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O Pantanal mato-grossense é a maior região alagada contínua de nosso planeta, formada principalmente pelo rio Paraguai e seus afluentes e contando com área de 250 mil quilômetros quadrados. Sua maior parte situa-se no estado do Mato Grosso do Sul, e o restante no Mato Grosso, Bolívia e Paraguai. É uma região com tantas belezas,  matizes, cores e, revelações, tanta vida, natureza, fauna e flora, que torna-se difícil avaliar todas suas maravilhas somente através de fotos ou vídeos. É uma região que merece ser conhecida e visitada por todos, sejam do Brasil ou do exterior.

   

O roteiro que fizemos, de somente cinco dias, foi pouco, claro,  para ver tanta numa área tão extensa. Mesmo assim, acordando cedo e com um programa bem estruturado, foi possível ter uma boa amostra do que é o universo Pantaneiro, um eco-sistema habitado por quase 700 espécies de aves, mais de 100 tipos de mamíferos, quase 300 variedades de peixes e 100 variedades de répteis.

 

O Pantanal tem duas faces distintas, conforme a época do ano. Durante o período que vai de novembro a março, ocorre a época das chuvas, quando a região fica totalmente alagada. É a época ideal para percorrer o verdadeiro mar verde que se forma na região, onde muitas vezes não é possível distinguir onde termina a terra firme e começa a água. E o melhor meio de transporte para esta ocasião é o barco, para aventurar-se no fascinante mundo surrealista formado pela união e desafio entre os elementos água e terra.

Já durante o restante do ano ocorre o período conhecido como Vazante, quando as águas começam a baixar e o terreno volta a secar. Neste período, graças aos componentes acumulados no terreno, tais como vegetais, sementes e húmus, o solo adquire uma grande fertilidade, fornecendo excelentes pastagens para o gado.

Anualmente este ciclo repete-se, proporcionando a renovação permanente da fauna e flora pantaneira. A diferença de nível das águas do Pantanal entre as estações de seca e de cheias é em média de quatro metros sendo que nos anos de grandes cheias, as águas ultrapassam o nível de seis metros de desnível. 

 

Como é uma região muito grande, ir por conta própria não é recomendado para novatos. Assim, se você não conhece o lugar nem tem alguém para lhe conduzir, uma opção certeira é optar pelos refúgios ecológicos. Um dos mais conhecidos é o Refúgio Caiman, localizado em Miranda, a 240 km de Campo Grande. Com uma área de 53 mil hectares, lá são organizadas diversas atividades de ecoturismo, como caminhadas por trilhas, passeios de barco ou veículos de rodas, tours para observação de animais, safáris pantaneiros, cavalgadas, tours com bicicletas e até procura noturna de jacarés. Ao lado, imagem feita ao atravessar uma das várias pontes encontradas na região.

Entre os meses de junho a outubro ocorre o período de seca no Pantanal, quando as águas baixam e a paisagem muda radicalmente, a ponto de até nos fazer duvidar se ainda estamos no mesmo lugar. Surgem bancos de areia, pontes e passagens antes escondidas pelas águas. Também a natureza acompanha esta mudança, fazendo surgir uma explosão de cores entre as Piúvas e Paratudos, árvores típicas da região.

 

Os ciclos de cheia e vazante, somados à intensa evaporação fazem do Pantanal uma das maiores janelas de evaporação de água doce do mundo. Para os turistas que desejarem, existem diversos passeios de canoas ou barcos maiores, para penetrar mais a fundo nas regiões alagadas durante o período das cheias. As voadeiras ou chalanas, como são chamadas, são embarcações muito comuns nesta região, e a medida que avançam, assustam as aves, provocando sua revoada e contribuindo para conseguir ótimas fotos. Ser conduzido por canoeiros experimentados é essencial, pois é muito fácil para quem não conhece a região perder-se neste verdadeiro labirinto de ilhas e águas.

 

Cada parte do Pantanal reserva uma surpresa diferente. A região de Bonito é uma das mais procuradas por turistas pois lá estão lagos de águas tão cristalinas que torna-se quase impossível resistir a um mergulho. Na hora das refeições peixes são, logicamente, uma opção muito presente nos cardápios, desde pintados e dourados à pacus e surubins. Não deixe de experimentar também a carne de jacaré, macia e saudável. Aliás, observar jacarés em seu habitat natural também é um programa muito comum por aqui, e eles podem ser encontrados às dezenas.

 

Ao lado, detalhe de uma bairro de Corumbá, com casas históricas restauradas. Mas além desse lado rústico, Corumbá é também uma das mais importantes cidades da região. Conhecida como "Cidade Branca", devido à cor clara de suas terras, ela ostenta orgulhosa o título de Capital do Pantanal. Entre seus belos casarões e sobrados com arquitetura de influencia européia, estão também modernos hotéis, pousadas, restaurantes, bares e uma completa infra-estrutura para atender ao turismo cada vez maior na região Pantaneira.

 

Ao lado, um momento divertido de nossa jornada, quando fomos cercados por uma boiada em plena estrada, e que tomou nossa dianteira sem a menor cerimônia. A criação de gado é uma das atividades econômicas mais importantes da região, e uma das funções mais freqüentes dos peões, é conduzir o gado de um ponto para outro, conforme a mudança das estações muda também as áreas secas de lugar. Um programa imperdível é conhecer esta gente simples e simpática do interior, tomar um mate tereré (semelhante ao chimarrão, mas servido frio), ouvir seus causos, aventuras, conhecer suas danças, como a Catira, e curtir sua boa música, sempre acompanhada por violas inspiradas e histórias divertidas.

 

A cidade de Bonito, como o nome sugere, é um dos centros turísticos mais procurados da região que forma o Pantanal. Ao passar por lá não deixe de visitar a Gruta do Lago Azul. Descoberta em 1924, ela possui no interior um lago com águas de um azul cristalino, que deram nome à gruta. Este lago constitui uma das maiores cavernas inundadas conhecidas, em todo o mundo. Apesar de já ter sido pesquisado por cientistas, sua extensão exata permanece até hoje desconhecida. Nos anos 90, um grupo de cientistas encontrou em seu interior fósseis de animais pré-históricos, com idade estimada em 10 mil anos.

 

Um oásis de arte em pleno Pantanal. O mural da foto é mais uma das criações de Dona Izulina, artista natural da região, com um acervo de obras belíssimas. Residente em Corumbá, ela começou a se dedicar à arte depois que perdeu seu marido e neto em uma das enchentes do Pantanal. Mas no lugar de ficar revoltada, resolveu expressar sua dor e encontrar consolo através da arte, seja pintando, fazendo esculturas ou grandes painéis religiosos, como o da foto ao lado, situado em sua residência. Atualmente, a arte de Dona Izulina é reconhecida até mesmo no exterior, e se tiver chance, não deixe de visitá-la, pois ela tem sempre prazer em fazer novos amigos.

 

Um momento de descanso à beira da estrada, no caminho entre Campo Grande e Corumbá. A sensação de liberdade e grandes espaços abertos é uma constante por onde quer que se ande. Segundo estudiosos de Ufologia, este é um lugar onde são freqüentes as aparições de objetos voadores não identificados. As aves do Pantanal são um de seus maiores atrativos, entre elas o Tuiuiú, Cabeça-Seca e o Colhereiro. Estima-se que existam no Pantanal 10 milhões de jacarés e 600 mil capivaras.

Durante a década de 70 foi iniciada a construção de uma grande rodovia que deveria cortar o Pantanal de norte a sul, ligando Corumbá a Cuiabá. Esta rodovia, que ganhou o nome de Transpantaneira, foi projetada como uma imensa linha reta, sem levar em consideração as característica ambientais da região, nem o regime de águas e chuvas do Pantanal. O projeto acabou abandonado e hoje a Transpantaneira permanece somente como uma estrada de terra de 150 quilômetros de extensão e 120 pontes, ligando Poconé à Porto Jofre, divisa entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

 

Foto do antigo forte nas proximidades de Corumbá que agora abriga um dos batalhões de fronteira do exército. Apesar de ser uma instalação militar, são freqüentes as visitas de turistas e até grupos escolares, que vem conhecer mais esta fronteira do Brasil. O lugar costuma ter um atrativo adicional para os turistas: Como fica muito próximo à fronteira com a Bolívia, é o endereço certo para encontrar belíssimas peças do artesanato indígena daquele país e verdadeiras barganhas, desde grossos ponchos (mistura de casaco com cobertor, usado em dias muito frios) a casacos de couro de ótima qualidade, assim como diversos produtos da zona franca de Puerto Aguirre, na Bolívia.

A alta temporada do Pantanal ocorre na época das secas, ou Vazante, quando baías e lagoas mantém peixes, caranguejos e caramujos que atraem aves, répteis e mamíferos. Ao longo da estrada Pantaneira vários hotéis oferecem a oportunidade de apreciar a flora e fauna pantaneiras e sua incrível diversidade de espécies de mamíferos, répteis, anfíbios e peixes.

As principais atividades econômicas do Pantanal estão ligadas à criação de gado bovino, que é facilitada pelos pastos naturais e pela água levemente salgada da região, ideal para esses animais. O Mato Grosso do Sul é o estado com o maior rebanho bovino do Brasil e sua carne é saborosa como nenhuma outra. Peões, fazendeiros e coureiros são os senhores desta terra, e tropas e cavalos são uma visão freqüente por aqui.

Cada vez mais turistas vem descobrindo o Pantanal como alternativa de lazer ecológico sendo que a região pantaneira tem opções de hospedagem para todos os gostos e bolsos, desde resorts de luxo até simples bangalôs, incluindo ainda simpáticos e acolhedores hotéis familiares.

As trilhas turísticas percorridas a pé geralmente incluem trechos de um a três quilômetros de caminhada, onde se cruzam por diversos trechos de matas, habitat natural de macacos, cotias e muitos pássaros. Os passeio de barco permitem encontrar aves ribeirinhas, jacarés e capivaras. Ao entardecer, bacuraus e morcegos sobrevoam o rio. É aconselhável levar roupa leves, um chapéu, bastante água e repelente contra insetos.

As Cascatas de Sete Quedas, no Rio Verde, são um exemplo que, embora não haja desníveis no Pantanal, a natureza sabe como aprontar surpresas para quem decide ir além dos roteiros básicos. Em Rio Bonito, um programa cada vez mais procurado é o Rafting, que consiste num desafio à estas águas não tão calmas. O emocionante percurso tem cerca de 7 km de extensão, é vencido em botes de borracha com capacidade para 10 pessoas, e passa por diversas cachoeiras, até chegar à Ilha do Padre.

Ao lado, mais uma vista aérea da região, mostrando a sucessão aparentemente infinita de áreas verdes e alagadas, onde habitam uma infinidade de animais, desde antas, macacos, tamanduás e ariranhas até serpentes, onças e jacarés.

A diferença de nível das águas entre as estações de seca e de cheias no Pantanal é em média de quatro metros, mas, em anos de grandes cheias as águas podem ultrapassar os seis metros de desnível.

 

Se existem dois momentos mágicos em um típico dia no Pantanal, eles são o raiar e o pôr do sol. Numa região quase completamente desprovida de montanhas, o sol pode ser acompanhado de ponta a ponta em sua trajetória, até o momento em que se esconde por trás da linha do horizonte. É o instante da revoada dos pássaros, em que o compenetrado Tuiuiú, ave símbolo do Pantanal, pode ser encontrado com facilidade, em toda sua majestade pantaneira. Passeios típicos no Pantanal incluem barcos, cavalgadas e caminhadas. Há também a fácil e divertida pesca de piranha e procura noturna de animais, principalmente crocodilos e jacarés.

 

Existem várias formas de conhecer o Pantanal e todas suas belezas e a forma como ele será visitado depende, portanto, da época de sua visita. Barcos, veículos com tração nas quadro rodas, e cavalos são todos boas opções, dependendo do roteiro escolhido. Nossa aventura foi acompanhada por nossa netinha e seus colegas, um grupo de estudantes extasiados com tudo que viam pela frente. Pode-se dizer que são crianças de sorte, pois tiveram a oportunidade de conhecer o Pantanal muito cedo. Infelizmente muitos brasileiros ainda tiveram a oportunidade de conhecer este incrível universo de águas e matas, santuário de tantas aves, mamíferos e peixes. E muitos outros, incrivelmente, ainda nem desconfiam de toda beleza que existe escondida nesta região.