado por vegetação nativa, como coqueiros, açaís, buritis e carnaúbas, como mostrado numa das fotos acima.

Outros passeios que podem ser feitos a partir do rio são às dunas de Vassouras, Espadarte, Alazão e Morro do Boi. Entre as principias vilas situadas às margens do rio Preguiças estão Mandacarú, Caburé e Atins. Em todas você encontrará pessoas simples, amigáveis e de vida pacata, muitas morando em casas de pau a pique, cobertas com palha de buriti, que nunca saíram daqui, e que vêm com olhos curiosos um número cada vez maior de turistas chegar às suas localidades.

 

Se você é como a gente e gosta de fotografar tudo que encontra pela frente não custa lembrar que é bom tomar cuidado com sua câmera ou filmadora. Poucas coisas são mais prejudiciais a um delicado equipamento eletrônico do que areia e sal do mar. Um recurso que usamos é envolver o equipamento num saco plástico transparente, e cortar fora o espaço da frente, onde fica a lente, fixando-o com um filtro de rosca. Assim você consegue boas fotos e não compromete seu equipamento.

O aeroporto de Barreirinhas também oferece vôos panorâmicos sobre os Lençóis, para um grupo mínimo de quatro ou seis pessoas, conforme o tamanho do avião

 

Para turistas que estejam visitando os Lençóis, a melhor opção para hospedagem é em Barreirinhas, como na ótima Pousada do Buriti, onde ficamos, e que dispõe de apartamentos com todo conforto, ar condicionado, televisão, piscina e um café da manhã inesquecível. Mesmo sem luxos, suas instalações são tão boas que chegam a criar um contraste com a simplicidade das outras construções de Barreirinhas. Na vila de Mandacarú não existem opções de hospedagem para turistas.

 

 

Ao lado, um mapa simplificado da região dos Lençóis. Na base da foto está representada Barreirinhas, o melhor ponto de partida e hospedagem para os passeios. São Luis (não aparece no desenho), a capital do Maranhão, fica a cerca de três horas de estrada de Barreirinhas. Entre esta cidade e o litoral está representado também o rio Preguiças, que conduz ao litoral, onde estão Caburé e Mandacarú. Passeios de barco seguem por este rio até o litoral. Passeios com veículos 4x4 geralmente seguem direto por terra até os Grandes Lençóis, todos partindo de Barrerinhas.

 

Esta última foto foi clicada de um avião, alguns minutos após decolarmos de São Luis, quando sobrevoávamos os Lençóis. Somente desta altitude foi possível avaliar a imensidão deste parque e perceber quão pouco tínhamos visto desta região e de todas as belezas que ela guarda. Este foi um passeio diferente de tudo que já tínhamos visto, e que ficou em nossa memória como um lugar surreal, fantástico e abolutamente inesquecível.

 

 

 


Vista aérea dos Lençóis