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Boa Vista, para nós, foi uma grande e boa surpresa. Nada conhecíamos sobre aquela região do Brasil até chegar lá, e não tínhamos idéia que ao chegar ao extremo norte do país, em plena região amazônica, iríamos encontrar uma cidade tão agradável, e sinceramente, bonita. Largas avenidas com  ruas arborizadas, ela tem um jeito de cidade do interior, acrescida de um toque de modernidade. Apesar de focar longe ela não se deixou intimidar pela distância e soube crescer e se aprumar. Sim, não é um destino turístico tradicional, mas a cada dia, torna-se mais lembrada como ponto de partida para roteiros relacionados ao ecoturismo, e por todos aqueles que querem conhecer os extremos mais distantes do país. 

   

A capital do estado de Roraima surgiu no século 19, e teve sua origem no pequeno povoado existente às margens do rio Branco. Quem se aproxima de Boa Vista por via aérea pode observar a perfeita geometria de suas ruas e avenidas (foto acima), indícios claros de um cuidadoso planejamento urbano que parece destoar das suaves curvas do rio e das matas à sua volta. Tudo na cidade irradia-se da Praça do Centro Cívico, onde estão os principais prédios administrativos, melhores hotéis e restaurantes, sendo que o comércio local pouco difere do existente em qualquer outra cidade brasileira do mesmo porte.


 

A pouca distância do centro cívico, situa-se o centro histórico da cidade, situado na região da praça Barreto Leite. Em termos turísticos, esta região oferece diversas alternativas para visitas interessantes, cada uma contando um diferente aspecto sobre a formação histórica de Boa Vista. Vale a pena conhecer a pequenina Igreja Histórica, o Porto das Lavadeiras e o Depósito de Sal. E depois visitar o Parque Anauá, que conta com lagos, áreas de lazer, e onde pode também ser visitado o Museu de Roraima. 

Quemuem dispuser de tempo suficiente para ir mais além de Boa Vista, com certeza não vai se decepcionar. O ecoturismo cada vez mais se afirma como uma das atividades mais solicitadas entre turistas do Brasil e do exterior. Diversos desses viajantes procuram chegar até o Monte Roraima, que com seus quase três mil metros de altitude é um dos principais símbolos dessas terras. Quem se dispuser a encarar esta aventura de vários dias, deve estar preparado para enfrentar ventos de até 100 km por hora e temperaturas que vão do frio congelante ao calor tropical, conforme a hora do dia. Em compensação, durante a subida vai encontrar uma infinidade de espécies vegetais e vistas deslumbrantes. Quem chegar ao cume do Monte Roraima encontrará ainda o Marco da Tríplice fronteira, demarcando o ponto de encontro de Brasil, Venezuela e Guiana.

 

O Monumento aos Garimpeiros, situado na praça Barreto Leite, é o mais famoso monumento da cidade, e como é fácil deduzir, homenageia todos aqueles que contribuíram para o desenvolvimento e progresso desta região. Em dias festivos, outra visita obrigatória é ao Complexo Esportivo Airton Senna, de construção recente, mas que logo se tornou o point preferido da cidade para realização de eventos e esportes diversos.

 

Ao lado, imagem de um recanto bucólico da cidade, às margens do rio Branco. Como seria de esperar num lugar rodeado pela natureza, roteiros alternativos são uma das principais atrações de Boa Vista. Entre os mais procurados está a excursão que segue até Pedra Pintada, bloco de granito gigantesco, com 60 metros de diâmetro e 35 metros de altura, situado às margens do rio Parimé, onde foram descobertas inscrições e desenhos pré-históricos. Para quem tem espírito aventureiro e não se importa de abrir mão do conforto por alguns dias, a dica é conhecer a aldeia dos índios Ianomâmi ou Macuxis. Elas são distantes, o trajeto é difícil, e é necessário uma prévia autorização da Funai, mas a aventura com certeza será inesquecível. 

 

Foto da Praça das águas, um dos endereços mais conhecidos de Boa Vista. com destaque para o monumento conhecido como Portal do Milênio, construído na chegada do ano 2000. Este é o local certo para ir à noite, pois é rodeado de bares e restaurantes onde se pode desfrutar desde boa música até pratos típicos. Também são freqüentes os eventos de música e dança. E para a garotada que prefere hamburguers e coca cola, lá também estão filiais das grandes redes de fast food, encontradas no resto do Brasil.

 

Outro lembrado programa turístico consiste em descobrir as praias do rio Branco. Entre setembro e abril o nível das águas baixa muito, fazendo surgir em suas margens diversas praias de areias brancas, um cenário muito bonito. Algumas delas são desertas e cercadas pela típica vegetação amazônica, outras são muito freqüentadas e contam até com bares e restaurantes. O acesso à estas praias é feito por barcos de aluguel, facilmente encontráveis no porto da cidade. Outros passeios de barco seguem em direção à floresta amazônica, onde é possível percorrer rios e igarapés.

 

Boa Vista ainda guarda gostosos hábitos de interior, como por exemplo o costume de quase todo comércio de fechar suas portas por duas horas após o almoço. Como tudo aqui é perto, todo mundo vai almoçar em casa. Desnecessário dizer que por estas bandas estresse é uma palavra quase desconhecida. Ao lado, Monumento aos Pioneiros, que como diz a placa fixada em sua base "Iniciaram a construção de um sonho chamado Roraima". Junto ao monumento, dois alegres estudantes que fizeram questão de posar para a foto que ia aparecer na Internet.

 

Não deixe de conhecer o Teatro Carlos Gomes, situado ao lado da Igreja de São Sebastião. Visite ainda a Catedral Cristo Redentor, Palácio Senador Hélio Campos, sede do governo estadual, Palácio da Cultura, e o prédio da Assembléia Legislativa do Estado, todos exemplos da pujante arquitetura cada vez mais presente na cidade. Ao lado foto da região central da cidade, onde estão bancos, lojas e restaurantes. Ah sim, quando chegar a hora do almoço vá até o Mister Quilo, que tem um cardápio super variado e preços muito bons. Está situado bem no centro, próximo à Av. Getúlio Vargas.

 

A cidade tem boas opções de hospedagem, embora sem luxos. Quando estivemos lá ficamos no Uiramutam Palace, que tem quartos com ar condicionado, TV a cabo e está bem situado, em frente à Praça das Águas. Outra boa opção é o Aipana Plaza, situado no Centro Cívico. Esta simpática construção de cores fortes é um dos melhores locais da cidade para encontrar lembranças, curiosidades, artesanato indígena, etc. Fica a uma curta caminhada do centro, às margens do Rio Branco. Pouco adiante, fica outro local ótimo para freqüentar nas noites de 6a feira e sábado, o deck turístico inaugurado às margens do rio, que conta com restaurante, bares, música ao vivo e muita animação. Ao fundo a Ponte Macuxí, que com seus 1.200 m de extensão, oferece uma das melhores vistas da cidade.

 

Outro roteiro turístico muito lembrado na região é visitar as ruínas do Forte São Joaquim, tombado pelo patrimônio histórico. A melhor forma de chegar lá é de barco, numa viagem que dura aproximadamente 3 horas. O forte foi construído pelos portugueses de 1775. Na época eles estavam preocupados com a crescente presença de ingleses, franceses e holandeses nestas terras ao norte do Brasil, e decidiram construir a fortificação para tentar conter seu avanço. Hoje o forte está em ruínas, mesmo assim a visita é interessante para quem dispuser de mais tempo para visitar os arredores. À pouca distância do forte está situada outra atração local, a Fazenda de São Marcos, uma das primeiras do extremo norte Brasileiro dedicadas à criação de gado, e que muito contribuiu para o desenvolvimento da região. 

 

Roraima é o estado brasileiro com maior população indígena, formada entre outros, pelos Maiogong, Taurepang, Macuxí, Ingaricó, Waimiri-Atroari, Wai-Wai, Waipixana e Yanomami. Também aqui está o ponto extremo norte do país, o Monte Caburaí. Esta é uma terra repleta de simbolismos, a começar pelo nome, pois Roraima significa Corajosa Mãe dos Ventos. É a afirmação definitiva de um lugar que soube vencer a selva, a distância, e muitas outras adversidades, e impor-se como a fronteira norte de um país continental. Mas acima de tudo, Roraima é um desafio e convite irresistível aos novos aventureiros e descobridores do século 21.

 

 


Monumento ao Garimpeiro