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Ela
está mais próxima do Oceano Pacífico do que do Atlântico, rodeada pela
selva, e por um clima quente e úmido. Rio Branco, capital do estado do
Acre, pode não ser reconhecida como tradicional destino turístico, mas
é ainda assim reserva agradáveis surpresas para os visitantes. Nos
últimos anos a cidade tem sido submetida a um firme programa de
revitalização e já oferece diversas atrações que valem a pena ser
conhecidas. Isto tudo em meio a uma eclética mistura de brancos,
negros, indígenas e vizinhos dos países andinos, que aqui criaram uma
instigante e única atmosfera de costumes, raças e culturas. Na
foto ao lado um trecho da região central da cidade, situada às margens
do rio Acre, que após a revitalização, transformou-se numa das áreas
mais agradáveis da cidade. |
Seria inevitável falar do Acre sem lembrar de José Maria da Silva Paranhos Júnior, que entrou para a história como Barão do Rio Branco,
grande advogado, diplomata e geógrafo. Foi ele o responsável pela
consolidação das fronteiras brasileiras em diversas regiões
conflituosas, particularmente no estado do Acre. Até então esta região
era parte do território bolivaniano, mas aquele país nunca chegou a
ocupar estas terras. Com a exploração das seringueiras,
mais e mais brasileiros se estabeleceram na região, deixando preocupado
o governo da Bolívia, que chegou a organizar uma expedição militar para
invadir o território acreano e expulsar os brasileiros.
Lutas, conflitos e um movimento armado conhecido como ‘Revolução Acreana’
se seguiram, envolvendo até mesmo interesses americanos na Bolívia. Foi
graças às intensas gestões diplomáticas do Barão de Rio Branco que a
situação foi contornada, de forma pacífica, garantindo que o Acre
passaria a ser oficialmente integrante do território brasileiro,
primeiro como território, a partir de 1903, e como estado a partir de
1962. Foi também em homenagem ao Barão de Rio Branco, a capital do Acre
foi nomeada. Ao lado, vista aérea do centro de Rio Branco e das três
pontes que cruzam o rio Acre. |
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Rio
Branco é banhada pelo rio Acre, que tem sua nascente no Peru, e
banha os municípios de Brasiléia, Xapuri e Rio Branco, e mais
além desemboca no Rio Purus que por sua vez é um dos afluentes do
rio Amazonas. Ao cruzar a cidade ela divide Rio Branco em duas partes,
de um lado o centro histórico, e de outro a cidade nova. Como seria de
esperar nestas condições, o transporte aquático predomina nesta região,
e embarcações de todo tipo fazem o transporte das pessoas e produtos
rio abaixo ou acima. Entre julho e setembro o rio é palco de diversos
esportes aquáticos. Também neste período surgem em suas margens
diversas praias, como a praia do Amapá e praia do Riozinho do Rola. Ao
lado, vista de prédios do centro. |
Na
margem esquerda do Rio Acre, no trecho da cidade conhecido como
Primeiro Distrito, situa-se o centro administrativo do estado,
representada pelo Palácio do Governo
(foto ao lado). Há alguns anos o prédio deixou de abrigar a sede do
governo estadual e foi transformado em museu. No local, atenciosas
guias turísticas nos conduzem por todas as peças do prédio, contando um
pouco sobre a rica estória da formação do estado do Acre, desde quando
pertencia à Bolívia, até o período em que foi autônomo e finalmente
quando passou oficialmente a ser território Brasileiro.
Frente
ao prédio, um obelisco branco homenageia todos os heróis que
contribuíram para a conquista do território do Acre. Esta é uma das
áreas mais agradáveis da cidade, e vale ser percorrida de ponta a
ponta, inclusive de noite, para apreciar as fontes coloridas e jardins. |
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Depois de visitar o museu situado no antigo Palácio do Governo, siga a caminhada até chegar ao Memorial dos Autonomistas,
na foto ao lado. O nome é referência aos que lutaram pela autonomia do
território do Acre, na época envolvido em disputas entre Acreanos,
Bolivianos e Brasileiros. Historicamente estas terras eram ocupadas por
brasileiros há muito tempo, embora pertencessem oficialmente à Bolívia.
Conta-se que o governo boliviano pretendia expulsar os brasileiro e
entregar o território à poderosas empresas estrangeiras que exploravam
borracha, na época mais valiosa que petróleo. Revoltados, os
brasileiros se recusaram a partir, declarando a autonomia do Acre como
um estado Independente. No memorial estão os restos mortais do senador
Guiomar Santos, responsável pela elevação do Acre a estado, e de sua
esposa Lídia Hammes. Junto ao memorial está o Café do Teatro, servindo
refeições e lanches. |
Ao
lado vista do calçadão construído junto ao rio Acre, e a ponte de
pedestres - conhecida simplesmente como Passarela - que atravessa as
águas. Esta ponte trouxe uma grande revitalização à margem oposta do
rio, e frente às águas surgiram bares e espaços culturais que merecem
uma vista. Um dos melhores da cidade está situado justamente aqui, é a Fundação de Cultura Elias Mansour,
onde artistas locais e de outras regiões expõem suas obras. Não deixe
de ir lá, pois com certeza ficará surpreso com o alto nível dos
trabalhos em exposição. Ainda no lado oposto do rio, conhece a
Gameleira, como é chamado o trecho onde surgiu Rio Branco. Lá, às
margens do rio, frondosas árvores demarcam o antigo porto, onde
ancoravam as primeiras embarcações da cidade.
Ah sim,
não esqueça de levar um bom estoque de protetor solar e para as
mulheres de pele sensível ao calor, uma sombrinha. O calor que faz na
cidade é quase uma constante, e surpreende até mesmo a quem se julga
acostumado às altas temperaturas. |
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Um
dos pontos mais bonitos de Rio Branco é conhecido como Praça dos
Seringueiros, que costuma ser muito freqüentado, principalmente durante
os fins de semana, quando transforma-se na principal endereço cultural
e de lazer na cidade. É o endereço certo para ver de perto o verdadeiro
mosaico cultural e étnico da região Acreana. Também nesta praça
acontecem a famosa Feira de Artesanato, cujo principal atrativo são os
produtos indígenas. Igualmente interessante é a Feira de Pratos
Típicos, onde podem ser encontradas curiosidades culinárias de todos os
tipos, desde frutas praticamente desconhecidas no resto do Brasil,
passando pelas raízes que curam quaisquer males, até pratos indígenas.
Ao lado, memorial a Chico Mendes,
situado no coração desta praça. Reconhecido internacionalmente tendo
inclusive sido homenageado pela ONU, Chico Mendes foi o fundador de um
sindicato de seringueiros, e dedicou grande parte de sua vida a
preservação da floresta amazônica, contra o desmatamento
indiscriminado. Nascido no Acre, num seringal próximo à cidade de
Xapuri, foi assassinado em 1988. |
Ao lado, fachada do Museu da Borracha.
Lá está um interessantíssimo acervo discorrendo sobre a importância da
extração da borracha, as seringueiras, maquetes, réplica de defumadores
de látex, e tudo mais relacionado à esta época tão importante para o
desenvolvimento da região amazônica.
Depois visite a Catedral Nossa Senhora de Nazaré,
um dos principais marcos arquitetônicos da região amazônica. Trata-se
de uma obra em estilo romano, cuja construção foi iniciada em 1948, e
dispõe de três belas naves, 36 vitrais coloridos instalados na parte
superior e 11 na parte inferior, todos doados por tradicionais famílias
locais. É uma obra prima como poucos julgam capazes de encontrar no
coração da selva. Merecem destaque igualmente a abóbada em arco,
sustentada por colunas em estilo romano. Em seu interior, um
mausoléu construído em granito abriga os despojos do bispo Giocondo
Grotti. |
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Vista da Praça Plácido de Castro, um agradável recanto da cidade. A estátua homenageia ao próprio coronel Plácido de Castro,
que, como informa o texto na base do monumento, "teve a ousadia de
confrontar o exército boliviano e o grande capital internacional
durante a conquista do Acre". O prédio ao fundo é a prefeitura da
cidade. Por aqui estão também os principais pontos comerciais, bancos,
restaurantes e comércio em geral. Quem tiver tempo livre deve
aproveitar também para visitar a Casa do Índio, uma autêntica oca que
reproduz o habitat natural de muitas tribos amazônicas. Junto à ela é
possível conhecer uma pitada da selva, mas sem correr os perigos de
penetrar na verdadeira floresta. Está situada junto à rodovia AC-040,
próxima à Vila Acre, a 10 km de Rio Branco. A região em volta tem 52
hectares de área de floresta, com vegetação e fauna muito
diversificadas, além de interessantes informações sobre aspectos do dia
a dia na selva, relacionados à extração da borracha nas seringueiras,
lendas, cultura e animais da floresta. |
Uma
grande área de Rio Branco foi urbanizada com a construção de um canal
hidráulico. Mas o que poderia ser uma simples obra de infra estrutura
urbana logo tornou-se uma referência local, simplesmente porque, ao
longo de suas margens foi construído um belo parque, dotado de
ciclovias, recantos para exposições, e centro de artesanato. Não deixe
de tirar uma ou duas horas para percorrer esta região. |
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Mais
uma vista do bairro histórico de Rio Branco, ás margens do rio Acre.
Esta é a melhor região da cidade para encontrar boas ofertas
artesanais, curiosidades, os deliciosos bombons de cupuaçú e tantas
outras delícias regionais. O destaque daqui é o prédio do Mercado Velho
e as estátuas em frente, representando típicos Acreanos. O estado do Acre ainda é habitado por cerca de 50 tribos
indígenas, e muitas delas ganham seu sustento com a fabricação de
artesanato. Autênticas preciosidades, representando o universo indígena
da Amazônia tal como é visto por seus primeiros habitantes. Quem
procura por estas peças pode ir até a João Natureza (av. Getúlio Vargas
466), uma das mais bem sortidas da cidade. |
Ao
lado, uma última imagem do rio Acre, que banha Rio Branco. Ao conhecer
de perto a terra de Chico Mendes, é impossível não perceber que este é
um lugar especial, dotado de forte simbolismo: Representa um pedaço do
Brasil que não faz parte dos roteiros turísticos nem aparece muito em
cartões postais. Está longe dos grandes centros urbanos, dos pólos
industriais e das paradisíacas praias de nosso extenso litoral. Na
verdade, as matas e rios do Acre representam aquele imenso Brasil
desconhecido, que grande parte dos brasileiros não tem a oportunidade
de conhecer e não devemos esquecer que, não fosse por centenas de
locais como este, o Brasil não seria o país continental que é, nem
teria os recursos e riquezas que estão em nossos solos e águas. |
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