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Ya koeku koyuhoyeako uti ra uetmo'u koane a'koyea kurika uti ra uiyénoxapa mèku ákomo hunókoku ra terenó é. Não, isto não é um engano de digitação. A frase está escrita no idioma Terena. Foram estes indígenas os primeiros habitantes de Campo Grande, muito antes de chegarem os colonizadores e fundarem a localidade que daria origem à bela Cidade Morena. E nos anos que se passaram desde a fundação, Campo Grande teve um desenvolvimento excepcional, e hoje destaca-se como uma das metrópoles mais importantes do centro-oeste brasileiro. Grandes prédios, largas avenidas, indicadores econômicos invejáveis e muito calor, a capital que serve como porta de entrada do Pantanal afirma-se também, cada dia mais, como importante pólo turístico.

   

Campo Grande foi fundada exatamente no centro da região da qual ela viria a tornar-se capital, o estado de Mato Grosso do sul. O local foi escolhido pelos colonizadores por estar situado próximo a generosas matas, boas pastagens e importantes cursos de água. A cidade cresceu vendo surgir avenidas largas e arborizadas, conectando vias e bairros residenciais, o que permite deslocamentos rápidos e eficiente, mesmo entre pontos distantes. Diversas praças e áreas verdes foram incluídas neste planejamento, o que ajuda a amenizar o forte calor e a baixa umidade do ar durante grande parte do ano. Um dos pontos centrais de cidade é a Praça do Rádio (na imagem ao lado), que recebeu este nome em referência ao tradicional Rádio Clube, agremiação mais famosa da cidade. Na praça situam-se um monumento homenageando a imigração Japonesa, palco para eventos, parque infantil e quiosque da arte.

A pouca distância da Praça do Rádio situa-se a Casa do Artesão, visita obrigatória em Campo Grande. Situada em prédio histórico, o local oferece uma diversidade notável de artesanato típico, desde cerâmica indígenas a licores, rendas e bordados, passando por cestos, esculturas, vestimentas e souvenires diversos. A Casa do Artesão está situada na Av. Afonso Pena, esquina com Calógeras. Depois prossiga a caminhada percorrendo a Praça Ary Coelho, construída no início dos anos 20, e que possui chafariz e um tradicional coreto. Esta praça foi palco de eventos políticos diversos em Campo Grande ao longo das últimas décadas e é o endereço certo para uma caminhada despretensiosa após o horário do almoço, aproveitando para observar de perto as pessoas e os hábitos locais.

A Praça das Araras é outro ponto turístico tradicional de Campo Grande. Estas gigantescas aradas nas cores vermelha e azuis são consideradas como as mais belas do mundo e foram escolhidas para ornamentar o centro da praça por simbolizarem o colorido e exuberância da fauna Matogrossense e da natureza pantaneira. Estão situadas no bairro Amambaí, e são obra do artista plástico Cleir que procurou conscientizar a população para a importância da preservação destas aves, ameaçadas de extinção.

A pouca distância deste local situa-se a Feira Central de Campo Grande, um passeio imperdível, daqueles para fazer sem pressa. Na feira estão diversos quiosques oferecendo artigos trazidos do Paraguai e restaurantes informais, oferecendo dezenas de pratos típicos, como Sobá ou Espetinho de Mandioca (a feira funciona às 4as feiras e fins de semana, à noite).

Vídeo: Praça das Araras

A frase lá no alto desta página - Ya koeku koyuhoyeako uti ra uetmo'u koane a'koyea kurika uti ra uiyénoxapa mèku ákomo hunókoku ra terenó é - está escrita no idioma Terena, e significa: "Enquanto falarmos a nossa língua e não deixarmos os costumes dos nossos ancestrais, o povo Terena nunca se acabará". Ela expressa a preocupação destes povos com a preservação de sua cultura e tradições. E justamente com o objetivo de preservar estas culturas foi erguido em Campo Grande o Memorial da Cultura Indígena, na imagem ao lado, que possui o formato de uma gigantesca Oca construída com bambu tratado e coberto com palha de bacuri. Com área de 340 m2 lá são comercializados diversos produtos artesanais dos Terena, bem como publicações diversas contando a história dos Terena e também de outras etnias indígenas locais, como os Paiaguás, Guaikuru, Guatós, Kaiowás, Bororos, Umotinas, Parecis.

O memorial situa-se a alguns quilômetros do centro, no bairro Coronel Antonino. A localização infelizmente não é bem sinalizada e precisamos pedir ajuda a moradores para chegar lá, mesmo assim a visita é muito interessante. Em torno do Memorial Indígena estão diversas residências humildes, ou nas palavras locais, "Ocas de Alvenaria", que descobrimos depois serem moradias de indígenas. Elas formam o Conjunto Habitacional Marçal de Souza, residência dos Terena que optaram por trocar as reservas no campo pela vida na cidade. Na aldeia existe também uma escola bilíngüe, onde tanto Português como Terena são ensinados.

Vídeo: Memorial Indígena

Um dos prédios mais conhecidos da cidade, situado bem no centro, a Morada dos Baís foi construída entre os anos 1913 a 1918, tornando-se o primeiro sobrado de alvenaria erguido em Campo Grande, e durante vinte anos o imóvel foi residência do italiano Bernardo Franco Baís. Depois foi comprado por Nominando Pimentel, passando a ser conhecida como Pensão Pimentel, função que exerceu até 1979, quando a pensão deu lugar à uma alfaiataria. Em 1995 o imóvel teve seu valor histórico oficialmente reconhecido, foi totalmente reformado e transformado num espaço para exposições, eventos e galeria de arte. Destaca-se no local o espaço Lídia Baís filha de Bernardo, uma das mais renomadas artistas plásticas de Campo Grande.

Vídeo: Centro de Campo Grande

A Lagoa Itatiaia, situada numa área afastada e pouco freqüentada até por alguns moradores locais, revelou-se uma agradável surpresa, além de um recanto acolhedor. Depois de muito rodar pela cidade num dia de calor sufocante foi aqui que descobrimos um bar com sorvetes de frutas que pareciam ter sido enviados pelos céus. Apesar da região ter acesso pouco sinalizado a área é cercada por belas residências e preserva algo de recanto escondido, ainda imune aos barulhos do transito. Depois desta visita resolvemos almoçar e logicamente, em Campo Grande, peixes tem que estar no cardápio. Alguma sugestões: Pacú Assado, Pintado a Urucum e Moqueca de Jacaré, ou quem sabe o tradicional Arroz de Carreteiro, Galinhada ou ainda Sopa Paraguaia, ou ainda, o bom churrasco, tradição trazida pelos colonizadores vindos do sul do país.

Os restaurantes em Campo Grande costumam fechar às 14 horas para reabrir somente no fim da tarde, portanto quem está acostumado a almoçar mais tarde deve ficar atento para não ver suas opções de restaurantes restritas somente aos shoppings. Algumas sugestões saborosas que podemos recomendar sem erro são a churrascaria Vermelho Grill (Av. Afonso Pena 6078), a Costelaria do Gaúcho Gastão (R. Dr. Zerbini 38), o galeto tradicional da Casa Colonial (Av. Afonso Pena 3997), e o simples mas variado restaurante a quilo situado na esquina da R. Bahia e Fernando Correia da Costa. E claro, a Lalai Doces (Rua Bahia 999) continua uma unanimidade entre os apreciadores de delícias muito especiais.

Campo Grande tem grandes colônias japonesas e árabes, e logicamente a culinária local foi muito influenciada por estes imigrantes, assim como também pelos colonos mineiros, paulistas e gaúchos, o que explica a grande diversidade de opções gastronômicas encontradas por aqui. 

 

Tire ao menos uma hora para percorrer as alamedas do Horto Florestal (Parque Florestal Antonio de Albuquerque, mais agradável área verde de Campo Grande. Com 4,5 hectares, este parque oferece pista para Cooper, canchas esportivas, orquidário e espaços destinado à apresentações teatrais. Aproveite para fazer uma foto frente ao Monumento dos imigrantes, situado bem em frente. Construído em 1996, este monumento homenageia os fundadores de Campo Grande, que chegaram à cidade em carros puxados por bois, vindos de Minas Gerais e se estabeleceram exatamente no local onde hoje está o Horto Florestal.

Para compras, Camo Grande tem dois bons shoppings, o tradicional Shopping Campo Grande, situado na Av. Afonso Pena, e o Norte Sul Plaza, mas recente, situado no bairro Jockey Club.

 

No extremo norte da rua 13 de Maio situa-se uma das mais belas obras arquitetônicas da cidade, e que não pode faltar em seu roteiro. A Igreja Matriz foi construída em 1955, graças à dedicação do frei e engenheiro Valfrido, que trabalhando em conjunto com outros religiosos franciscanos ergueu esta jóia pantaneira, cujo conjunto engloba a matriz e seu convento.

Um boa forma de conhecer a cidade é embarcar no City Tour, que percorre os principais pontos turísticos da cidade a bordo de um ônibus de dois andares e ar condicionado. O passeio de duas horas e meia é narrado por um guia, que ao longo de cada um dos cerca de 40 pontos visitados, descreve um pouco da história da cidade. Os tours são diários, sendo que de 3ª a sábado partem da Morada dos Baís e aos domingos partem do Shopping Campo Grande.

Quer agora aliviar o calor e experimentar uma bebida tradicional? Tente o Tereré, bebida típica muito popular, de origem guarani, feita a partir da infusão da erva mate e que, ao contrário do chimarrão, é bebido frio. Tradicionalmente, o recipiente usado servir o tereré é a ponta do chifre bovino, com uma extremidade lacrada e o exterior revestido por verniz, mas há quem prefira beber em copos de vidro ou canecas de louça. Além de possuir boas propriedades medicinais, uma roda de Tererê representa, tradicionalmente, um pacto de amizade entre os participantes.

 

Desde o ano de sua construção, em 1933, o Mercado Municipal de Campo Grande tem servido como um dos mais variados e interessantes entrepostos comerciais da cidade. Sejam moradores locais, das redondezas ou turistas, praticamente todos encontram aqui os deliciosos produtos da terra, sejam doces, hortigranjeiros, queijos, salgados, bebidas, ervas medicinais, e ainda curiosidades e souvenires originais e decorativos, à moda pantaneira, é claro, como pontas de chifre de boi trabalhadas, ideais para o consumo do Tererê.

Falando em decoração à moda pantaneira não custa lembrar que Mato Grosso do Sul tem o maior rebanho de gado de corte do País, com cerca de 23 milhões de cabeças. Graças ao clima propício e às condições geográficas favoráveis sua carne é muito saborosa e pode ser encontrada nos melhores restaurantes do Brasil e mesmo em muitos do exterior.

Vídeo: Mercado de Campo Grande

Ao lado, vista de área residencial da cidade, próxima ao bairro Jardim dos Estados. Se você está de carro em Campo Grande irá perceber que nada por aqui é longe demais, portanto não há problemas em hospedar-se um pouquinho mais afastado (4 km) do centro, no melhor hotel da cidade, o Novotel.  Vale a pena.

As três principias avenidas da cidade, no sentido leste-oeste são a Afonso Pena, Mato Grosso e Joaquim Murtinho, enquanto o principal eixo no sentido norte-sul é a Av Pres. Geisel. Transversais importantes, como a Av Bahia e Ceará também ajudam na ligação entre os lados norte e sul da cidade. Nesta região, não deixe de percorrer a rua Euclides da Cunha, onde estão algumas das lojas mais elegantes de Campo Grande.

 

O monumento mostrado na imagem ao lado é o marco principal do Parque das Nações Indígenas, uma das maiores áreas verdes de Campo Grande. Distribuídos ao longo de seus 19 hectares estão trilhas diversas, quadras esportivas, e um lago formado pelo riacho Prosa. O monumento, que lembra uma Oca indígena incompleta, homenageia a diversidade étnica indígena do estado. O parque costuma ser muito freqüentado principalmente no início da manhã e fins de tarde, quando o calor não é tão forte. Lá estão diversas espécies de árvores nativas, como Jenipapo e Aroeira. Já que carros não são permitidos no parque, lamentamos a ausência de um trenzinho turístico para ajudar visitantes a percorrer todos os seus recantos, tarefa praticamente impossível a pé num dia quente de verão. 

Vídeo: Parque das Nações Indígenas

A pouca distância do Parque das Nações Indígenas situa-se outra importante área verde da cidade, o Parque dos Poderes, onde concentram-se diversos órgãos administrativos da cidade, além de uma grande reserva ambiental, onde aves e animais silvestres pode ser apreciados em seu habitat natural. Não deixe de ainda no Parque dos Poderes, o Palácio Popular da Cultura, um dos maiores e mais bem equipados centros de convenções do interior do Brasil.

E ainda falando de parques, visite também o Parque do Soter, de onde sem tem uma bela vistas de Campo Grande. Situado próximo à nascente do córrego Soter esta grande área verde é dotada de pista de caminhada, ciclovia, pista de skate e quadras de esporte.

 

A Avenida Afonso Pena, na foto ao lado, é o principal eixo estrutural da cidade, e percorrendo-a de ponta a ponta podemos até mesmo visualizar a forma como Campo Grande surgiu e se desenvolveu. Numa extremidade está o aeroporto, mais adiante a rodoviária, logo depois as construções históricas, o centro comercial, chegando-se então à parte mais nova, onde estão as modernas residências e o Shopping Campo Grande. Não deixe de apreciar um dos ícones da cidade, o famoso Relógio da 14 de Julho. Este monumento foi o primeiro relógio público da cidade, erguido na junção das duas principais vias, a 14 de julho e a Afonso Pena. Originalmente construído em 1933, no alto de um monolito com 5 metros de altura e tecnologia germânica, ele foi demolido em 1970 para ser reerguido cem metros mais à frente.

Vídeo: Avenida Afonso Pena

Campo Grande é conhecida como Cidade Morena, em referência à cor de suas terras. Ela é sempre lembrada como porta de entrada para a região do Pantanal, um passeio fantástico para quem dispuser de mais tempo para conhecer o interior do estado (veja também a página Pantanal, cujo link está relacionado nesta página).

Frente ao aeroporto de Campo Grande, dando as boas vindas aos que chegam e adeus aos que partem, estão três Tuiuiús gigantes. Se pudessem falar, as aves símbolo do Pantanal talvez dissessem, na língua Terena, "Undi Xúmono", ou seja, "Sou de Paz". Esta parece ser a mensagem que Mato Grosso do Sul e sua bela capital transmitem aos visitantes, a de uma terra pacífica, mas ao mesmo tempo vigorosa e totalmente fascinante.

Vídeo: Decolagem de Campo Grande

 

 

Tuiuiu em vôo