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Uma é badalada e famosa, a outra calma e discreta, mas na verdade ambas representam as duas faces, ou aspectos, da mesma moeda: A beleza e o valor da arte barroca mineira. Logicamente estamos falando de Ouro Preto e sua vizinha Mariana. Separadas por apenas onze quilômetros, é impensável visitar uma e não conhecer também a outra. Muitos turistas preferem até mesmo se hospedar em Mariana e fazer desta cidade seu ponto de partida para percorrer o Circuito do Ouro das Minas Gerais, pois esta é uma cidade com ruas de paralelepípedos, jeito tranqüilo de interior e menos ladeiras que sua famosa vizinha. Ao lado uma imagem feita na Praça Minas Gerais, entre as igrejas São Francisco de Assis, Nossa senhora do Carmo e o Pelourinho.

   

Mariana foi a primeira capital de Minas, fundada em 1711 e sua estrutura urbana tem como pontos principais três praças, a Cívica, da Intendência e da Matriz. Quem chega à cidade vindo de Ouro Preto ou Belo Horizonte provavelmente vai entrar pela rua do Catete, que conduz direto à Rua Direita, mostrada na imagem ao lado. Durante o período colonial nela moravam as pessoas direitas, o que deu origem ao nome. Evidentemente o conceito de direita não tinha nada a ver com moral ou bons costumes, estando muito mais ligado às posses ou ao prestígio de seus cada um. Na Rua Direita de Mariana destacam-se a Casa do Barão de Pontal, construída com sacadas de pedra sabão, a Casa Setecentista e a Cúria Metropolitana.

Observe o estilo arquitetônico tipicamente lusitano, com janelas em arcos e sacadas com balcões de ferros trabalhados. Por trás destas das portas coloridas da rua Direita, estão hoje em dia restaurantes, lojinhas, e revendedores de pedras preciosas. Se você está viajando por conta própria com certeza ao chegar será abordado por um guia turístico. Acerte com ele o preço e duração do roteiro e deixe ele lhe acompanhar aos principais pontos turísticos e históricos da cidade. É a melhor forma de conhecer tudo.

Um das construções mais importantes da cidade é a Casa da Câmara e Cadeia, na imagem ao lado. Neste mesmo local existiu anteriormente o quartel dos Dragões, a famosa guarda que servia aos governadores da Capitania. Em fins do século 18 seria construído neste mesmo local o imponente prédio destinado a abrigar a Câmara. Erguido em 1872, ao longo do tempo o prédio serviria também como senzala, local de fundição de ouro e sede do governo estadual. Em frente ao prédio da Câmara situam-se as Igrejas de São Francisco de Assis e de Nossa Senhora do Carmo, bem como o Pelourinho, formando o largo conhecido como Praça Minas Gerais, um dos locais mais belos e fotografados de Mariana.

Video: Praça Minas Gerais

Vista lateral da igreja do Rosário, situada também na Praça Minas Gerais. Sua construção foi iniciada em 1784 e ela destaca-se de todas outras igrejas devido principalmente às suas torres cilíndricas. A igreja tem ornamentação requintada onde sobressaem as talhas douradas e as pinturas de Francisco Servas e Manoel Ataíde, características do estilo barroco conhecido como rococó. Nesta igreja estão reunidas as irmandades de Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia e São Benedito.

Outra construção famosa em Mariana é a Casa Setecentista, que faz parte do conjunto de casas com portais em pedra lavrada, erguidas após o arruamento do rua Direita, a qual ligava o Largo da Matriz até o Rosário Velho. A Casa Setecentista abriga cerca de cinqüenta mil documentos históricos de Mariana, produzidos entre 1700 e 1950, cobrindo desde a compra e venda de escravos até eventos recentes. Todo o arquivo vem sendo digitalizado, de forma a preservar esta lado importante da história brasileira. Atualmente o prédio é ocupado pela sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Construção de destaque aqui é também o Palácio do Conde de Assumar, que serviu entre 1717 e 1720 como palácio e moradia do último governador da Capitania de São Paulo e Minas, Dom Pedro de Almeida e Portugal, conhecido como Conde de Assumar.

O pelourinho original que se erguia neste local, entre as igrejas São Francisco de Assis e Nossa senhora do Carmo, foi construído por José Moreira Matos em 1750 e demolido em 1871. O pelourinho que se vê na imagem ao lado, construído exatamente no mesmo ponto, foi construído nos anos 70, à semelhança do original. A réplica possui na parte superior um globo, representando as conquistas portuguesas em todo o mundo durante o período das grandes navegações. Vê-se também dois braços, sendo que o esquerdo sustenta a balança que representa a justiça, enquanto o direito segura a espada, símbolo da condenação.

Bem no centro, em destaque, encontra-se o brasão da Coroa Portuguesa. Os pelourinhos tinham como função expor em lugar público os criminosos, castigar escravos, torturar condenados e outros eventos do gênero, que invariavelmente atraíam multidões. Mas acima de tudo os pelourinhos representavam o poder público, e serviam também para desestimular quem quer que tivesse idéias contrárias às autoridades constituídas.

 

A imagem ao lado foi feita a partir de uma das celas situadas no prédio da Casa de Câmara e Cadeia. A construção foi erguida com alvenarias de pedras e na parte superior da fachada principal, sobre o portal, destaca-se ainda hoje o brasão da coroa portuguesa. No andar inferior situavam-se as três celas da cadeia, destinadas respectivamente aos prisioneiros brancos, aos negros e às mulheres. As celas eram protegidas pro grossas grades de ferro e os pisos e paredes revestidos com pedra sabão.

Através das grades os prisioneiros podiam contemplar a Igreja São Francisco de Assis, e provavelmente rezar pedindo para suas penas serem brandas. Ainda hoje a vista é a mesma. A construção desta igreja foi iniciada em 1763 e concluída 31 anos mais tarde. Sua decoração interna é obra de diversos artistas, como Manoel Ataíde e Francisco Carneiro, sendo que o medalhão existente na porta da entrada, executado em pedra sabão, é obra de Aleijadinho. Em seu interior, a pintura do teto ilustra o episódio bíblico do dilúvio e a arca de Noé.

 

Ao lado a Igreja de São Pedro dos Clérigos, vista do centro de Mariana. Situada no alto de uma colina, sua fachada imponente domina a cidade, mas apesar disso, a decoração de seu interior é bem simples, e teve quase todo seu acervo transferido para o Museu Arquidiocesano. A igreja foi construída a partir da segunda metade do século 19 e suas obras permaneceram paradas por mais de cem anos. Graças ao projeto de linhas poligonais ela destaca-se das demais igrejas da cidade, mas o melhor mesmo para quem vem neste ponto é desfrutar da bela vista da cidade.

Quando descer não esqueça de visitar também a Igreja N Sra. do Carmo, que recebeu a designação Nossa Senhora da Assunção ao ser transformada em igreja matriz, em substituição à primeira capela N Sra. do Carmo e em 1745, com a instituição do Bispado de Mariana, passou à Catedral. Diversos artistas, pintores e escultores contribuíram para seu embelezamento, dentre eles Manuel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho, que além de executar várias obras, instalou o famoso órgão Schnitger, em 1740.

E falando de templos religiosos, não podemos esquecer também da Capela de N Sra. da Boa Morte, localizada no Seminário Menor, onde se graduaram diversos famosos da história mineira. Esta foi uma construção erguida a partir de 1750, por ordem de D. Frei Manoel da Cruz e atualmente pertence ao Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto.

Ao lado, um trecho da Rua Direita e da Catedral Basílica Nossa Senhora da Assunção, antiga Catedral Basílica da Sé. Este é um dos mais antigos templos da cidade, e teve sua construção iniciada em 1709 e concluída em 1750. Com um estilo arquitetônico despojado, foi erguida seguindo o padrão das primeiras construções históricas de Minas, mas sua ornamentação interna a coloca no patamar das mais ricas e importantes igrejas de Minas. As obras foram iniciadas no começo do século 18, quando foi erguida a capela de Nossa Senhora da Conceição. Com o tempo outros acréscimos foram sendo incorporados até a conclusão dos serviços, em 1760. Bem a seu lado situa-se a Casa Setecentista. Manoel Ataíde e Aleijadinho foram alguns dos artistas que contribuíram para o embelezamento desta basílica.

Vela lembrar que Aleijadinho foi o apelido de Antônio Francisco Lisboa, escultor, entalhador, desenhista e arquiteto, considerado o maior nome nas artes do estilo barroco do Brasil, nascido em Ouro Preto, então Vila Rica. Em 1777, quando trabalhava nas obras de arte da Igreja de São Francisco de Assis, contraiu lepra e sífilis, que lhe deformaram os membros, comprometeram os movimentos das mãos e causaram a parda dos dedos. Para continuar trabalhando, Aleijadinho amarrava as ferramentas aos membros. Mesmo seriamente deformado e sentindo fortes dores ele continuou a trabalhar, produzindo obras primas como as esculturas dos personagens das cenas da Paixão de Cristo e o doze profetas em pedra-sabão, expostos em Congonhas do Campo.

 

Mariana tem também seu point, lugar onde se reúnem todos para conversar, caminhar, ver e ser vista, a praça Dr. Gomes Freire. Este é o lugar mais animado da cidade, e o casario imponente de portas e janelas em arco, construídos em sua maioria durante o século 18, agora abrigam restaurantes, bares e lojinhas. A praça antigamente tinha como função receber disputas esportivas, corridas de cavalos, festas religiosas e eventos oficiais da coroa portuguesa. Na praça existe ainda um bebedouro (originalmente destinado aos cavalos), construído no governo do Conde de Assumar, e um coreto para apresentações musicais, obra bem mais recente. A praça homenageia Gomes Freire Andrade, médico, político, professor e jornalista, nascido em Mariana, em 1865.

 

Ao lado os trilhos que conduzem à entrada da antiga mina de Ouro de Passagem, em todo o mundo a maior mina de ouro aberta à visitação pública. Quem se dispuser a abrir mão de um pouco de conforto e não tiver problemas com lugares apertados, vai curtir descer até as profundezas da terra através de túneis estreitos a bordo de um autêntico carrinho de mineiro. Esta é uma experiência fascinante e faz a gente conhecer a sensação que os antigos escravos sentiam ao início de cada exaustiva jornada de trabalho. O trajeto do carrinho percorre 315 m de extensão, atingindo 120 m de profundidade, onde se encontra um lago subterrâneo. Este pequeno trecho aberto à visitação é somente uma parte das galerias da mina, mesmo assim é uma experiência única.

Minas como esta contribuíram para tornar Mariana e diversas outras localidades mineiras importantes centros econômicos na época colonial, e tão grande foi a quantidade de outro encontrada em Minas que o período passou a ser designada como a fase do "Ciclo do Ouro no Brasil". Durante este período, a produção mundial de ouro foi de aproximadamente mil e quatrocentas toneladas anuais, sendo que o estado de Minas contribuiu com setecentas toneladas anuais, ou seja, metade do ouro produzido em todo o mundo.

Para controlar a exploração deste ouro a Coroa portuguesa criou instituições como a Intendência das Minas, que tinha como atribuição fiscalizar, estimular, administrar e taxar as casas mineradoras. A Intendência das Minas, por sua vez, originou as casas de fundição, criadas para controlar e fiscalizar o ouro extraído, o qual era fundido e ganhava um selo da coroa portuguesa. Pelo que estabelecia a "Lei do Quintos", uma quinta parte (1/5 ou 20%) do ouro encontrado no Brasil pertencia ao rei de Portugal. Termos usuais na época eram a 'Capitação', imposto cobrado em ouro por cada escravo que trabalhava na mina, e correspondia a treze gramas de ouro por escravo por ano. Outro nome muito ouvido e odiado era a 'Derrama', como era chamado o ato oficial determinando que o ouro arrecadado mensalmente deveria atingir uma quota mínima de 100 arrobas (cerca de 1500 quilos) anuais. Caso esta cota não fosse atingida os mineradores teriam seus bens confiscados, até que fosse atingido o valor correspondente à cota de ouro devida.

Estes impostos cada vez mais altos, e metas cada vez mais difíceis de cumprir começaram a criar em muitos brasileiros o desejo de se ver livres do controle português e de sua opressão. Nascia o sonho da liberdade, que em Minas teve seu momento principal quando Tiradentes e amigos criaram o movimento que ganhou o nome de 'Inconfidência Mineira'. O movimento dos Inconfidentes seria deflagrado no Dia da Derrama, esperando contar com o apoio da população, mas Tiradentes e seus amigos foram traídos antes da data planejada e o movimento foi abortado. 

 

Para concluir sua visita à Mariana, não esqueça de fazer também o passeio na Maria Fumaça que vai até Ouro Preto. Ao longo dos dezoito quilômetros deste trajeto, a viagem de cerca de uma hora, realizada aos fins de semana e feriados, é super agradável, passando no caminho pelas estações de Vitorino Dias e Passagem e desfrutando de uma bela paisagem repleta de curvas e montes. Mas principalmente não deixe de aproveitar ao máximo sua visita à esta cidade monumento, repleta de igrejas, museus e uma belíssima arquitetura urbana colonial, com certeza um das cidades mais especiais de Minas Gerais.

 

 

 


Bandeira de Mariana